quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

sábado, 27 de outubro de 2018

A liberdade de decidir

A liberdade de decidir

Izaias Resplandes de Sousa


O homem vive uma eterna corrida pela realização de sua meta de vida. Tudo começa ao nascer, às vezes até antes sem que a gente se dê conta. E dura enquanto vivermos e, às vezes até depois da morte, embora nem sempre tenhamos convicção de que isso ocorra. No entanto, seja pelo que seja, seja pelo que temos consciência, seja pelo que acreditamos, a meta de uma vida humana tem a duração dessa vida, começando onde começar e terminando onde terminar.

Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor. Efésios 1:3,4.

Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Mateus 25:34.

A besta que viste foi e já não é, e há de subir do abismo, e irá à perdição; e os que habitam na terra (cujos nomes não estão escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se admirarão, vendo a besta que era e já não é, ainda que é.Apocalipse 17:8.

E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo. Apocalipse 20:15.

A luta pode ser linear ou cheia de altos e baixos. É variável conforme as circunstâncias. Poucos seguem a linearidade. A maioria segue por esse sobe e desce.

Eis que saiu o semeador a semear. E aconteceu que semeando ele, uma parte da semente caiu junto do caminho, e vieram as aves do céu, e a comeram; e outra caiu sobre pedregais, onde não havia muita terra, e nasceu logo, porque não tinha terra profunda; mas, saindo o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz, secou-se. E outra caiu entre espinhos e, crescendo os espinhos, a sufocaram e não deu fruto.E outra caiu em boa terra e deu fruto, que vingou e cresceu; e um produziu trinta, outro sessenta, e outro cem.Marcos 4:3-8.

O que semeia, semeia a palavra; e, os que estão junto do caminho são aqueles em quem a palavra é semeada; mas, tendo-a eles ouvido, vem logo Satanás e tira a palavra que foi semeada nos seus corações. E da mesma forma os que recebem a semente sobre pedregais; os quais, ouvindo a palavra, logo com prazer a recebem; mas não têm raiz em si mesmos, antes são temporãos; depois, sobrevindo tribulação ou perseguição, por causa da palavra, logo se escandalizam. E outros são os que recebem a semente entre espinhos, os quais ouvem a palavra; mas os cuidados deste mundo, e os enganos das riquezas e as ambições de outras coisas, entrando, sufocam a palavra, e fica infrutífera. E estes são os que foram semeados em boa terra, os que ouvem a palavra e a recebem, e dão fruto, um trinta, e outro sessenta, e outro cem. Marcos 4:14-20.

A linearidade exige postura firme, seja no que for favorável, seja no que for contraditório, seja no sim, seja no não. Aquele que segue por essa trajetória costuma levar uma vida difícil. Sofre perseguições de todos os lados; é afrontado e desrespeitado pelos que pensam e se posicionam de forma diferente.

Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem. Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Mateus 7:13-16.

E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós. E de todos sereis odiados por causa do meu nome. Lucas 21:16,17.

Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte. 2 Coríntios 12:10.

É difícil dizer que uma trajetória é melhor do que a outra, porque para cada um, a sua trajetória é sempre a melhor, em detrimento de todas as outras. As ideias e os pensamentos de um dificilmente serão iguais às de outros. Cada ser humano tem as suas próprias ideias e deve ser respeitado por tê-las.

Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um. Romanos 12:3.

E, se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber. 1 Coríntios 8:2.

Portanto assim diz o Senhor: Vós não me ouvistes a mim, para apregoardes a liberdade, cada um ao seu irmão, e cada um ao seu próximo; pois eis que eu vos apregoo a liberdade, diz o Senhor, para a espada, para a pestilência, e para a fome; e farei que sejais espanto a todos os reinos da terra. Jeremias 34:17.

Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade. Tiago 2:12.

E isto por causa dos falsos irmãos que se intrometeram, e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão. Gálatas 2:4.

Cada ser humano que tem vindo ao mundo tem em si o dom do discernimento mínimo que é necessário para que faça as suas escolhas e responda por elas.

De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus. Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão. Romanos 14:12,13.

O direito de cada um decidir sobre o que quer é sagrado. Quem não respeita essa liberdade ainda não compreendeu o princípio fundamental da vida, que é a liberdade. Qualquer que atentar com isso, atenta contra a liberdade. O livre arbítrio é basilar na existência humana.

Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor. Josué 24:15.

O homem pode errar em suas escolhas, mas um não morrerá por conta das escolhas do outro. O que escolher mal pagará por sua escolha.

Que pensais, vós, os que usais esta parábola sobre a terra de Israel, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram? Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que nunca mais direis esta parábola em Israel. Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá. Ezequiel 18:2-4.

A decisão está diante de nós. Escolhamos com amor e misericórdia, pensando em nós, mas principalmente, pensando nos que mais sofrem neste país. E seja o que seja, prossigamos com respeito e consideração por todos, ninguém se julgando melhor do que ninguém.

Completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa. Nada façais por contenda [partidarismo] ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens. Filipenses 2:2-7.

Que todos nós sejamos abençoados!

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

A esperança de pobre nunca morre


A esperança de pobre nunca morre

Izaias Resplandes de Sousa


A revolta e a indignação, inexoravelmente provoca a dor, mas essa dor é muito mais forte quando os motivos da revolta e da indignação fazem parte de nossas próprias estruturas; dói muito mais quando a causa da dor está dentro da gente.
Quando eu ouvia dizer que as pessoas eram atacadas pelos coturnos e botinas das ditaduras de ontem; e que o homem se tornava o lobo do homem; e que torturava, que sequestrava, que matava e fazia desaparecer homens, mulheres e crianças simplesmente porque essas pessoas ousavam dizer o que pensavam e reclamar pelos direitos de viver com dignidade; quando eu ouvia dizer essas coisas, eu sofria muito, e, empaticamente, eu sentia a dor que elas sentiam... Mas, quando eu próprio levei as botinadas e coturnadas nas costelas, na cabeça e por tudo quanto é lado; quando eu mesmo fui torturado e fui alvo daquelas agressões; quando eu fui usado e abusado e depois largado e abandonado; quando eu fui o objeto de depreciação daquelas forças, então a minha dor se multiplicou muitas vezes mais.
Aquelas pessoas que batiam, sequestravam, torturavam, matavam e faziam desaparecer até os cadáveres... Aquelas pessoas sempre pensaram que eram melhores do que eu; pensavam que eram meus senhores e meus deuses e que eu lhes deveria obedecer incondicionalmente, ou então sofrer as consequências.
“Deita no chão”, “ponha as mãos nas costas”, “não se mexa”... Quantas pessoas ouviram isso somente porque eram pobres, maltrapilhos, negros e LGBTs... Eu não quero continuar vendo isso nunca mais. E vou lutar por essa causa enquanto eu viver.
Eu não fui castigado diretamente pelos ditadores, mas eu sofri as consequências de suas ideias autoritárias. Eu era estudante ginasial na década de sessenta. Meus pais eram pobres. Não havia escola pública para que eu e meus irmãos estudássemos. E de um universo de treze irmãos, eu e um outro fomos escolhidos para ir estudar na cidade. Meu irmão foi morar com uma tia em uma cidade e eu fui morar com outra tia, em outra cidade. Fui tirado do seio de minha família porque não tinha escola para mim no lugar onde eu vivia.
E então eu fui para a cidade. Mas a escola que tinha lá para mim era particular. E meu pai não tinha condições de pagar. E minha tia, igualmente muito pobre, com muitos filhos para sustentar, também não tinha condições. Mal conseguia me alimentar. E então, com dez anos de idade, eu fui obrigado a trabalhar para pagar a minha escola. Na hora do recreio, meus colegas lanchavam e eu sentia o agradável cheiro dos cachorros quentes que eles comiam e sonhava com o dia eu que pudesse comer pelo menos um pedaço de um deles acompanhado por um gole grapette, um refrigerante de uva daquela época. Mas eu não podia nem espichar os olhos para a merenda de meus colegas, porque só de estar ali, naquela escola de pessoas que podiam pagar para estudar já era um grande privilégio para um filho de pobre como eu.
Aquela geração achava muito normal que uma criança de onze anos como eu tivesse que trabalhar como um adulto. Eu fazia a limpeza de minha sala de aula em troca da mensalidade escolar; e depois eu vendia as coisas na rua para ter com que comprar cadernos, livros e outros materiais escolares. E acabei tomando gosto pelo dinheiro que conseguia, de tal sorte que, mal consegui terminar o ginásio naquele tempo, pois o que me interessava era trabalhar e ganhar dinheiro, ainda que fossem trocados.
Perdi muitos anos de minha vida em trabalhos corriqueiros e mal remunerados, ao invés de estudar e me tornar um profissional de verdade. Terminei o ginásio em 1973, mas somente concluí o segundo grau em 1984. E somente ingressei na faculdade em 1995. Foram onze anos para concluir o 2º grau e onze anos para ingressar na faculdade. E não pode ser de outra forma, porque eu próprio tivera que trabalhar para prover o meu sustento, não sobrando muito tempo e disposição para estudar.
E então eu vi as coisas mudando enquanto eu envelhecia. E veio a Constituição de 1988 e depois dela várias leis assegurando o direito de todos ao estudo, principalmente para as crianças, as quais foram protegidas até os dezesseis anos para que pudessem ser crianças, brincar, estudar e se preparar para viver uma vida digna.
Mas apesar da Constituição e das leis, os direitos não vieram sem lutas. E eu participei dessas lutas. Eu vivi essas lutas. Eu fui para as ruas e agitei bandeiras, e fiz discursos, e enfrentei o sistema... E então eu vi os governos lentamente mudando e se aperfeiçoando, ao rufar dos tambores de nossas lutas na resistência em favor da inclusão de todos aqueles que, por alguma razão social, física, cultural ou qualquer outra que fosse, estivessem impedidos de exercer os seus direitos como pessoas humanas que são.
E eu sou feliz porque eu vi os pobres, os negros, os índios, as mulheres, os portadores de necessidades especiais e toda a diversidade de gênero incluída nos programas sociais de meu país. Eu vi os pobres comendo, estudando, se preparando para o trabalho e trabalhando, no campo e nas cidades. E repito que não estou dizendo isso apenas porque me contaram, mas porque eu vi e vivi tudo isso, como também a maioria da população brasileira ainda vê e vive tudo isso até os dias de hoje.
E a luta nas trincheiras da resistência deve continuar. Os números divulgados pelo IBGE me mostram que estou no caminho certo ao dizer isso. A pesquisa revela que 53,9 milhões de brasileiros vivem na pobreza. E que desse total, 21,9 milhões de pessoas são indigentes e não tem dinheiro para comprar os alimentos que precisam. A pesquisa diz ainda que mais da metade da população do Brasil ganha menos de um salário mínimo por mês. E que a riqueza está nas mãos de menos de dez por cento da população privilegiada do Brasil.
E alguém ainda vem me falar de capitalismo como a solução para esse Brasil de pobres e miseráveis como eu! Desculpem-me os que estão dentro, mamando nas tetas do sistema, mas não são vocês os que precisam de socorro, porque vocês podem cuidar de vocês. E nós, com quem poderemos contar?
E ao encerrar, eu lhes digo que a minha tristeza é ainda maior, porque até uma grande parcela da igreja, que deveria representar a força dos fracos e oprimidos, hoje eu a vejo adotando  e seguindo o discurso capitalista dos incluídos e favorecidos do sistema, defendendo a exclusão social em nome de Deus, indo contra o discurso cristão de Jesus de que a missão dele e de sua igreja é buscar e salvar o perdido, o que não tem, o pobre, o necessitado, a ovelha errante, o que não tem ninguém por ele...
Se você é um pobre como eu, ou até mais que eu e não quer se ver no espelho dessa narrativa, tudo bem... Eu te compreendo, porque sei que você deve estar sonhando que já está salvo, que já não sofre, que já tem o que precisa e que Deus veio em teu socorro. Mas eu gritar  ao seu coração: Acorda, irmão! Seu sonho ainda não é realidade. E nós precisamos de você na luta. Junte-se a nós: excluídos unidos, jamais serão vencidos! Excluídos unidos, jamais serão vencidos!
 E se você é um dos que tem, pode ser que você também não queira se ver no espelho da verdade desta narrativa, porque você se acha autossuficiente, senhor de si, independente... Mas, eu te digo que apesar de sua riqueza e do que você tem de bens, você é muito mais pobre do que eu, porque eu me amo e tenho quem me ama, mas você não é amado por ninguém.
E então, se vai ser eu de cá e você de lá, fique com o seu candidato dos ricos, mas me respeite e deixe que eu fique com o meu candidato dos pobres, porque se você não sabe quem você é, eu sei quem eu sou e quem é minha verdadeira gente.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

ANÁLISE DO PLANO DE GOVERNO BOLSONARO - I

ANÁLISE DO PLANO DE GOVERNO BOLSONARO




1 . DEMOCRACIA E ECONOMIA

O candidato militar ao governo do Brasil Jair Bolsonaro em seu plano de governo exalta o governo da ditadura e condena os governos democráticos dos últimos 30 anos. Eis sua proposta: “Enfrentaremos os grupos de interesses escusos que quase destruíram o país. Após 30 anos em que a esquerda corrompeu a democracia e estagnou a economia, faremos uma aliança da ordem com o progresso: um governo Liberal Democrata”.

Pois bem… A gente conhece a seriedade de uma pessoa não é pelo que ele diz, mas pelo que ele faz, pelo que ele concorda, pelo que ele tenta esconder, pelo que ele propõe. Vejamos  não o que foi escrito agora para “ganhar o voto do povo”, mas o que foi dito e aconteceu antes de começar os tais trinta anos e o que aconteceu nos últimos trinta anos.

Bolsonaro diz que a economia e a democracia se estagnou nos últimos 30 anos, período da Nova República, em que o país foi governado com base na Constituição Cidadã de 1988. Período que ficou conhecido como a Nova República, cujos governantes foram os seguintes: - 1992 - Fernando Afonso Collor de Melo; - 1992 a 1995 - Itamar Augusto Cautiero Franco;  -1995 a 2002 - Fernando Henrique Cardoso; - 2003 a 2010 - Luiz Inácio Lula da Silva; - 2011 até 2016 - Dilma Vana Rousseff (afastada por processo de impeachment em 31 de agosto de 2016); - 31 de agosto de 2016 - início do governo do presidente Michel Temer (que era vice de Dilma).

Havia democracia no regime militar? O povo votava para escolher seu Presidente?  A resposta é um sonoro NÃO! O presidente Sarney não foi eleito pelo povo. Foi eleito pelo Congresso Nacional. E convocou a Assembleia Constituinte que fez a atual Constituição, restaurando a democracia no Brasil.

O povo somente voltou a eleger seu Presidente a partir de 1990. Fernando Collor de Melo foi o primeiro presidente DEMOCRATICAMENTE ELEITO após o regime militar. O povo pode ter errado, mas esse povo exerceu a sua LIBERDADE de escolher. Isso é democracia.

A economia ia bem no último governo militar, sob a batuta do General Figueiredo? E no último governo não eleito, o de José Sarney, sucessor de Figueiredo? Não! Na economia, o principal símbolo do governo Figueiredo foi o aumento da inflação, que chegou a 225,9% ao ano em fevereiro de 1985 e que foi de 46,1%  já no primeiro mês de seu governo. A dívida externa chegou a US$ 100,2 bilhões em 1984, representando um crescimento de US$ 50,3 bilhões em relação a 1979. O governo Sarney, último, antes do retorno da democracia, apesar dos esforços do Plano Cruzado, terminou em 1990 com inflação de 1764,86%.

O jornal O Estadão, de São Paulo, registra em manchete: Inflação: um problema que não pode ser esquecido e diz que “da hiperinflação da década de 80 à inflação na casa de um dígito que se vê hoje, o Brasil passou por uma longa história de instabilidade e aflição em relação aos preços”.

E continua…
"No auge dessa hiperinflação, o trabalhador recebia o salário no dia 1º e já corria para o mercado porque sabia que no dia 30 estaria com toda aquela inflação embutida, mesmo que ela não viesse a ocorrer", diz José Kobori, professor do Ibmec. Para ele, a indexação da economia foi um agravante da escalada inflacionária brasileira.
Fruto do esgotamento do modelo econômico adotado pelo regime militar, o Brasil viveu a década de 80 com um PIB fraco e a inflação em alta. Na tentativa de conter o aumento dos preços, planos econômicos e ministros se sucediam em curto espaço de tempo. Desde 1981, o Brasil teve seis moedas diferentes e 16 ministros da Fazenda. Diante da escalada inflacionária, as palavras "recorde" e "histórico" eram frequentes nas manchetes dos jornais. A inflação acumulada no País durante a década de 80 foi de 36.850.000%, como apontou texto de O Estado de S.Paulo da época.
E mais… O Jornal A Gazeta do Povo do dia 12/10/2017, traz a seguinte manchete: "5 coisas que a Ditadura Militar gostaria que você esquecesse: Assassinatos e torturas de crianças sem apuração dos culpados, inflação galopante, corrupção e aumento nos crimes urbanos: eis o legado do período militar" Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/5-coisas-que-a-ditadura-militar-gostaria-que-voce-esquecesse-5awepn1sdius9ws0m7na1zlnb/
O blog LUÍS NACIF ONLINE publicou em 04 de abril de 2014 A história esquecida do Capitão Bolsonaro, escrita por Luiz Egypto. Diz o texto:
Na barulhenta cobertura da mídia sobre as declarações racistas e homofóbicas do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) ao programa CQC, da Rede Bandeirantes, ficou esquecido, no fundo de um arquivo qualquer, um episódio de 24 anos atrás, também protagonizado pelo agora deputado federal, e que tocou em um dos fundamentos da atividade jornalística – qual seja, as declarações off the records, isto é, aquelas informações utilizadas pelo jornalista sob o compromisso de resguardar o anonimato de sua fonte.
A história é a seguinte. No segundo semestre de 1987, finda a ditadura e já sob o governo civil de José Sarney, a economia estava combalida em razão do fracasso do Plano Cruzado. A inflação era alta, tendendo a índices estratosféricos, e grassava forte insatisfação nos quartéis devido à política de reajustes dos soldos dos militares – além, é claro, do incômodo, sobretudo entre a oficialidade média, pela perda do poder político que gozaram por 21 anos seguidos.
Jair Bolsonaro era então capitão do Exército, da ativa, cursava a Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO) e morava na Vila Militar, na Zona Norte do Rio. Em setembro de 1986, ele assinara um artigo na revista Veja no qual protestava contra os baixos vencimentos dos militares. Por isso ele foi preso e, na época, sua punição provocou protestos de mulheres de oficiais da ativa – que, ao contrário dos maridos, podiam sair em passeata sem correr o risco de serem presas.
"Só para assustar"
Bolsonaro tornou-se fonte da revista. Em meados de outubro 1987, a prisão de outro militar, capitão Saldon Pereira Filho, pelo mesmo motivo, levou à Vila Militar a repórter Cassia Maria, de Veja, destacada para repercutir o ocorrido. Ali ela conversou com Jair Bolsonaro, que estava acompanhado de outro capitão e da mulher deste.
Sob condição de sigilo, a mulher do militar contou à repórter – e depois Bolsonaro e seu colega confirmaram – que estava sendo preparado um plano batizado de "Beco sem saída". O objetivo era explodir bombas de baixa potência em banheiros da Vila Militar, da Academia Militar de Agulhas Negras, em Resende (RJ), e em alguns quartéis. A intenção era não machucar ninguém, mas deixar clara a insatisfação da oficialidade com o índice de reajuste salarial que seria anunciado dali a poucos dias. E com a política para a tropa do então ministro do Exército Leônidas Pires Gonçalves – que teria sua autoridade seriamente arranhada com os atentados.
"Serão apenas explosões pequenas, para assustar o ministro. Só o suficiente para o presidente José Sarney entender que o Leônidas não exerce nenhum controle sobre a tropa", ouviu a repórter de Ligia, mulher do colega de Bolsonaro, identificado com o codinome de "Xerife".
Frase isolada
A repórter havia apurado uma bomba, no sentido literal e no figurado. Veja não respeitou o off – no que fez muito bem, neste caso, pois do contrário estaria acobertando atos terroristas – e quebrou o pacto de sigilo com a fonte. A história toda foi contada nas páginas 40 e 41 da edição 999 (de 27/10/1987) da revista. A repórter Cassia Maria anotou em seu relato:
"‘Temos um ministro incompetente e até racista’, disse Bolsonaro a certa altura. ‘Ele disse em Manaus que os militares são a classe de vagabundos mais bem remunerada que existe no país. Só concordamos em que ele está realmente criando vagabundos, pois hoje em dia o soldado fica o ano inteiro pintando de branco o meio-fio dos quartéis, esperando a visita dos generais, fazendo faxina ou dando plantão’. Perguntei, então, se eles pretendiam realizar alguma operação maior nos quartéis. ‘Só a explosão de algumas espoletas’, brincou Bolsonaro. Depois, sérios, confirmaram a operação que Lígia chamara de Beco sem Saída. ‘Falamos, falamos, e eles não resolvem nada’, disseram. ‘Agora o pessoal está pensando em explorar alguns pontos sensíveis.’
Sem o menor constrangimento, o capitão Bolsonaro deu uma detalhada explicação sobre como construir uma bomba-relógio. O explosivo seria o trinitrotolueno, o TNT, a popular dinamite. O plano dos oficiais foi feito para que não houvesse vítimas. A intenção era demonstrar a insatisfação com os salários e criar problemas para o ministro Leônidas.
(...)
Nervoso, Bolsonaro advertiu-me mais uma vez para não publicar nada sobre nossas conversas. ‘Você sabe em que terreno está entrando, não sabe?’, perguntou. E eu respondi: ‘Você não pode esquecer que sou uma profissional’."
Com esses antecedentes, não deixa de ser curioso que agora, quando o personagem volta à baila, a cobertura da edição (nº 2211, com data de capa de 6/4/2011) desta semana de Veja sobre o explosivo episódio de racismo, que suscitou tanta repercussão, resuma-se a uma mísera frase de Bolsonaro reproduzida na seção "Veja Essa".
Faltou um curioso da Redação para examinar o arquivo digital da revista. Faria um gol.
********
E agora digo eu, depois de ler a história: só um louco pode ter saudades do regime militar. Só um cego não consegue ver o fracasso governamental daquele regime e as lutas homéricas que os governos democráticos dos últimos 30 anos tiveram para controlar a inflação e colocar a economia outra vez nos trilhos.
Como se pode dizer que uma economia que gerou uma inflação de 225,9% em 1985 (último ano do governo Figueiredo) e que fechou o ano de 1990 em 1.764,86% (final do governo Sarney), mas que  nos oito anos de FHC teve a média de 9,1% ao ano, e uma média de 5,9% nos onze anos de LULA/DILMA  e que fechou 2017 com 2,95 % ao ano pode ser reflexo de uma economia corrompida e estagnada?
Pelo visto em seu Plano de Governo, Bolsonaro, se eleito, pretende reverter nossa economia e democracia para os níveis e estágios do fim da ditadura, quando, segundo ele, começou essa corrupção e estagnação?
Isso é o que eu venho tentando dizer para os meus relacionados. Não devemos ver e ouvir o lero-lero de agora. É preciso ver a história do candidato. Principalmente quando esse candidato já está no poder desde o início do período em que ele afirma que a economia se estagnou e a democracia, igualmente.
É de ver que Jair Messias Bolsonaro é deputado desde 1991, estando, atualmente, em seu sétimo mandato. Ou seja, ele foi deputado federal durante todo o período em que ele avalia como corrompido e estagnado.
É de destacar ainda que ele não possui ideologia partidária. Qualquer sigla que engula as suas pretensões serve para os seus interesses. Já foi filiado nos seguintes partidos: PRP, PP, PTB, PFL. Em 2017, estava no PSC, mas fez negociações para ir ao PEN. Lança-se candidato pelo PSL.
Segundo a imprensa, Bolsonaro é violento e durante o governo Sarney já esteve envolvido em atos terroristas, visando minar a autoridade do Ministro do Exército Leônidas Pires. Além da matéria que transcrevemos, a matéria completa pode ser lida na revista Veja, em: https://veja.abril.com.br/blog/reveja/reveja-jair-bolsonaro-explosivo-desde-1986/.
Continuaremos analisando o plano de governo e a história desse homem que para muitos evangélicos “é o Pai, o Filho e o Espírito Santo”.

Izaias Resplandes de Sousa

sábado, 6 de outubro de 2018

Os homens de poder


Os homens de poder

Izaias Resplandes de Sousa

Há muitas formas de se exercer o poder. Ricos e pobres podem exercê-lo. No entanto, a riqueza normalmente controla o exercício do poder. E por isso, os homens querem ser ricos, cada vez mais. A riqueza é o sonho de consumo de quase todo mundo. No afã de consegui-la, as pessoas costumam ultrapassar todos os limites possíveis. Verbos como matar, roubar, fraudar, mentir, enganar, distorcer, deturpar e outros tantos nessa linha são frequentemente conjugados por aqueles que têm fome de riqueza. Amizades são desfeitas e famílias desintegradas. Dizem de certas pessoas, que são capazes de matar a própria mãe para subir na vida. É de ver que a meta de alcançar a riqueza, pouca ou muita, faz com que o homem descumpra o contrato que garante a paz social e, assim, retorne ao estado de barbárie e selvageria e à sua eterna luta contra todos os demais. Nessa situação, o homem perde o seu bem mais precioso: a sua humanidade.
A Bíblia diz: Que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma? Marcos 8:36.
A alma é o bem maior de uma pessoa; é a sua vida, é o que pode existir ou o pode morrer. O salmista diz:
1)   Que a alma vive: Viva a minha alma, e louvar-te-á; ajudem-me os teus juízos. Salmos 119:175;
2)   Que a alma morre: Que homem há, que viva, e não veja a morte? Livrará ele a sua alma do poder da sepultura? Salmos 89:48.
O homem com sede de riqueza perde a sua alma antes da sepultura. O rico é quase sempre uma pessoa mesquinha, amarga, infeliz, medrosa.
O rico ajuda os outros com pequenas esmolas, cuidando para não acontecer de dar tudo e ficar sem nada; e ficar pobre. O que ele dá é aquilo que não lhe fará falta. O rico tem medo de ficar pobre. Ele detesta a pobreza. No entanto, a maioria dos pobres busca a amizade do rico, acreditando que estes podem se interessar por eles. Os ricos, como disse o deputado Justo Veríssimo, personagem criado por Chico Anísio, querem mesmo é que os pobres se explodam e que morram todos.
Jesus mostrou como agem os ricos e comentou sobre eles. Ele disse a um rico:
Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me. E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades. Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no reino dos céus. E, outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus. Mateus 19:21-24.
Não é que o rico não se salva. Nem todos os ricos estão inaptos ao reino dos céus. Jesus pode transformar o coração de todos, até mesmo dos ricos. A dificuldade deles está no fato de que eles confiam mais em suas próprias riquezas para se salvarem do que em qualquer outra coisa, o que não ocorre com os pobres, porque já que eles não têm nada em que possam confiar, por que não confiarem em Deus?
Jesus também fez um comentário sobre as ofertas que os ricos faziam, comparando-as com as ofertas dos pobres. É assim o relato:
E, olhando ele, viu os ricos lançarem as suas ofertas na arca do tesouro; e viu também uma pobre viúva lançar ali duas pequenas moedas; e disse: em verdade vos digo que lançou mais do que todos, esta pobre viúva; porque todos aqueles deitaram para as ofertas de Deus do que lhes sobeja; mas esta, da sua pobreza, deitou todo o sustento que tinha. Lucas 21:1-4.
É de ver que o dinheiro do pobre é tão pouco, que qualquer coisa que ele tirar vai lhe fazer falta. Mas, mesmo assim, o pobre sempre se sensibiliza com as necessidades dos demais. Ele sabe o que é sofrer, porque sofre todo dia. Então, mesmo sabendo que vai obter poucos resultados com suas ofertas, mesmo assim ele faz questão de ajudar. Já o rico, dá alguma coisa para aparecer e não porque realmente deseja ajudar a diminuir o sofrimento das pessoas. É claro que não vamos rejeitar as ofertas dos ricos, pois afinal, como disse certa mulher: Os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores. Mateus 15:27.
É de destacar que o mais importante nessa reflexão sobre o poder não é o fato de se ser rico ou se ser pobre, mas o que cada um faz com a sua riqueza em favor dos demais. Deus não deu mais a uns para que se locupletem de “deleites e prazeres”, mas muitos pensam que foi para isso.
De onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais, e nada tendes; matais, e sois invejosos, e nada podeis alcançar; combateis e guerreais, e nada tendes, porque não pedis. Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites. Tiago 4:1-3.
É de destacar a necessidade de que alguém promova a justiça social, o equilíbrio na distribuição de renda e a igualdade entre os homens. Esse é o papel dos governantes e de todos que têm recebido o poder para gerenciar. É de ver que o poder pertence a Deus. Aos homens cabe o gerenciamento conforme os propósitos divinos.
Deus falou uma vez; duas vezes ouvi isto: que o poder pertence a Deus. Salmos 62:11.
Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. 1 Pedro 4:10.
O apóstolo Paulo elogia a atitude dos crentes pobres da Macedônia, porque haviam entendido o papel das riquezas, poucas ou muitas.
Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da Macedônia; como em muita prova de tribulação houve abundância do seu gozo, e como a sua profunda pobreza abundou em riquezas da sua generosidade. Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente. Pedindo-nos com muitos rogos que aceitássemos a graça e a comunicação deste serviço, que se fazia para com os santos. E não somente fizeram como nós esperávamos, mas a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor, e depois a nós, pela vontade de Deus. 2 Coríntios 8:1-5.
O ato de compartilhar o que tem com os outros, ainda que se tenha pouco, tem a virtude de produzir o gozo, a alegria, o prazer. É de ver que, enquanto aquele primeiro rico que nos referimos ficou triste porque era possuidor de muitas propriedades e não se sentia à vontade para dá-las aos pobres, os pobres da Macedônia ficaram alegres e felizes de poderem compartilhar um pouco dos bens de sua pobreza com outros, igualmente pobres, que viviam em Jerusalém.
E Paulo explica o porquê de tal interesse:
Porque pareceu bem à macedônia e à Acaia fazerem uma coleta para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém. Isto lhes pareceu bem, como devedores que são para com eles. Porque, se os gentios foram participantes dos seus bens espirituais, devem também ministrar-lhes os temporais. Romanos 15:26,27.
É dando que se recebe. Assim diz a Palavra:
Dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também." Lucas 6:38
O homem que tem uma natureza tipicamente rica normalmente não se preocupa em ajudar porque ele acredita que nunca precisará de ajuda. Mas, todos sabem que ninguém é autossuficiente e, mais cedo ou mais tarde chegará o dia em que estaremos pedindo ajuda a alguém.
O homem poderoso às vezes até ajuda, mas não porque deseja ajudar, senão que para se livrar do aborrecimento daquele que bate em sua porta. A Bíblia cita um exemplo:
Disse-lhes também: Qual de vós terá um amigo, e, se for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, pois que um amigo meu chegou a minha casa, vindo de caminho, e não tenho que apresentar-lhe; se ele, respondendo de dentro, disser: Não me importunes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me para tos dar; digo-vos que, ainda que não se levante a dar-lhos, por ser seu amigo, levantar-se-á, todavia, por causa da sua importunação, e lhe dará tudo o que houver mister. Lucas 11:5-8.
Também conta a história de um juiz:
Dizendo: Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia, nem respeitava o homem. Havia também, naquela mesma cidade, uma certa viúva, que ia ter com ele, dizendo: faze-me justiça contra o meu adversário. E por algum tempo não quis atendê-la; mas depois disse consigo: ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens, todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte, e me importune muito. E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz. Lucas 18:2-6.
O que tem algum poder, normalmente faz alguma coisa pelo que não tem apenas para se livrar de um aborrecimento. Ele não têm prazer em ajudar. Os poderosos não se incomodam com as causas dos aflitos, dos que sofrem, dos miseráveis, dos desassistidos. Isso não quer dizer que eles irão todos para o inferno. Não estou julgando os ricos e nem a ninguém, mas apenas analisando essa categoria à luz da Bíblia. Não estamos aqui para condenar ninguém, principalmente porque Deus não faz acepção de pessoas e Ele não quer que nenhum pereça. Portanto, não é hora de jogar ninguém no Lago de Fogo. Isso vai acontecer, mas não seremos nós que faremos isso.
É de ver que os ricos também podem ser salvos. Vejamos o caso de Zaqueu.
E, tendo Jesus entrado em Jericó, ia passando. E eis que havia ali um homem chamado Zaqueu; e era este um chefe dos publicanos, e era rico. E procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura. E, correndo adiante, subiu a uma figueira brava para o ver; porque havia de passar por ali. E quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa. E, apressando-se, desceu, e recebeu-o alegremente. E, vendo todos isto, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador. E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado. E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido. Lucas 19:1-10.
Zaqueu foi um rico que se converteu e passou a ter grande prazer em ajudar aos pobres e a corrigir os seus erros. Isso não é coisa comum de se ver. A regra é que os ricos não se interessem por Deus, porque se acham deuses, senhores e poderosos. E isso é um caso de preocupação, principalmente quando vemos os pobres se comportando da mesma maneira.
Os ricos querem continuar ricos e os pobres também querem ficar ricos. Mas a verdade é que não existe a possibilidade de todos ficarem ricos, porque os recursos são limitados e não são suficientes para todos. Mas é evidente que não é de justiça que uns poucos tenham quase tudo, enquanto que os muitos restantes não fiquem com quase nada.
Jesus orientou aos ricos para fazerem a distribuição de suas riquezas. É nosso dever lutar pela diminuição das desigualdades sociais, pela minimização das diferenças de classes. Infelizmente, não é isso que vemos hoje em dia.
A regra em uma sociedade capitalista é fazer todo o possível para ganhar mais e perder menos. Pobres são orientados a deixar de comer, de vestir, de se divertir e coisas do gênero, para poupar, para colocar os seus minguados recursos nas mãos dos banqueiros, em troca de dividendos irrisórios. No entanto, esses, quando emprestam, cobram juros exorbitantes.
Não digo que não devemos fazer administração financeira, mas devemos ter cautela sobre como fazemos isso.
É de ver que poucos pobres ficaram ricos. Alguns até se remediam, mas a maioria pobre, sempre continua pobre, mesmo trabalhando para os ricos e poderosos. Jesus disse que sempre teríamos os pobres conosco. João 12:8.
A orientação bíblica é de que aprendamos a viver contentes, mesmo vivendo em uma situação de pobreza. O pobre é feliz, o rico não.
O pobre sai de casa com tranquilidade e vai se divertir. O rico se tranca em casa e fica vendo televisão, com medo de ser roubado. O pobre passeia pelas ruas, praças. O rico anda de carro, com medo de ser assaltado. A vida do rico é uma tribulação constante, enquanto que a do pobre é uma calmaria. No entanto, apesar desse quadro, os ricos querem continuar ricos e os pobres querem ser ricos a todo custo.
A Bíblia alerta:
Não te fatigues para enriqueceres; e não apliques nisso a tua sabedoria. Porventura fixarás os teus olhos naquilo que não é nada? Porque certamente criará asas e voará ao céu como a águia. Provérbios 23:4, 5.
E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui. Lucas 12:15.
Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom. Mateus 6:24.
Não confieis na opressão, nem vos ensoberbeçais na rapina; se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração. Deus falou uma vez; duas vezes ouvi isto: que o poder pertence a Deus. Salmos 62:10,11.
Ao que distribui mais se lhe acrescenta, e ao que retém mais do que é justo, é para a sua perda. A alma generosa prosperará e aquele que atende também será atendido. Provérbios 11:24,25.
O poder e a riqueza pertencem a Deus e deve ser usado para diminuir as desigualdades sociais e os sofrimentos de todos. É responsabilidade de quem tem qualquer forma de poder compartilhar esse poder com os que não têm para que cada um seja o mais universalmente igual ao outro.
Minha é a prata, e meu é o ouro, disse o Senhor dos Exércitos. Ageu 2:8.
É evidente que todo aquele que acha que tem algum poder não haverá de concordar com essa exposição, mas não é nosso objetivo contender. Apenas esclarecer. Cada um, no exercício de sua liberdade e no uso dos espaços que criar também poderá usar a tribuna para defender suas posições contrárias. Todavia, sempre com respeito e sem prover a desordem e a confusão.
Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos. 1 Coríntios 14:33.
Que o Senhor nos abençoe e nos ajude a compreender os nossos caminhos. Amém!