quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

MENDIGANDO...


Quando penso em você, meu tesouro
Meu coração bate em outro compasso
Meu estômago enche-se de borboletas
Minha garganta ganha um nó
E os olhos deixam escorrer todo o amor
Que já não cabe em meu coração
E nem quer caber!
Ah, meu bem, esse amor quer só você
Do jeito que você estiver
Do jeito que você quiser
Do jeito que você puder!
Podes estar pensando que é um amor mendigo
E acertou ao pensar isso!
Insistentemente ele bate à porta
Com um pratinho vazio nas mãos
Barba por fazer
Cabelo por cortar
Mas tomado de um desejo de te amar!
Se puder, atenda ao menos as ligações
Retorne os meus recados,
Pois, por mais que seja seu
Um dia pode chegar (e sinto que já chegou)
Que o meu pratinho de mendigo
Esse que você não preencheu
Vá em outra porta mendigar.


Wallace Rodolfo

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

01-01-2015

O ano de curvatura 2015

Lourdes e Izaias Resplandes

Nesse ano novo eu desafio todos os seres humanos a me dizer o que se esconde depois da próxima curva da vida de cada um de todos nós.



E eis que já começou a nossa viagem pelo mundo das curvas deste novo ano de 2015. Aliás, vale dizer que ele tem o nome de novo, mas não há duvidas de que, em sua alma, traz a essência do velho dentro si. Esse novo é tudo o que o velho foi, mas não é o velho, pois que a cada curva do tempo que passou, ele se aperfeiçoou e se fez novo.
O novo olha para dentro de si e vê que o velho ainda está lá. E tinha que estar mesmo, pois ele é o começo, é a base em que o novo está se construindo a cada momento. Ele não pode perder seu DNA, senão morreria a cada segundo em que se torna velho e não saberia nada do que foi o velho que deixara de existir. É por isso que não existiu apenas o velho e nem o novo irá apenas existir tão somente. O novo e o velho sempre foram, são e serão sempre um. Assim, quem vê o velho, vê o novo e quem vê o novo, vê também o velho.
A verdade é que tudo é único. Um não é apenas o primeiro. Um é o tudo. A Terra, o mundo, o universo, a criação... Tudo e todos são apenas um. Existe apenas uma respiração, um sonho, um destino, uma existência...

Nesse momento eu estou escrevendo o destino, as páginas do destino... Do seu, do meu, do nosso... O destino é um só. Novo e velho tem apenas um destino: existir.
Eu existo. Eu sou. Eu penso. Eu construo. Você também faz tudo isso. Nós fazemos tudo isso. Com a nossa voz nós falamos dele, com as nossas mãos nós escrevemos, e com tudo isso nós existimos.
As nossas mãos conhecem por onde os nossos pés seguirão e onde deixarão seus passos, meus passos, nossos passos. Elas conhecem os segredos de cada curva do universo. Uns já foram e os outros também serão escritos por elas. Elas tocam, acariciam... São mãos! Mãos carinhosas e amorosas que pensam e que criam o que haverá depois de cada curva da estrada da vida. Na verdade, às vezes me pergunto se são elas que pensam, ou se são elas que são pensadas. Quem saberá o mistério das mãos!
Foram as mãos que inventaram as letras, de muitas formas, tamanhos, estilos. Com essas letras elas escrevem o destino, elas revelam os segredos e os mistérios mais profundos do universo.

O que se esconde atrás de cada pensamento de nossas mãos? E o que será escrito na curva do destino? Sim, não seria na reta, mas na curva. O universo é reto, mas o destino é curvo. O universo é o presente existente. Já o destino é o futuro e pela sua curvatura vai materializando as possibilidades de nossa existência. Nisso reside a mágica da criação. Se a existência se revelasse por inteiro, em uma linha reta, ela não seria portadora do novo, porque não haveria novo. E seria enfadonha e sem graça. E ninguém iria gostar de existir. É por isso que o futuro não é reto. E também é por isso que falamos e existimos através das curvas, enquanto escrevemos as retas de nossa existência.
As curvas são melhores do que as retas, porque elas trazem as possibilidades do progresso, do inédito, da aventura, dos sonhos, das esperanças...

Nas curvas de meus sonhos eu viajo sem limites. Eu vou e volto ao fim do mundo, em um segundo. Foi lá, quando eu as percorria que descobri aquele mundo fantástico, tão parecido com a Terra que nos encantou e que temos descoberto em cada curva dos nossos dias que passaram. Lá também existe um mar azul. No dia em que você chegar lá, você verá o quanto é azul, o azul daquele mar. Você olha, olha, olha até onde a sua vista alcança. O mundo novo é lindo e tem muito azul para se ver.
Espero que esteja tudo bem para você e que você goste do azul, porque ele é maravilhoso. É uma beleza! No mundo novo, o mar azul se confunde com o céu azul. Ele termina lá naquela curva em que o céu começa. E é lá que está a curva dos nossos sonhos.
O céu é a curva dos nossos sonhos.

Você sabia que o que vem depois da curva que faz o limite entre o mar e o céu, não são três sementes de abóboras e nem é a ponta do dedo de um tolo? Ah! É lá naquela curva que começam os nossos sonhos e as nossas esperanças. É lá que começa o futuro. Até lá está o presente que eu vejo, mas depois de lá, vem o céu e o infinito que eu ainda não sei.
A partir da curva em que o mar termina e o céu começa, eu sei que pode ter tudo o que eu quiser e conseguir imaginar. Lá eu já consigo visualizar os homens voando sem seus motores, se teletransportando na força de vontade de seus pensamentos. Eles vão e vem, como querem e na hora que querem. Ali eles já viajam para o passado, onde alguns corrigem seus erros, se apagam da existência, definem novas trajetórias, novos futuros e iniciam-se outra vez. A partir daquela curva, o que existe pode deixar de existir, pode nascer de novo, ou pode melhorar com a memória das retas do passado. Ali é o mundo das possibilidades, onde cada um se constrói e constrói o que sua imaginação for capaz.
E então, o mundo de curvatura 2015 está cada vez mais curvo. E as retas que se traçam nele são formadas de curvas cada vez mais acentuadas. É desse modo que a nossa vida de cada dia vai se construindo na revelação que a curva da nossa existência vai fazendo a cada instante. Com nossa imaginação e nossos sonhos nós vamos alimentando a força criadora da curva de nossa vida e vamos deixando nossos rastros pelas praias do universo, em uma longa reta. Nossos rastros não se perdem nas curvas do passado.
Não há curvas no passado.
O passado é formado de retas. É verdade que elas são infinitas. Mas sempre que olhamos e até onde conseguimos ver o que nós já vivemos, o que nós vemos são retas. As curvas carregam mistérios. As retas revelam verdades já vividas, ou mentiras que pareciam verdades, até que a vida revelou que eram mentiras. As retas escrevem os relatórios das curvas, na medida em que elas vão deixando de se encurvarem e vão se alinhando com as retas já existentes, formando um universo de retas e existências paralelas, que até se avistam, que são vizinhas, que compactuam, mas que são identidades. Cada reta é uma existência revelada por uma curva de sonhos. E o universo se enche com essas curvas que se tornaram retas.
O ano novo sempre chega com o dia que ainda não chegou. O hoje não é um novo dia. Ele é a continuação do velho dia que a nova curva de ontem revelou. Mas ontem não é mais uma linha curva. É uma linha reta. A curva é uma linha reta que vai sendo escrita sobre a curvatura do universo. Cada palavra que eu escrevo vai revelando o segredo da curva, mas sempre haverá segredos e mistérios além da próxima curva.
A vida é curva.

A vida é o que está pela frente e que ainda não aconteceu para nós que estamos aquém da curva. A vida está além. O aquém é o agora, o já, o passado vivido. O agora é o rastro reto e visível da vida. Eu olho para trás e enquanto meus olhos me permitem ver, eu vejo os meus rastros, as minhas pegadas, as minhas ilusões, o que ficou e o que passou. Mas quando eu olho para frente, eu não vejo nada com os olhos do presente, porque eles somente veem por meio de retas. E o que está na frente é curvo. E a curvatura é contínua. O próximo segundo se esconde do atual. Uma virada se esconde da outra. Então, quando olho para frente eu vejo... Não vejo três sementes de abóbora... Como diria Walt Disney, da Disneylândia, “o mundo maravilhoso de cores”, eu vejo possibilidades!
Além da próxima curva, eu não vejo carros, nem motores, vejo que nós estamos viajando pelas asas da imaginação. Como é grande o poder de nossa imaginação! Em segundos, ela nos transporta para os confins do universo sem fim, mas de possibilidades infinitas. Ela nos ajuda a ver essas possibilidades ocultas em cada segundo da eterna curvatura.
Como diria Sócrates, “tudo que sei é que nada sei”. Somente nossa imaginação poderá nos dizer o que existe além da próxima curva! É lá que tudo o que for possível está nos aguardando para existir. Tudo, tudo mesmo! Tudo está lá. Basta ver, basta olhar, basta imaginar! Mas não queira ver com olhos retos; veja com olhos curvos. Os olhos retos só veem o velho, mas os curvos veem o invisível, o que está além dos limites dos olhos retos. Eles veem um mundo novo de possibilidades que brotam na terra fértil de nossa imaginação. Os olhos curvos de nossa existência eterna nos ajudarão na revelação e construção de um universo cada vez melhor para todos nós.
Então, que o novo ano seja bem curvo e que todos nós tenhamos nele grandes e felizes aventuras. Que Deus nos abençoe para que possamos fazer uma feliz virada a cada novo dia desse ano de curvatura 2015.