domingo, 8 de maio de 2011

A morte do Comendador Eoni de Souza Lima

Filho de Aristides de Souza Lima e Osvaldina Queiroz Lima.

Nasceu no dia 29 de maio de 1920 no Bairro do Porto, na cidade de Cuiabá, Estado de Mato Grosso. Faleceu em Cuiabá, MT, em 08 de maio de 2011. Foi sepultado em Poxoréu no dia 09/05/2011, no Cemitério Municipal.

É o segundo de uma família de onze irmãos. Hoje estão vivos Eoni, Creone, Ivone e Iolete.

Em Cuiabá, Eoni morou nas ruas Coronel Peixoto, Prainha, Formosa, 15 de novembro e na rua dos Porcos. Ainda era criança quando acompanhou seu pai em algumas viagens de trabalho pelos sertões do Estado na implantação da linha telegráfica pela expedição do General Cândido Mariano da Silva Rondon. Seu pai, era telegrafista.

Aos sete anos Eoni começou a estudar no Grupo Escolar André Avelino, onde cursou até o quarto ano e fez a admissão em 1930. Com o falecimento de seu pai em 30 de outubro de 1930 e sendo um dos filhos mais velhos foi obrigado a interromper os estudos para trabalhar para que pudesse ajudar sua mãe no sustento dos irmãos menores.

Com 15 anos trabalhou como vendedor em várias casas comerciais, em Cuiabá.

Alistou-se no exército com 17 anos e serviu no 16º Batalhão de caçadores em Cuiabá, na rua 24 de outubro, hoje o 44º Batalhão de Infantaria Motorizada. No exército, teve oportunidade de servir em Campo Grande e Corumbá, hoje Mato Grosso do Sul. Influenciado pela profissão de seu pai, em 1939 aprendeu o ofício de telegrafista.

Completado o tempo, no Exército deu baixa e foi contratado temporariamente pela empresa dos correios e telégrafos na função de telegrafista e enviado em 1940, para servir na cidade de Poxoréu, onde prestou serviços, por dois anos.

Após deixar as funções de telegrafista em Poxoréu por força do encerramento do seu contrato e influenciado por alguns amigos garimpeiros aventureiros e ávidos por fortuna fácil, Eoni foi para o influente povoado garimpeiro do Batovi, hoje distrito do município de Tesouro. As atividades garimpeiras, que na época pareciam-lhe lucrativas não lhe trouxeram nem entusiamo nem lucro foi apenas ledo engano. Mas em Batovi, de fato, Eoni bamburrou. Em 1944 conheceu Alexandrina Gomes Camargo, nascida em Grajaú Maranhão, no dia 26 de maio de 1926. Namorara e se casaram no dia 26 de novembro de 1945, na colônia indígena de Sangradouro. Dessa união nasceram sete filhos, dos quais sobreviveram três: Afonso Souza Lima, José Maria Souza Lima e João Batista Souza Lima. Mais tarde, adotaram Lucy Souza Lima.


Eoni permaneceu em Batovi até o ano de 1952, quando retorou a Poxoréu, indo trabalhar na lavoura, na região de Água Emendada. Em seguida, mudou-se para a região garimpeira da Barra do Coité, onde exerceu as funções de professor primário. Eoni percebendo que o magistério não lhe daria qualidade de vida para a família mudou-se para a cidade de Poxoréu e foi trabalhar no
bar do senhor Renato Coutinho, na Rua Bahia. Os dois, Renato e Eoni tornaram-se compadres e grandes amigos. Incentivado pelo amigo e tendo concluído o curso primário e o admissão, resolveu fazer o curso de contabilidade por correspondência no Instituto Universal Brasileiro, concluindo-o em 1956. Muda-se para o centro da cidade e numa casa alugada abre o seu escritório de contabilidade, tornando-se o segundo guarda livros da cidade. Não podendo assinar como contador recorreu a alguns amigos, Dona Auribela de Albuquerque, Cândido Noleto e o José Maria seu filho que cursou contabilidade em São Paulo.
Tudo muda em sua vida, as condições financeiras melhoraram e o sucesso de sua profissão, foi tamanha, que ele chegou a abrir um escritório contábil na vizinha e novel cidade de Mutum.
Eoni, mesmo sendo um cidadão humilde, simples, tímido até, não foi um recluso das atividades sociais e políticas de Poxoréu. Assumiu sim, vários cargos importantes na comunidade poxorense: presidente da cooperativa dos garimpeiros, presidente do Diamante Clube Sociedade Recreativa de Poxoréu, foi escrivão da polícia temporariamente pela delegacia da cidade, foi presidente as Associação do Hospital e Maternidade de Poxoréu. Ingressou na Ordem Maçônica Luz e Trabalho de Poxoréu, onde ocupou vários cargos. Foi venerável várias vezes. Estudante Assíduo: Quanto aos estudos Eoni não estava satisfeito. Logo que se criou o curso ginasial em Poxoréu no Ginásio 7 de Setembro, concluiu o ginásio. Em 1976 concluiu o curso de magistério na escola de segundo grau Dr. Fernando Correa da Costa, hoje Pe. César Albisetti.


O Político: Eoni, vivendo em Poxoréu e exercendo as mais diversas funções, acompanhou bem de perto o seu desenvolvimento político sem, no entanto se lançar em campanhas político partidárias.

Mas sua vez chegou. Com a implantação do regime militar no Brasil, o entusiasmo pela candidatura a prefeito do município diminuiu. O PSD (Partido Social Democrático), a UDN (União Democrática Nacional) e outros partidos foram banidos. Na campanha eleitoral de 1972, houve
apenas um candidato em Poxoréu. Nas eleições de 1976, as dificuldades eram as mesmas. Pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro), se apresentou o jovem economista Eustázio de Barros Filho, trazendo algum temor à situação que não tinha um candidato à vista. A ARENA (Aliança Renovadora Nacional), depois de muitas reuniões e consultas foi encontrar no cidadão Eoni de Souza Lima, o candidato ideal, para vencer as eleições. Ele concorreu, venceu e governou Poxoréu de 1977 a 1982.


O Administrador: Assumindo a prefeitura Eoni com a sua humildade e simplicidade procurou como metas para sua administração, algumas prioridades: A educação foi a primeira. No governo anterior ao seu, o município praticamente paralisou as suas atividades em função da construção da hidrelétrica Governador José Fragelli. Os salários havia muitos anos que não eram reajustados.

Entre 1974 e 1977, os professores municipais ganhavam apenas por oito meses de trabalhos anual, com um salário de 418,00 cruzeiros. Em 1977 Eoni já pagou um salário de 1.202,24 cruzeiros e passou a pagar dez meses.
Em 1978 os professores que não eram protegidos por um instituto de previdência, passou a receber um salário de 2.000,24 cruzeiros por mês. Em 1979 receberam um salário de 2.800,00 cruzeiros mensais e todo o pessoal lotado no departamento de educação, foi contratado pela CLT e ligados ao INPS, 1980 foi um ano privilegiado para os professores municipais em março ano privilegiado para os professores municipais em março receberam um aumento de 10% em agosto mais 30% em outubro mais 30%. Eoni analisando a situação da educação no município tomou algumas providencias importantes. Dentre essas, ele negociou com o governador do estado, para que passassem para rede estadual todas as escolas dos distritos que até então eram municipais.

Quotidianamente, logo nas primeiras horas comerciais, da cidade o poxorense, que transita pelas ruas Mato Grosso, Avenida Brasil e Rua Paraíba, podoa até passar despercebido, mas se estivesse atento, veria o casal Souza Lima a passos lentos, indo ou vindo de sua caminhada matinal.

Em algumas das missas celebradas na Matriz da Igreja Católica, infalivelmente ele agradeceu a Deus, pela a vida bem vivida em Poxoréu.

Em outubro de 2010 foi homenageado com a Comenda Viva Pó-Ceréu, instituída pelo Município de Poxoréu, para homenagear as pessoas que têm contribuído para o seu desenvolvimento.


Texto: Prof. João de Sousa
Fonte: A UPENINA nº 3, setembro de 2010, Poxoréu, MT. Revista da União Poxorense de Escritores.

9º Encontro de Violeiros: um avento que se agiganta.



Gaudêncio Amorim

O município de Poxoréu promoveu em 2003 o encontro de violeiros e, a partir dele, legiões de brasileiros acharam o caminho de Poxoréu para viver o encantamento de uma noite de viola, cuja emoção só pode ser narrada na experiência particular de cada participante que se deixou absorver inteiramente e, que desde o seu advento, foi crescendo até se tornar completamente do povo brasileiro pela louvável iniciativa do município de Poxoréu no Estado de Mato Grosso.

A 9ª edição do encontro de violeiros de Poxoréu pode ser equiparada a um bom vinho que quanto mais velho, melhor. Sua fama se reveste da mesma e senão maior importância que as jazidas diamantíferas de 1924 encontradas na 2ª expedição de João Airenas Teixeiras em São Pedro, cujo achado justificou o povoamento de região e, por conseguinte, o município de Poxoréu. O que é diferente,porém , é que o encontro de violeiros sinaliza uma ferramenta cultural de exploração econômica planejada e sustentável bem diferente do aspecto predatório e inconseqüente da exploração de diamantes no inicio do Sec. XX.

Na época do garimpo, a notícia percorreu as manchetes de jornais e revistas do Brasil; no encontro de violeiros, Poxoréu também se transforma no epicentro da mídia nacional, formulando registros que vão desde as melodias, os violeiros, a culinária, o turismo, a história e o legado de todas uma geração que se torna o mais importância produto para o consumo de milhões de brasileiros.

O 9ª encontros de violeiros de Poxoréu, segundo estimativa de alguns analistas foi prestigiado por um público de 15 a 25 mil pessoas entre as noites de Sexta Feira (dia 29) e sábado (dia 30/04) já se constituindo no 3º maior evento em público, atrás apenas de Barretos, em São Paulo e o Encontro dos Katireiros em Goiás, na opinião do Dr. Juvenal (Desembargador Estadual-vice Presidente do Tribunal de justiça de Mato Grosso).

Ademais, com a especificidade da viola, onde os violeiros se encontram em conjunto, diferente dos Shows particulares, só acontece em Poxoréu promovendo, inclusive, um encontro de geração e a revivificação da música raiz, como acontece em 2011, Zé Mulato e Cassiano, na estrada desde 1972 (ambos com mais de 60 anos de idade) com Otávio Augusto (32 anos) e Gabriel (28 anos), jovens de profissão, mas gigantes da viola cuja arte, certamente, possui a suprema aprovação do mestre Tião Carreiro.

Em particular, chama a atenção à evolução do concurso amador que projeta no cenário da viola, novos violeiros profissionais, diversificando e enriquecendo gerações como Lucas Reis e Thásio Candido; Marco Aurélio e Monte Negro; Kleuton e Karem; Eder e Cícero viola; Pedro Barbosa e Francis Lima e Bruna Violeira, todos egressos dos concursos de Poxoréu promovido a partir de 2003, os quais, na noite de 29/04, já na categoria profissional, deixaram registrados os seus shows, eivados de calorosos aplausos desde os pequenos Vinicius & Venâncio ao experiente Pedro Barbosa, ganhador dos dois primeiros concursos.

Noutra direção, as musicas raízes, de natureza genuinamente caipira, as quais pareciam se apresentar indesejáveis do publico jovem, se renovam nos delírios juvenis de um refrão marcante de uma outra melodia, produzindo coros ensurdecedores e ecos apropriados para gravações ao vivo. Sem desprestigiar as musicas eletrônicas da modernidade, a juventude tem demonstrado um novo reviver da, reconceituando – a e deleitando – se no sentido de uma melodia com mensagem, fundo moral e que por si, transmite valores e ensinamentos e não apenas sonoridade estridente a “provocar o corpo”. É evidente que a esta juventude não se reserva apenas o papel de espectadora, mas de reprodução do estilo para perpetuação de genuínos nomes da viola filhos de Poxoréu , assim como Aurélio Miranda , nosso cancioneiro maior.

Neste sentido, o evento enraíza seus pés numa época histórica, porém com os olhos fixos no futuro, modelando um palco de prosperidade que caminha na direção da sofisticação do evento para atenção da mídia internacional e, muito principalmente, na maturidade política da própria sociedade e na responsabilidade social das lideranças bem intencionadas, comprometidas com o desenvolvimento das potencialidades municipais na construção efetiva de um caminho para o progresso no que tange a “um saber relacionar-se” corporativas a ponto de ofuscar a grandeza do evento e o ganho coletivo da sociedade.

Á guisa de conclusão é oportuno mencionar Rui Barbosa, que entrou como um gênio anão desconhecido do mundo no portal gigante de Haia na Holanda e o deixou gigante o portão anão, nanico para comportar tamanha genialidade ,assim como está o Encontro de violeiros ,enquanto as tensões latejam nas disputas de espaço para o evento, nenhum dos litigados satisfazem mais uma nova realidade, obrigando as lideranças se agigantarem pelo menos ao tamanho dele, desnudadas das convicções ideológicas marcadas por disputas de poderes, patenteado por grupos ou associações de pessoas.

O encontro de Violeiros de Poxoréu está cada vez melhor. Então,todos nós como uma águia que se renova ,renovamos nossas energias, nossas conceitos e nossas convicções para seguirmos para lógica de fazê-lo “cada ano melhor”


Prof. Gaudêncio Amorim, poeta e escritor, 1º Vice-Presidente da UPE.

domingo, 1 de maio de 2011

Em prol de Poxoréu

Upeninos Luís Carlos Ferreira, João Batista Araújo Barbosa e João Batista Cavalcante




Nono Encontro de Violeiros. Primeiro Dia Rural no Abraço da Viola. Acabaram-se as festividades. As violas tocaram na Tenda do Paço Municipal e na Concha Acústica do Sindicato Rural. Elas deram o seu recado. O povo amou. Participou. Festejou. Poucos quiseram saber por que a festa foi aqui ou porque foi lá, ou porque foi ali e acolá. O que todos queriam era ouvir e cantar a verdadeira música de raiz sertaneja. E isso não faltou. E por isso, parabéns, Poxoréu! O seu povo está feliz.
Mas... E agora, prefeito Ronan? E agora, presidente Zé Violão? E agora, povo de Poxoréu? O que teremos pela frente após estes dois dias de cantoria? E de alegria?
A cidade não pára. Seu coração pulsa no ritmo dos projetos que suas lideranças sonham para o seu desenvolvimento. Assim, sonhar é preciso! Todavia, um sonho nem sempre é bom para todos e nem todos têm os mesmos sonhos. Às vezes é preciso ponderar, avaliar os melhores projetos e estabelecer prioridades. O consenso deve ser buscado a todo custo para que se consiga realizar o máximo com o mínimo.
Atendendo a um convite do Dr. Jurandir Ventresqui Guedes, Presidente da Subseção da OAB em Poxoréu, diversas pessoas poxoreanas fizeram do primeiro de maio um dia de encontro em prol de Poxoréu, em sua chácara. Entre as autoridades estavam o Desembargador Juvenal Pereira da Silva, Vice-Presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso; o Sr. Ronan Figueiredo Rocha, Prefeito de Poxoréu; o Vereador Leônidas Barcelos, Presidente da Câmara Municipal de Poxoréu; o Dr. João Batista Cavalcante, Presidente do Tribunal de Prerrogativas da OAB/MT; o Dr. Izaias Resplandes de Sousa, Presidente da União Poxorense de Escritores; o Dr. José Jorge Sobrinho, Presidente do Sindicato Rural de Poxoréu; o professor Gaudêncio Amorim, Secretário de Administração, Garibaldi Moraes, professor Luis Carlos Ferreira, Dr. Jeová Xavier, Dr. Jean-Louis Stock, arquiteto e blogueiro, João Batista Barbosa, advogado e blogueiro, o empresário Tanaka, professores e amigos da cidade.O dia tanto foi de elogios para as boas realizações, como também foi uma oportunidade para dialogar e aparar eventuais arestas que a vida democrática impõe de forma natural. Houve muitos debates, propostas e justificativas.

O Dr. Juvenal Pereira (foto acima) demonstrou o seu interesse de caminhar ao lado das lideranças do município em prol de Poxoréu. Todavia, deixou claro – e não somente ele, mas também outros como o Sr. Tanaka, por exemplo – que estará fora do movimento se vier a sentir que o interesse particular de cada um possa estar interferindo no projeto coletivo em prol de Poxoréu. O desembargador disse estar pronto, a qualquer instante, para acompanhar as lideranças nas reivindicações dos projetos em prol de sua terra. Para tanto, destacou ser necessário que busquemos o entendimento sobre quais serão os nossos projetos, os projetos da cidade pelos quais todos envidarão esforços para realizar.
A primeira grande discussão do encontro se deu em torno do local onde será realizado o 10º. Encontro de Violeiros. A idéia de consenso é que o evento deva voltar para a Concha Acústica, na sede do Sindicato Rural de Poxoréu. O local foi construído para essa finalidade. Embora os gastos com o aluguel das tendas e da carreta de som possa ser “mais em conta”, o aluguel é sempre um investimento que vai e não volta. Se esse dinheiro do aluguel vai sendo, evento após evento, investido na Concha Acústica, ela ficará cada vez melhor. E ali se poderá realizar não somente o Encontro de Violeiros, mas os Festivais de Música, de Teatro, de Poesia e outros eventos de platéia, pois foi preparada para isso. Já se gastou muito dinheiro ali e esse investimento precisa ser mais bem utilizado. Ao término da reunião, nos pareceu que o consenso foi alcançado e que em 2012, o Encontro de Violeiros será realizado na Concha. E as tendas somente serão usadas se forem necessárias para complementar a estrutura.
Além desse resultado, as lideranças passaram um pente-fino nos principais temas da Administração Pública, concluindo ser necessária uma maior transparência na aplicação dos recursos públicos municipais. Na ocasião foi sugerida a realização de um programa mensal de rádio, tipo “Café com o Prefeito”, onde esse possa conversar com a população, esclarecendo suas dúvidas e anseios. Também foi sugerido que a Prefeitura use o seu site na internet para a divulgação de suas atividades. A mesma observação foi feita em relação à Câmara Municipal. É consenso de que haverá um maior apoio da população se as ações municipais forem feitas de forma clara e bem explicada para que todos possam entender.Nos agradecimentos finais ficou a decisão de um novo encontro em junho, por ocasião dos festejos do padroeiro da cidade.

*Izaias Resplandes de Sousa, Advogado e Professor de Matemática é o Presidente da União Poxorense de Escritores.