sábado, 31 de dezembro de 2016

A fragilidade da vida

A FRAGILIDADE DA VIDA

Gaudêncio Amorim

Certa vez li nas redes sociais que “aquele que deseja conhecer o sentido da vida deve passar por um hospital, porque lá se conheceria o valor da saúde; por uma prisão, porque lá se conheceria o valor da liberdade e pelo cemitério, porque ali compreenderíamos que a vida é nada, vez que um dia o teremos como morada e a terra como nosso teto”.

O pensamento pode até não conter em si a profundidade filosófica para compreendermos a sentido da vida, mas, no mínimo, contém evidências dessa compreensão e, embora muitos de nós, afeitos a aceitar tal “verdade”, quase sempre a ignoramos, ao nos expormos às vaidades e a prazeres estéreis; a cometermos ilícitos e a rir do fim, como se ele sempre estivesse distante de nós, algo parecido com constatado por Jim Brow no seu “sonhei que tive uma entrevista com Deus”: de que os homens vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido.

A reflexão neste epíteto nos sugere partir de Kant (1724-1804) no sentido de separar “a coisa para si” e “a coisa em si”, ou seja, neste caso, a razão é dubitativa da verdade, no entanto, a experiência, suprime de nós o tapa olho que nos cega para aceitar tal raciocínio, de modo que nossa percepção é pálida, quando ouvimos a experiência de alguém, mas é nossa própria experiência que torna a verdade, “verdade absoluta”.

Assim sendo, podemos partir da premissa de que, quem desejar aceitar a verdade exarada no caput - precisa viver a experiência de adoecer e passar pelo hospital; de infringir as normas sociais e ter lhe ceifado a liberdade e compreender o sentido simbólico dos cemitérios como retorno ao pó, do qual um dia poderíamos ter saído, levando crer que esta vida seja apenas uma passagem, apesar de que muitos espíritos incautos cometerem erros em série, sem se darem conta da profundidade do vício que encarna os corpos sedentos de vaidades e presos, unicamente, ao egoísmo que os move na direção do caos, imbuídos da crença de que o fim viria para os semelhantes, a doença, também e, as prisões, os ambientes que estivessem acostumados a se relacionarem. Talvez, por isso, Érico Veríssimo (1905-1975) escrevera – “ é a vaidade Fábio!” ou Platão (428 a.C – 348 a.C ) na Grécia antiga, que dedicara parte da sua obra às advertências das paixões mundanas.

Todo heroísmo humano dos que se julgam Deus em miniatura se prostra na impotência da saúde, nos limites da prisão e na iminência do fim e, não restará nada que o desejo de antes transforme esta realidade. Corpos limitados e mutilados pela dor; almas ciosas da vingança ou do hábito que se repetira na espontânea e ditosa liberdade ou reduzidos à morada eterna do pó, por mais que sobre a crença da alma “a viver eternamente”. Mas, se a razão ou mesmo a experiência nos permitirem alcançar este nível de compreensão da vida, será então necessário recorrer aos gregos que preconizaram o equilíbrio (ou a ética, para alguns) como a balança “do bem viver”, de modo que tal conhecimento nos beneficie viver mais e melhor. Nesta direção, os prazeres comedidos e as atitudes moderadas não seriam indicativos da existência prematura ou de uma vida morta em vida, no sentido mais próximo do vegetal que se mantêm ereto pelas leis da física e da biologia, sem se estreitar com o sentido de vida em abundância, materializado nas ciências humanas. 

Abençoados aqueles que alcançaram esta plenitude e se permitiram vicejar nas cavernas inexploradas do tempo, o tempo que lhe tinha a seu favor, porque a vida é um trem-bala que tomamos numa determinada estação, mas não sabemos qual a próxima parada ela nos deixará e o legado que deixaremos será o uso que fizermos dessa viagem, sendo irrelevante a estação que entramos ou a parada em que fomos deixados, mas as pegadas que deixamos pelo caminho! Pegadas saudáveis; vida em liberdade, manejando o livre arbítrio, como seres criadores.

Sementes de solidariedade

Sementes de solidariedade

Izaias Resplandes de Sousa

Muitos dirão que estamos tendo ou que tivemos um ano difícil. Outros dirão o contrário. Todos podem estar certos, ou não! Já aprendemos em Física que isso ou aquilo depende do ponto de referência. Interessante propaganda do Banco Itaú, em 2016, traz a seguinte mensagem: “o segredo do tempo não está nas horas que passam; está nos momentos que ficam, porque são eles que vão contar a sua história”. Com certeza, todos já tivemos muitos problemas e muitas preocupações, mas não devemos vamos fazer culto aos problemas que já tivemos, porque o que importa mesmo são as soluções que ficaram, às quais jamais devemos esquecer.
Comecei 2016 enfrentando e vencendo o desafio de realizar uma segunda cirurgia neurológica em Ricardo, e estou terminando o ano cantando um hino de vitória, pela campanha bem sucedida, em prol da realização de uma cirurgia renal em Kárita. Muitos de meus amigos e familiares compartilharam comigo as angústias, mas, principalmente, as alegrias decorrentes desses dois momentos que tiveram grande destaque para nós. Mas haveremos de esquecer logo esses problemas, se Deus quiser. A vida continua. E há tanta coisa boa que deverá acontecer em nossas vidas, que não vale a pena ficar remoendo as dores que esperamos não sofrer de novo. Agora, a forma como esses problemas foram resolvidos, isso, sim! Vale a pena lembrar de novo e sempre. De novo e sempre! E sempre!
Quem é Ricardo e quem é Kárita, isso, com certeza é o que menos importa no contexto dessa mensagem, para a qual eles são apenas dois nomes que protagonizam a nossa história, que não é singular, haja vista as tantas e tantas que outros poderão contar e que guardam muitas semelhanças. É de destacar que, nas duas situações que registramos o que vai ficar em nossa memória é a história de amor, de bondade, de misericórdia e de solidariedade que tantos tiveram ao estenderem suas mãos para eles, sem mesmo saber quem eram esses dois meninos. Uns fizeram porque eram seus afins. Outros, porque eram amigos desses afins. E outros porque souberam da necessidade e quiseram ajudar. Jesus disse em seu sermão do monte, o seguinte: Quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; Mateus 6:3.
O mais importante em um ato de amor não é o nome da pessoa, mas a ação que está sendo realizada. Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo. Lucas 6:38.
Quem conhece o amanhã? Quem sabe como será o seu futuro? O nosso tempo de vida deve ser o tempo da construção de alianças, de apoios, de parcerias. Hoje é alguém, mas amanhã você poderá ser esse alguém. O sábio escritor do Eclesiastes diz assim: Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás. Reparte com sete, e ainda até com oito, porque não sabes que mal haverá sobre a terra. Eclesiastes 11:1, 2.
Quando a gente faz pelo outro, na verdade é como se estivéssemos plantando sementes de solidariedade que, mais cedo ou mais tarde vão germinar e produzir frutos para nós saciarmos as nossas necessidades. Certa vez fizeram uma pergunta muito interessante a Jesus, mas ainda mais interessante foi a resposta que Ele deu. Essa é a história:
Eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês? E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás. Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo? E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele; E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar. Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira. Lucas 10:25-37.
Todos nós entendemos que os outros precisam ser sensibilizados com relação aos nossos problemas, mas nem sempre nós nos preocupamos com os problemas dos outros. E quando não somos socorridos, nós falamos muito sobre a falta de amor que há no mundo, mas não achamos demais quando fechamos a mão aos pedidos de outros e quando dizemos à meia-boca ou de boca cheia mesmo que não temos condições de ajudar, que já estamos sobrecarregados de problemas e que nós mesmos é que estamos precisando de socorro. Normalmente, nessas circunstâncias é costume ouvirmos do outro dizer que vai orar por nós ou por quem nós estamos pedindo ajuda. Isso nem sempre resolve, porque Deus não faz aquilo que nós podemos fazer, mas, certamente, durante nossas orações, Ele poderá mover os nossos corações endurecidos para que possamos ter compaixão de quem está nos pedindo ajuda. Tiago escreve algo com relação a isso, da seguinte forma:
Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade. Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo. Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Tiago 2:12-17.
Às vezes nós pensamos que para ajudar alguém é preciso ter muito e a ajuda tem que ser de grande monta. Na verdade, temos que entender isso um pouco melhor. O primeiro quesito para ajudar é o querer. Assim diz Paulo: Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. 2 Coríntios 9:7.
Vejamos essa história:
Certa vez, no Templo, “estando Jesus assentado defronte da arca do tesouro, observava a maneira como a multidão lançava o dinheiro na arca do tesouro; e muitos ricos deitavam muito. Vindo, porém, uma pobre viúva, deitou duas pequenas moedas, que valiam meio centavo. E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deitou mais do que todos os que deitaram na arca do tesouro; Porque todos ali deitaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua pobreza, deitou tudo o que tinha, todo o seu sustento”. Marcos 12:41-44.
Que atitude maravilhosa a dessa pobre viúva! Quantas vezes nós dizemos não, não tenho, não temos, não posso àquele que nos pede ajuda. Outras tantas nós lembramos ao pedinte que já estamos ajudando outras pessoas... Meus queridos! Eu quero dizer que a desculpa é o que menos interessa nessa mensagem, porque eu acredito que se quisermos, sempre poderemos ajudar. Doar muito ou pouco é outra história. O importante é não sermos totalmente insensíveis. Tem muita gente que acha que a melhor maneira dele ajudar é pedindo a outras pessoas para ajudarem. Não deixa de ser uma ajuda importante, mas quem pede aos outros para fazerem alguma coisa, deve começar dando o exemplo e fazendo o mesmo. Duas moedas ou dois mil? Isso fará pouca diferença! Toda ajuda sempre será válida. Mas o que fará diferença será a atitude de cada um. Deus ama ao que dá com alegria e todos os que recebem, alegremente agradecem.
Essa é a mensagem que Deus colocou em meu coração no dia de hoje. Meu desejo ao fazê-la é que cada palavra dita e cada letra escrita sejam como sementes plantadas em seu coração e em sua mente. E que essas sementes venham germinar em atitudes de solidariedade de todos nós para com todos os demais.
Que Deus nos abençoe e nos dê um campo fértil e produtivo ao longo de nossos dias de vida. Amém!



domingo, 18 de dezembro de 2016

Cedo demais

Prof. Izaias Resplandes
Comecei a estudar bem cedo. Era um menino pobre que acreditava poder ficar rico estudando. Meu pai dizia que o estudo era uma riqueza que ninguém poderia me tirar.
Mas, enquanto eu ia estudando o tempo foi passando sem que eu conseguisse ficar rico, financeiramente. Apesar de cada dia mais rico em conhecimento, eu não conseguia transformar meu conhecimento em dinheiro e a minha vida continuava a mesma.
Eu pensara que iria sofrer estudando bastante, mas aí eu iria ficar rico e viveria o resto da vida numa boa, só descansando, de papo paro o ar, sem fazer nada. Mas não foi bem assim.
Após cansar de tanto estudar (para os padrões da época, porque na verdade eu nem terminara o segundo grau)  sem conseguir enricar-me, parei de estudar e fui apenas trabalhar. Tinha ideia de trabalhar até enricar. E comecei a trabalhar, trabalhar, mas enricar que é bom nada. E assim eu pensei que se fosse continuar naquele ritmo, eu iria trabalhar até morrer e não enriqueceria.  Eu vi que tinha de acelerar o processo.
E então decidir trabalhar dobrado. Em vez de um emprego, dois. Teve época que tive até mais de dois empregos. Mas isso só me fez cansar mais depressa, porque a riqueza que eu tanto esperava, não veio.
Então, trabalhei, trabalhei, cansei, cansei e não fiquei rico. Daí comecei a pensar na aposentadoria. Sim, ela poderia ser a minha salvação. Normalmente, o benefício da aposentadoria não é lá grande coisa, mas pensei que se eu conseguisse duas aposentadorias, talvez desse para desfrutar um pouco da vida antes de morrer, sem ter que trabalhar até morrer todo dia, em duas ou três jornadas de trabalho. E fiz assim. Quantas vezes eu virei a madrugada trabalhando! Mas não adiantou nada. Com o pouco estudo que tinha (meu ensino médio virou nada), meu salário era baixo e não estava adiantando nada trabalhar dobrado ou triplicado. O que eu ganhava, eu gastava.
Então resolvi voltar a estudar. Trabalhar e estudar para me formar e aí, ganhar bastante dinheiro, ficar rico ou então me aposentar com um benefício bem gordo e assim desfrutar a vida. No entanto, embora tenha estudado mais, fazendo três graduações em nível superior e duas pós-graduações, consegui melhorar bem pouco a minha renda, continuando na mesma pindaíba de sempre, pois sempre gastava tudo no mesmo mês que ganhava. Não sobrava nada para fazer uma pequena economia.
Parecia-me que a única esperança seria a aposentadoria mais cedo, para poder viver um pouco da minha vida com os rendimentos dela. Normalmente as pessoas trabalhavam até os 35 anos para ter direito a uma aposentadoria integral. No meu caso, como trabalhava dobrado seria como se tivesse trabalhado 70 anos. Aí você pensa na minha “marvada de vida”. Mas, beleza! Ninguém tem nada com isso. Essa foi a vida que eu escolhera. Então o problema é mesmo somente meu, a não ser que haja alguém em situação parecia com a minha, o que é em provável.
E foi assim que cheguei até aqui. Cheio de sonhos e de esperanças na tal aposentadoria dobrada. Mas, depois de tanto sonhar com isso, parece que meu sonho está virando um pesadelo. Nesses dias em que a peste da corrupção se espalhou por todo o Brasil, começo a escutar que para se ter uma aposentadoria integral, a pessoa terá que trabalhar durante 49 anos. Para ter duas,mais 49 anos. Ainda que possam ser tempos simultâneos, havendo compatibilidade de horários e sendo os cargos acumuláveis, como é no meu, seria como se eu trabalhasse 98 anos. Contando que eu comecei a trabalhar quando tinha vinte anos mais ou menos, somando os dois períodos, a minha idade real na aposentadoria seria de 20 mais 49, 69 anos. Mas pela forma acumulada de trabalho seria o equivalente a 118 anos. E então poderia me aposentar com vencimento integral e viver feliz por toda a eternidade. Sim, porque a uma altura dessas, já deverei estar com Deus faz horas.
Desse modo, acho que meu último sonho está indo por água abaixo. Acho que sonhei muito e ainda por cima, sonhei cedo demais!
A conclusão que faço é que essa mudança nas regras da aposentadoria vai ser como um balde de água fria lançado nas esperanças dos trabalhadores. Ninguém vai ter estímulo para trabalhar, porque quando se aposentar já vai estar cansado demais para querer continuar vivendo.
A vida nestas condições, precisa ser vivida diariamente. De forma que, quanto menos se desgastar com o trabalho, mais qualidade de vida. Mas é bem provável que o trabalhador tenha que continuar encontrando formas de se motivar para trabalhar, porque junto com esse quase impossibilidade de aposentadoria vivível, deverá vir uma onda de desemprego. E nesse passo, deverá ter um monte de desempregados doidinhos para pegar a miséria do nosso emprego.
De tudo por tudo, como sonhei esperanças cedo demais, talvez também esteja prognosticando cedo demais essa era de desesperança que se inicia com a presidência de Michel Temer no governo de nosso país.
Se for cedo ou tarde demais para essa avaliação, o fato é que a crise brasileira contida pelo Plano Real e mantida sob controle até esses dias,  pode estar de volta e muito mal acompanhada.
Somente Deus para ter misericórdia de nós, porque os dias que virão serão maus, muito maus. E dificilmente haverá sonhos capazes de amenizá-los.


* Izaias Resplandes de Sousa é escritor, advogado e professor em Poxoréu, MT. Membro da União Poxorense de Escritores e do Instituto Histórico e Geográfico de Poxoréu.

domingo, 11 de dezembro de 2016

VOLTEI, APÓS O DESERTO!


Escrever também comporta um tempo de intermitência... um tempo de deserto como, brilhantemente, chamou Adélia Prado. Escrever comporta todas as alegrias e dores. Comporta o não comportado e o não querido, mas comporta aquilo que se doutrina e aquilo que se quer. Escrever são todas essas coisas, acrescida, é claro, do sangue de quem escreve. Sim, escrever também é sangrar, já disse alguém.
Escrever pode ser a mais pura expressão de uma solidão que se quer dizer a todo custo, porque, convenhamos, escrever é um dos atos mais solitários dos quais se tem notícia. Ou não?

Enfim, escrever e poetizar são alimento, mas também é fome! Depois de mais de um ano essa fome voltou, esse deserto literário passou e aqui estou! “Foram me chamar, eu estou aqui, o que que há?”

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Poxoréu, 78 anos!

Poxoréu, 78 anos!

*** Prof. Izaias Resplandes de Sousa

Em nome do Instituto Histórico e Geográfico de Poxoréu – IHGP, cumprimentamos as autoridades e o povo que vive neste Município, pelos 78 anos de emancipação política e administrativa de Poxoréu, MT.
Ranieri, Izaias, Nelice, Sandra Nery e João de Sousa

A proposta de fundação do IHGP deu-se no dia 31 de março de 2015, em reunião presidida pelo Jornalista Weller Marcos, então Vice-Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, o qual expôs aos presentes, os objetivos e propósitos da fundação da nova entidade cultural de Poxoréu. Todos os presentes aplaudiram a proposta com entusiasmo. E assim foi fundado o IHGP. Trata-se de uma entidade civil, apolítica, de caráter cultural, turístico, ambiental, científico, literário e educacional, sem fins econômicos e de duração ilimitada.
Ainda naquela data memorável de 31/03/2015 foi eleita uma Diretoria Provisória para cuidar da parte burocrática relacionada à efetiva instalação do Instituto, assim composta:
Luiz Carlos Ferreira
Diretoria
José Pedro da Silva Junior,  (Presidente)
Luciene Ferreira Afonso, (1º Vice Presidente)
João de Souza, (2º Vice Presidente)
Gaudêncio Filho Rosa de Amorim (1º Secretário)
Reinaldo Ribeiro (2º Secretário),
Raniere Farias Pintos. (1º Tesoureiro).
Jailton Costa Xavier, (2º Tesoureiro)

Conselho Fiscal e Consultivo
Luis Carlos Ferreira
Luis Sergio de Souza
Raimunda da Silva Cardoso

A Diretoria Provisória deveria ter cumprido suas funções e convocado eleições em 90 dias, mas não conseguiu concluir os trabalhos, sendo então eleita uma segunda Diretoria Provisória para concluí-los, assim composta
Gaudêncio Filho Rosa de Amorim
Presidente: Gaudêncio Filho Rosa de Amorim
Vice Presidente: Alan Pereira da Silva
Diretor Executivo: João de Souza
Diretor de Finanças: Maria Luiza Pio dos Reis
Orador: Izaias Resplandes de Sousa. 
Após a organização burocrática, a primeira Diretoria estatutária do IHGP foi eleita no dia 29/05/2016, ficando assim composta:
Diretoria:
Presidente: Gaudêncio Filho Rosa de Amorim
Vice Presidente: Allan Pereira da Silva
Diretor Executivo: João de Souza
Diretor de Finanças: Maria Luiza Pio dos Reis
Orador: Izaias Resplandes de Sousa

Conselho Fiscal:
Sandra Nery Silva, Sandra Sofia Sol da Silva, Eva Mendes de Oliveira. Suplentes: Marcos Cezar C. de Oliveira e Dejailse Fátima de O. Lopes.

Conselho Consultivo:
Raimunda da Silva Cardoso; Lindberg Ribeiro Nunes Rocha; João de Souza; Lucia Voltan Ribeiro e Leda Figueiredo Rocha do Lago.

Raimunda da Silva Cardoso
Comissão Permanente de análise de candidatos:
João de Souza, Lucia Voltan Ribeiro, Luis Carlos Ferreira, Jailton Costa Xavier, Elvira Sodré de Oliveira.

Conselho Editorial:
Nelice Antunes Ferraz, Izaias Resplandes de Sousa, Leda Figueiredo Rocha do Lago, Raniere Farias Pinto, João de Souza. Suplentes: Sandra Nery Silva e Luis Carlos Ferreira.

Prof. João de Sousa
A presidência de honra do IHGP é exercida pelo Chefe do Poder Executivo Municipal, sendo nesta data ocupada pela Prefeita Jane Maria Sanchez Lopes Rocha.
A posse dos membros do IHGP foi realizada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, representado na ocasião pelo seu Vice-Presidente Weller Marcos. Aconteceu no dia 17 de junho de 2016, nas dependências da Escola Municipal Guiomar Maria da Silva, em evento simultâneo com a comemoração do Centenário de Joaquim Nunes Rocha, o Rochinha.
São finalidades do Instituto Histórico e Geográfico de Poxoréu - MT:
I – incentivar os estudos históricos, geográficos, culturais, artísticos, estéticos, literários, ambientais e turísticos sobre o município de Poxoréu e do Estado Mato Grosso;
II – estudar e divulgar a história, geografia, cultura, arte, estética, meio ambiente e turismo de Poxoréu e, em escala progressiva, do Estado de Mato Grosso;
III – contribuir para a construção, preservação e difusão da cultura do  município de Poxoréu;
IV – incumbir-se do ensino, da pesquisa e do desenvolvimento institucional nas áreas de história, geografia, cultura, meio ambiente e turismo de Poxoréu e, em escala progressiva, do Estado de Mato Grosso.
V – Contribuir para a promoção da literatura local e a preservação das memórias culturais do município de Poxoréu.
Eis aí a face e o coração do Instituto Histórico e Geográfico de Poxoréu. Nosso desejo é o que o mesmo seja um reflexo da grandeza deste Município e que suas ações pulsem sempre em um entusiasmo crescente, maduro e responsável em relação à missão que ousou assumir.
Luiz Carlos, Alan, Raniere, Marcos César, João de Sousa, Sandra Sol, Evam Sandra Nery, Maria Luiza Pio, Raimunda e Gaudêncio Amorim.

Nesta ocasião solene em que comemoramos o aniversário dos 78 anos de emancipação política e administrativa deste Município, queremos registrar a nossa fé e esperança de que Poxoréu encontre um novo brilho em sua imagem de cidade pós-garimpeira.
A descoberta de diamantes nessa região fez surgir essa cidade aqui, a qual cresceu e se emancipou. No entanto, como resultado da exploração desenfreada por meio de tecnologias, o ciclo do diamante que tinha a perspectiva de chegar ao limiar deste século, encerrou-se durante a última década do século passado. Deixou-nos uma herança pífia. Não conseguiu transferir a riqueza de suas gemas para a promoção do desenvolvimento de Poxoréu. Pelo contrário, apenas algumas pessoas se beneficiaram com o tributo do diamante. O povo poxoreano, em sua grande maioria permaneceu pobre e sem perspectivas.

Poxoréu, a “Capital do Diamante”, que durante muitos anos foi cantada em verso e em prosa pelos seus artistas, foi até o presente apenas uma terra de esperanças e de sonhos imaterializados. Os picos de progresso e desenvolvimento que logrou obter foram de curta duração e não resistiram às crises vividas pela cidade. Aparecerem e desapareceram. Até as instituições sociais e empresas comerciais seguiram esse curso. Surgiram e sumiram. A própria juventude poxoreana seguiu essa onda de descrença. A maioria saiu a estudar em outros centros, para se qualificarem, mas poucos voltaram e mais poucos ainda ficaram aqui.
Essa é uma avaliação triste, mas não podemos ser irresponsáveis e tapar os nossos olhos. Pelo contrário, nunca Poxoréu precisou tanto de nós como precisa agora. E, com certeza, a necessidade aqui preconizada é a de sair do horizonte das utopias para os pés no chão de nossa realidade.
É de grão em grão que se chega ao milhão e de passo em passo que se chega a qualquer lugar. Que este aniversário político de nosso Município seja um marco de união de todos nós que vivemos nessas terras.
Vamos construir uma Poxoréu que seja de todos nós. Vamos criar coragem para deixar de lado as nossas divergências políticas, sociais, culturais e religiosas. Vamos apertar as mãos com cordialidade, respeito e amizade uns pelos outros.
Primeira reunião do IHGP em sua sede própria.
Poxoréu precisa de cada um de nós. O IHGP acredita que nós podemos fazer por Poxoréu muito mais do que temos feito até agora. E assim deixamos essa mensagem de desafio, cujos resultados avaliaremos nesse mesmo dia, em 2017, esperando que aqui estejamos contabilizando os louros de nossas próximas conquistas.
Feliz aniversário! Deus te abençoe, Poxoréu!
Izaias Resplandes de Sousa

*** Izaias Resplandes de Sousa é Orador do IHGP e Secretário Geral da UPE. É advogado militante na Comarca de Poxoréu e professor de Matemática na rede estadual mato-grossense. Especialista em Matemática e Estatística e em Gerência de Cidades.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Vigésimo Quinto Recital de Poesias da UPE

E aconteceu o Vigésimo Quinto Recital de Poesias da UPE, nos dias 20 e 21 de outubro de 2016.
A poesia é o canto da alma. Ela nos levanta o ânimo e nos leva para mundos e lugares encantados, que nós não iríamos se não fosse através de suas asas.
Nós ficamos felizes porque durante os já 28 anos de existência da UPE temos conseguido despertar o interesse das nossas crianças, adolescentes e também da nossa juventude. Não digo dos velhos, porque velho é o que estragou e os nossos anciões, amantes da poesia somente refinaram o seu gosto por essa arte durante esse tempo.

Nós ficamos felizes porque apesar de às vezes vermos alguns descontentes com o resultado classificatório do evento - que é a pior parte -, a grande maioria tem preferido ser como Maria a mãe de Jesus e tem escolhido ficar com a melhor parte, que é o prazer de apresentar e de apreciar uma linda mensagem poética.
Nem todos conseguem ver e ouvir, Jesus já dizia isso. Mas bem-aventurados aqueles que viram os nossos intérpretes dando verdadeiros shows de declamação nestes anos e neste ano em particular. Muito mais pessoas poderia ter visto esse espetáculo, mas perderam a oportunidade.
Felizes foram aqueles que ouviram as mensagens proferidas pelos participantes do Vigésimo Quinto Recital de Poesias!
O prêmio em dinheiro não é nada e não significa quase nada, mas a oportunidade de mostrar o talento, de viver a emoção e dizer para o que veio, isso sim, meus queridos amigos da UPE, isso sim! Isso vale a pena sempre. Isso é o que conta!
Dentre os intérpretes, todos ganharam porque todos deram o seu recado mostrando o que vale a pena ocupar a mente, a alma e o espírito de uma pessoa. O resto, passemos a borracha. Por que cultuar insatisfações, se temos tantas coisas positivas para cultuar?
Viva a poesia! Viva o culto do belo e do bom! Viva a vida! Viva a amizade! Viva o encontro com os amigos! Viva a família e a oportunidade de estar junto dela! Viva o Recital de Poesias! Viva Poxoréu, que completa 78 anos!


20 DE OUTUBRO DE 216
Categoria Infantil, 1º e 2º ano
1º Lugar:  Hivin Marcely do Amaral, P. de Oliveira, Escola Presidente Dutra, com 192,5 pontos
2º Lugar: Gulhereme Yuri S. Tavares, Creche Lar do Menino Jesus, com 192 pontos
3º Lugar: Valentina C. Figueiredo, Esc. Mun. Epaminondas Correia de Oliveira, com 191 pontos
4º Lugar: Analu Sol da Silva, Creche Lar do Menino Jesus, com 188 pontos
5º Lugar: Geancarlos R. de Souza, Esc. Mun. Epaminondas Correia de Oliveira, com 187 pontos

Categoria Series iniciais do Ensino Fundamental: 3° ao 5° ano
1º Lugar:  Maria Antônia Honorato Rodrigues, Escola Epaminondas C. de Oliveira, com  198 pontos
2º Lugar: Melissa Tremura Figueiredo Sol, Esc. Guiomar Maria da Silva, com 198 pontos
3º Lugar: Maiumy Cristina Carrijo da Silveira, Esc. Mun. Epaminondas Correia de Oliveira, com 189 pontos
4º Lugar: Geovana Gomes Xavier, Guiomar Maria da Silva, com 179 pontos
5º Lugar: Kamily Alves de Oliveira, João Pedro Torres, com 177,50 pontos

JURADOS:
Jailton de Souza – Gerente do Banco do Brasil
Marisa Resplandes – Advogada
João de Souza – Escritor filiado a UPE
Sandra Sofia Sol da Silva – Membro do IHG/Poxoréu
Josélia Neves da Silva - Upenina


21 DE OUTUBRO DE 216
Categoria Séries Finais do E. Fundamental
1º Lugar:  Eduarda Alves Jorge,  Escola Julio Muller, com  191,8 pontos
2º Lugar: Lígia Dias Lopes, Esc. Julio Muller, com 191,7 pontos
3º Lugar: Luis Fernando Gomes de Souza, Esc. Mun. Guiomar M. da Silva, com 189,7 pontos
4º Lugar: Mirela Oliveira Camargo, Esc. Poxoréu,  com 181,8 pontos
5º Lugar: Maria Eduarda Cursino Xavier, Esc. Julio Muller, com 177,50 pontos

 Categoria Ensino Médio: 
1° lugar: Kediston Kelps da Silva Farias, Escola Técnica, com 194,2 pontos
2º lugar: Mônica Souza Barbosa, Esc. Presidente Dutra, com 193,5 pontos
3º Lugar: Vitor de Sena Moraes, Esc. João Tores, com 191,6 pontos
4º Lugar: Paula Itayne Farias dos Santos, Esc. Pe. Cesar Albisetti, com 188,8 pontos
5º Lugar: Thais Gabriela da Silva Reis, Esc. João Torres, com 188 pontos

JURADOS:
01 - Wanderson Lana – Secretário de Cultura, Esportes, lazer e Turismo de Primavera do Leste
02 - Márcia Rosa Lorenzon – Escritora Sócia Correspondente da União Poxorense de Escritores em Primavera do Leste.
03 – Tiago  strassburger – Chefe de Dança e Literatura da SECULT/Primavera do Leste
04 – Raimunda da Silva Cardoso – Membro do IHG-Poxoréu.
05 – Luis Carlos Ferreira, Poeta upenino.



sábado, 18 de junho de 2016

IHGP presta homenagem a Rochinha

O centenário de Joaquim Nunes Rocha

* Prof. Izaias Resplandes de Sousa



Cem anos se passaram. Quanta vida! Quanta memória! Quanta história!

Eis que hoje, com a responsabilidade do Instituto Histórico e Geográfico de Poxoréu, venho saudar, in memoriam, o Dr. Joaquim Nunes Rocha, de quem muitos puderam contar como amigo e companheiro na política, nas artes e na cultura de modo geral; muitos outros como benfeitor e patrono de suas causas judiciais; e outros ainda como patriarca de uma plêiade de nomes que honram sua memória e sua história.

Rochinha veio de Goiás, da terra das preciosas esmeraldas do Anhangüera, para ser em Mato Grosso um dos construtores da cidade de Poxoréo, nossa eterna Capital dos Diamantes. Herdou a tenacidade e a firmeza das pedras preciosas, conservando a lucidez e sendo sempre um homem brilhante e ativo em todos os seus 85 anos de vida, advogando as causas dos mais pobres e menos favorecidos da fortuna, mediando, assim, os litígios sociais de sua gente.

Nasceu em 07 de junho de 1916, em Tocantinópolis, Goiás, hoje, Estado de Tocantins, filho do Sr. Francisco Ferreira Nunes e de Dona Maria André da Rocha, mas foi criado nas terras de São Pedro, onde nasceu Poxoréu, pelo Sr. Barnabé Francisco dos Anjos, seu padrasto, homem de notórios valores éticos e morais, para onde veio quando tinha apenas nove anos de idade. São Pedro, nessa época era o epicentro da ocupação social e o mais novo eldorado da fortuna e dos bamburríos da região. Ali sua mãe consolidaria a relação com o padrasto, com quem ainda teria mais três filhos: João Francisco dos Anjos, Zeli Rocha dos Anjos e Wilson Francisco dos Anjos.

Viveu em São Pedro até 1927, quando ocorreu um grande incêndio naquele povoado. E então sua família mudou-se para a corrutela de Morro da Mesa, a futura cidade de Poxoréu, onde adquiriram terras. E foi em Poxoréu que Rochinha cresceu, se habilitou e se notabilizou como guarda livro, farmacêutico, advogado e político.

É de destacar que “Rochinha foi um forte até a morte!” Inquiridor irrequieto, persistente, metódico, disciplinado e muito inteligente, ele sempre soube como conduzir. E por isso foi, com certeza, um líder durante toda a sua vida. Como político amou a terra mato-grossense, dando-se por ela em diversos mandatos como suplente de senador, deputado federal e estadual, vereador e prefeito de Poxoréu. Inegavelmente, ele foi o maior e mais importante líder político que esta terra poxorense já produziu e que por ela se dedicou com tamanha intensidade. Aqui ele não veio passear, não veio visitar. Ele veio para ficar e aqui estará para sempre, nos corações de seus amigos, de seus seguidores políticos, de seus descendentes e até mesmo de seus adversários, que irão se lembrar dele e de sua lealdade nas disputas pelo poder.

Segundo o prof. Gaudêncio Amorim, “não se tem conhecimento que Nunes Rocha tenha tratado um adversário político como inimigo pessoal, mas principalmente como um potencial aliado futuro e, neste caso, o valor que dispensava e o respeito que a ele hipotecava até podiam revelar uma estratégia política, mas era mais do que isso. Rochinha venerava o gênero humano, defendia e respeitava as liberdades individuais de tal forma que, se desejasse tê-los consigo numa ideia ou num projeto, cabia a ele conquistar pelo instrumento da persuasão”.

O advogado e analista político Dr. Pedro Lima, em artigo publicado no Diário de Cuiabá, poucos dias após a morte de Nunes Rocha, assim escreveu: “Com a morte de Joaquim Nunes Rocha, Mato Grosso perdeu uma reserva moral, a classe política perdeu uma referência, e a região dos garimpos, o sul do estado - antigo leste mato-grossense -, um dos homens que soube representar com dignidade aquele povo pioneiro que com seu trabalho artesanal, inicialmente nas lides dos garimpos de diamantes e, posteriormente, na pecuária e agricultura se constituiu na sentinela avançada do desenvolvimento de Mato Grosso”. E continuou: “Rochinha, como seus amigos e adversários o tratavam, fez parte daquela velha guarda de políticos sérios, dedicados ao partido e fiéis aos amigos. Disputou várias eleições; tinha uma irresistível atração pelas urnas. Perdeu e ganhou. Soube se conduzir com dignidade nas vitórias e com altivez nas derrotas. Nunca foi seduzido a abandonar a sua querida UDN pelas promessas, propostas ou benesses fáceis do poder. Lutava por esse poder no seu partido e ao lado de seus correligionários. Não conheceu a estrada dos pusilânimes que a um aceno jogam suas biografias no lixo da história em busca de interesses pessoais e mesquinhos, como infelizmente se tornou prática nos tempos atuais”. 

Já o Pr. Abel Azambuja, da Igreja Assembleia de Deus, na qual congregava por ocasião de sua morte, disse que Rochinha escrevera um documento onde declarara que "depois de percorrer várias igrejas e de examinar várias doutrinas, finalmente havia encontrado o caminho na pessoa de Jesus". Assim, enquanto no meio evangélico ele encontrou o caminho para os céus, na terra, ele foi o patriarca de uma família que tem feito as coisas acontecerem neste país. Junto com seus sete filhos: Lindberg (ex-prefeito de Poxoréu), Louremberg (ex-deputado-federal e ex-senador da República), Lindemberg (médico), Mary Lindsey (sua única filha), Joaquim Nunes Rocha Filho (agropecuarista), Sílvio Romero (advogado) e Benedito César (sociólogo e historiador), ele escreveu muitas e muitas páginas na história do Brasil, razão porque sempre estará vivo na nossa memória.
                       
 Rochinha sonhou, pensou e projetou. Pensar o futuro é uma questão de responsabilidade. Principalmente quando esse é o futuro da nossa cidade. Segundo seu filho Lindberg Ribeiro Nunes Rocha, seu pai sempre proclamava nos discursos que fazia, os seus sonhos de ter uma Poxoréo com avenidas largas e floridas, com espaço para que a juventude pudesse viver e ser feliz. Ele foi um crente extremado que sempre acreditou na possibilidade de seu povo ser feliz. Com certeza foi no seu exemplo que Lindberg aprendeu que "para se administrar uma cidade, antes de tudo é preciso amá-la", o que também lhe garantiu vários mandatos como administrador de Poxoréu.

 Isso era mesmo verdade! Ainda está bem vivo em minha mente as palavras de seo Rocha sobre os seus sonhos de felicidade para a cidade de Poxoréo, quando disputou a Prefeitura de Poxoréo em 1992. Ele disse e eu gravei para a história: “Com muita satisfação eu me dirijo ao povo de Poxoréo, para que nos ajudem nessa peleja, porque essa peleja é uma peleja legítima a defender os interesses daqueles que vivem nessa região. Nós estamos disputando o cargo de Prefeito Municipal, não por vaidade. Absolutamente! Não por aventureirismo. Nós estamos disputando, porque verificamos que dispomos das condições necessárias para trazer a esta coletividade o dinheiro que seja necessário à construção de obras, à abertura de outras atividades, à instalação de novas empresas que tragam os benefícios ao povo, que tragam a felicidade desta região. Dessa forma, nós nos encontramos na condição de carrear para a nossa gente, toda sorte de benefícios para assegurar a felicidade do nosso povo e o engrandecimento da nossa cidade”. Ao finalizar seu discurso, ele disse: “Eu estou oferecendo um prêmio, eu estou oferecendo um serviço, estou oferecendo os meus conhecimentos nas últimas décadas da vida. Quero trazer isso como prêmio para o meu povo, para minha gente, trabalhando, conseguindo recursos, encaminhando estudantes, conseguindo o aprimoramento do ofício daqueles que laboram aqui dentro de nossas fronteiras”. Ele se doou por inteiro ao povo de Poxoréo.

Rochinha foi um grande intelectual. Membro da UPE - União Poxorense de Escritores, ele escreveu vários artigos que foram publicados em diversos jornais. Ao lado de João José Freire, Joaquim Dias Coutinho, foi um dos fundadores do Jornal Correio de Poxoréo, no qual registrou muito do seu pensamento. Mas a sua sede pela cultura e pelo conhecimento nunca foi saciada.  Pouco antes de sua morte, ele esteve em minha casa para conversar comigo. Ele sempre me procurara para tratar sobre assuntos profissionais e eu pensava que nossa conversa daquele dia versaria sobre a pauta costumeira. Mas não foi assim. Ele puxou da memória a história e conversamos durante mais de hora sobre diversos assuntos da cultura geral. E dias depois, em nossa última conversa por telefone, ele me solicitou que pesquisasse e o informasse sobre quem fora o filho que Júlio César teve com Cleópatra, quando andou lá pelas bandas do Egito. Infelizmente não pude passar-lhe a informação, pois logo ele adoeceu e foi em busca de tratamento especializado na Capital. Daniel, seu neto, disse que guardaria do avô, o seu o último sorriso. De minha parte, sempre guardarei dele, como última lembrança, esse seu interesse apaixonante pelo conhecimento, pelo qual me inspiro a continuar buscando as respostas para os novos problemas que a atual era do conhecimento irá desafiar-nos.

Joaquim Nunes Rocha faleceu em 20 de outubro de 2001.

No dia seguinte eu registrei: Até breve, Rochinha! Não te daremos um adeus, mas um até breve, na certeza de que logo nos encontraremos na eternidade dos céus, onde os dias não são contados. Que sua dedicação e seu amor por esta terra doce e amada chamada Poxoréo, continue sendo uma inspiração para aqueles que continuarem a sua trajetória no governo deste Município e deste Estado. Seja também nosso o "obrigado" que Pe. Pietro Melesi, da Missão Salesiana de Mato Grosso lhe fez postumamente. Obrigado, de coração, pelo seu exemplo concreto de liderança.

Ter sido um dos amigos de Rochinha será sempre uma honraria para todos que tiveram tal privilégio. Nós nos sentimos honrados nesse sentido. E queremos dizer como nossas últimas palavras nas comemorações desse centenário de seu nascimento, que haveremos de envidar todos os esforços para continuar a sua luta pela felicidade de Poxoréu.

Que Deus nos ilumine a todos!


* Izaias Resplandes de Sousa é advogado, professor e escritor mato-grossense. É membro da União Poxorense de Escritores e do Instituto Histórico e Geográfico de Poxoréu, MT.

sábado, 30 de abril de 2016

Projeto Chão Violado


Buscando valorizar a História, Diversidade Artística e Cultural de nossa cidade, ocorrerá em Poxoréu entre os dias 10 e 14 de maio - PROJETO CHÃO VIOLADO: ENTRE ACORDES E IMAGENS – PRESENTE FUTURO E PASSADO.

O cronograma de atividades do supracitado projeto está organizado da seguinte forma:

• Dia 10/05/2016 (Terça feira): Cerimonial de Abertura e Palestra ministrada pela UPE . Tema: Poxoréu e sua Origem. Local: Salão do Externato São José. Horário: 19hs às 21hs;

• Dia 11/05/2016 (Quarta feira): Exibição do documentário “Buracos – A Herança do Garimpo. Mediador: Gianpiero Barozzi. Local: Pinacoteca de Poxoréu. Horário: 19hs às 21hs;

• Dia 12/05/2016(Quinta feira): Palestra ministrada pelo Coord.do Ponto de Cultura de Poxoréu , Gianpiero Barozzi. Tema: Poxoréu e Diversidade Cultural: Fomento e Oportunidades. Local: Diamante Clube. Horário: 19hs às 21hs;

• Dia 14/05/2016 (Sábado): Noite Cultural – “Diamantes Humanos”: diversas apresentações artísticas e culturais, exibição de fotos e pequenos filmes antigos da cidade, amostra de artesanato, exposição de pintura em tela. Local: Rua Minas Gerais e Mato Grosso (Centro Histórico). Horário: das 18hs às 22hs.

Será emitido certificado de carga horária para os participantes das atividades do projeto para ser usado em contagem de pontos e hora atividade.



APOIO CULTURAL:
ASSOCIAÇÃO PARTILHAR
PONTO DE CULTURA DE POXORÉO "ARTE ITINERANTE POR MAIS CULTURA"
GAZETA FM POXORÉO
UPE (UNIÃO POXORENSE DE ESCRITORES)
EXTERNATO SÃO JOSE - ESCOLA POXORÉO
SEC. MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E LASER
SEC. MUNICIPAL DE OBRAS
CENTRO JUVENIL SALESIANO
RADIO SULMATOGROSSENSE
REALIZAÇÃO:
GOVERNO DE MATO GROSSO - ESTADO DE TRANSFORMAÇÃO
SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA
ÉDEN COSTA

IHGP faz reunião e traça metas

O IHGP - Instituto Histórico e Geográfico de Poxoréu se reuniu na manhã de hoje, 30/04/2016, na sede do Conviver para discutir os destinos da entidade.

Na ocasião, elegeu-se uma Comissão composta pelos upeninos Gaudêncio Filho Rosa de Amorim, João de Sousa e Luís Carlos Ferreira para que elabore e apresente à Assembleia Geral uma proposta de Estatuto Social para a entidade em sua próxima reunião, a qual acontecerá no dia 07 de maio de 2016, nas dependências da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, na Rua Mato Grosso, 369, Centro.
Também ficou decidido que cada membro do Instituto elabore uma pequena biografia do patrono de sua cadeira.

UPE elege 29ª Diretoria

A UPE - União Poxorense de Escritores elegeu nesta data de 30/04/2016 a sua 29ª. Diretoria, composta pelos seguintes membros: Kautuzun de Araujo Coutinho (Presidente), Márcia Adriana Almeida (Tesoureira), Gaudêncio Filho Rosa de Amorim (2º Vice-Presidente), João de Sousa (1º Vice-Presidente) e Izaias Resplandes de Sousa (Secretário Geral)

Kautuzun de Araujo Coutinho (Presidente), Márcia Adriana Almeida (Tesoureira), Gaudêncio Filho Rosa de Amorim (2º Vice-Presidente), João de Sousa (1º Vice-Presidente), Luís Carlos Ferreira e Izaias Resplandes de Sousa (Secretário Geral)
A nova Diretoria exercerá o seu mandato até 31 de março de 2017.

Por quê? Isso não importa!

Não importa o motivo pelo qual você não consegue aprender. O que importa é que você aprenda aquilo que quiser aprender. 
Não importa por que você não tem vencido. O que importa é que você vença naquilo que desejar vencer. 
Não importa por que você falhou. O que importa é que não falhe naquilo que não quer falhar. 
Não importa por que você perdeu. O que importa é que você ganhe tudo o que desejar ganhar. 
Os motivos só interessam se for para apresentar soluções. Saber por saber não serve para nada.
Saber por que não se conseguiu uma resposta não adiantará nada. O que tem valor é conseguir a solução do problema. E para isso é muito importante querer essa resposta necessária.
Se o que você quer saber é apenas o porquê. Então a minha resposta para você é simplesmente essas palavras: por quê? Isso não importa!
Agora, se você quiser uma solução para o problema, então eu tenho essas palavras para você: vamos em frente. Querer é poder. Nada é impossível ao que crer nas possibilidades.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

A Esquerda ferida, mas sem força.

A Esquerda ferida, mas sem força.

                                                                                              Gaudêncio Amorim

                        A forma com que os defensores do governo Dilma Rousself tem atacado as ruas de todo País, a partir da possibilidade do impeachment,  revela o sentimento da esquerda na defesa do status político alcançado nas eleições de 2002, com a vitória de Luis Inácio Lula da Silva, após insistentes e históricas tentativas, principalmente após o regime democrático basilar da Constituição Federal de 1988.
                        É cristalina a estruturação e corporificação da esquerda para defender a manutenção de um poder que, em tempos de república, levou mais de um século para alcançar e que, teve no sindicalista Luis Inácio Lula da Silva,  seu maior símbolo de resistência. O governo da presidenta Dilma, por si só não se mantêm, todavia se resiste pela coalisão da esquerda, que elegeu na expressão “não vai ter golpe” o instrumento ideológico do contra ataque, para reparar os estragos de uma embarcação próximo do naufrágio.
                        O leitor atento perceberá que governo se ressuscitou do seu próprio funeral, quando da revelação do propinato ao ex presidente Lula espelhado pelo tríplex do Guarujá e pelo sítio de Atibaia, supostamente ofertados por empreiteiras, como moeda de troca à benesses do poder, constituindo-se assim num grave escândalo de corrupção, erva daninha, típica de países subdesenvolvidos. Se este enredo não entrasse em cena é provável que o impeachment do atual governo estivesse em patamares bem mais avançados do que o atual estágio que, a depender da relação de compadrio entre os poderes poderá resultar na já conhecida e esperada expressão por muitos: “em pizzas”, exceto se vigorar a seriedade da Justiça (STF) ou se ganhar impulso a voz das ruas capaz - de tratar o sistema, quase totalmente infectado pela imoralidade em escala progressiva, tendo em vista os escândalos perenes de corrupção que se amontoam e que, portanto, tem se configurado no país do espetáculo, cuja cena é sempre aguardada pela sociedade, como um enredo ainda mais negativo e picante, não para arrancar aplausos, mas para corroborar uma classe política em ruína.
                        A situação política do Brasil é vexatória, tanto aos olhos do exterior, quanto à visão endógena dos seus próprios cidadãos. Em tempos de República e de democracias, o País ainda não se tinha abalado por tão forte crise política e simultâneo crescimento da crise econômica na acepção de uma sociedade, ainda como plateia, assistindo e se dividindo entre os que querem a manutenção do poder, os que desejam retomar, em face do oportunismo da crise e ainda daqueles que aspiram por novas forças, visionários de uma limpeza geral no Congresso Nacional e no governo que, segue vivo pelo paliativo da esquerda ferida, cuja força de resistência ainda é impresumível no tempo, a depender dos novos espetáculos e principalmente da competência dos seus protagonistas para maquear os engodos ou para extirpar os ataques à verdadeira democracia, já que ambos atores se justificam em sua defesa.
                        Os poderes, por si, não são motivado a promover a revolução, geralmente se entendem entre si sob o pacto da proteção bilateral, de sorte que a revolução efetiva, em tempos democráticos, estará sempre a cargo da sociedade civil e geralmente acontecem por erros de estratégia dos próprios poderes dominantes ou quando os cidadãos não tiverem mais nada a perder, conforme escrevera Florestan Fernandes em 1981, no seu livro “O que é revolução”, cuja coalisão de força é totalmente indesejada pelos artífices do poder.
                        Neste sentido, a possibilidade de revolução, nesse estágio da crise política, se daria da esquerda organizada com ela mesma e poderia se evoluir, se demonstrar a capacidade de envolvimento da sociedade civil, a qual, não nos parece intuir em tal propósito, haja a vista, o desgaste do atual aparato político e a descrença no sistema, já que as revelações de fraude e corrupção acabaram por desanimar a pequena parte da sociedade que ainda teimava na esperança do contraditório.
                        Assim, nem os brios feridos da esquerda, a permanecer o abismos de escândalos do governo, serão suficientes para atalhar o naufrágio em processo. A frágil coalisão de força da esquerda, pode inclusive, encurtar os caminhos para o ato final dessa embarcação em ruina, já que, a esquerda não nos parece ter força estruturante suficiente para um golpe, à força, capaz de estabelecer uma ditadura de esquerda.
                        Com efeito, tudo dito acima, deveras se confirmou na votação da câmara dos deputados na sessão do dia 17 de abril de 2016 e, mais uma vez, não porque a Casa estivesse apreciando o suposto crime da presidenta, mas visionários dos seus próprios projetos individuais de futuro, sintonizados na vontade popular de suas bases eleitorais, já que a grande maioria assim se justificavam, inclusive na menção de suas famílias e pela juventude, tantas vezes citadas. Todavia, o julgamento dessa data não nos pareceu se dá  no epicentro de suas razões (as pedaladas fiscais), mas pelo conjunto da obra, já que tanto governos (em maior ou menor grau) também assim o fizeram e passaram imune à guilhotina do congresso. A votação de 367 votos a favor do impeachment contra os 137 votos a favor, com apenas 02 ausências e 07 abstenções, ao final, representa o nível de insatisfação popular com o governo, apesar de vencedores do certame, nesta 1ª etapa, continuar sendo personas não gratas, já que até agora a sociedade ainda não é vencedora de nada, exceto de conseguir vencer as coalisões de forças dos interessados no status quo vigente, a começar pelo vice presidente Michel Themer, pela presidência da Câmara, Deputado, Eduardo Cunha e pela presidência do Senado Federal, Senador Renan Calheiros, além das centenas de parlamentares contaminados pela podridão do sistema, (é claro que respeitado o contraditório e a ampla defesa, consubstanciados no estado democrático de direito) cuja permanência nele, dificultaria o Brasil construir um novo caminho marcado pela ética na política, pela credibilidade social e pelo progresso econômico. Mas uma coisa de cada vez, até agora os papéis foram cumpridos seguindo o protocolo das expectativas nas instituições e tomara que elas sejam fortes o suficiente para defender os reais interesses da sociedade sem intervenção dos cidadãos numa revolução civil.


Gaudêncio Amorim: Poeta, Escritor e Cientista Político filiado a União Poxorense de Escritores – UPE.