segunda-feira, 18 de abril de 2011

Rompendo as Correntes.


* Gaudêncio Amorim (foto).




“A liberdade é algo que não se decreta porque ninguém liberta ninguém e ninguém se liberta sozinho” dizia Torres Nóvoas (1979) se referindo a educação libertadora de Paulo Freire.

As pessoas se libertam na conquista de sua prática de liberdade, seja resultando de um exercício consuetudinário, de uma atitude emancipadora de si mesmo em relação aos outros, de um exercício legal da razão e dos atos, seja enfim, resultado do conhecimento manifestado na ação, ou seja, daquele que pratica porque sabe dos seus direitos e, uma vez negado, sabe também como restabelecê-los.

Houve um tempo em que a liberdade era decretada, dependendo assim da vontade de outrem. Em nome de uma vontade pessoal, tilintar de açoites faziam minar rios de sangue em homens com direitos ignorados à margem da cidadania; correntes frias e cálidas cingiam um pacto polarizado de uma raça superior contra uma outra inferior ou, dos cidadãos e dos não cidadãos, dos que tinham direitos e dos que tinham apenas deveres.

O sonho de liberdade de muitos que ousaram conquistá-la se coroaram na sua própria sentença de morte, porém, era preciso ousar, porque jamais os cidadãos daquelas épocas concediam uma liberdade por decreto. Por outro lado, os homens eram escravos de si mesmos na correlação das forças através do medo de liberdade. Todos desejavam, mas a sua busca estava envolta num terreno minado e entre a liberdade e a vida, esta última impunha o temor. Todavia, a razão humana dos “quase subumanos” tomou proporções mais racionais à medida em que compreenderam a máxima do Torres Nóvoas: de que ninguém se liberta sozinho. E, é assim que as revoltas localizadas forjaram a liberdade, como conseqüência não de uma outorga do setor dominante ou de um decreto governamental, mas de uma conquista coletiva.

É isso. Hoje o medo ainda atemoriza algumas atitudes, mas não é mais o medo da liberdade. As correntes já foram rompidas há alguns séculos. O medo de liberdade é resultado da insegurança do se sabe sobre a própria liberdade, ou seja, da falta de conhecimento que ainda aliena os homens e os torna míopes no que se refere aos seus direitos humanos e constitucionais.

· Gaudêncio Amorim – Presidente da União Poxorense de Escritores; pedagogo, Cientista político (UNIVAG), Pósgraduando em Gestão e financiamento da educação (UFMT) e diretor da Escola Estadual Pe. César Albisetti em Poxoréo- MT.

Nenhum comentário:

Postar um comentário