quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O preço do Ideal



Ideal é fé; é crença; é objetivo. Em nosso artigo intitulado “Um dia, Uma Academia...”, publicado à pag. 03 da edição do Jornal A Voz de Poxoréo” de 17 de março de 1989, dissertamos sobre a fundação da UPE – União Poxorense de Escritores e dos Upeninos, os membros da UPE; um grupo “que, sobre tudo e todos, amam e acreditam em Poxoréo; valorizam as conquistas, as lutas,o passado, o presente, a cultura e a história poxorense”. Upeninos: um grupo que ACREDITA em Poxoréo. Acreditar é crer; é ter fé. É essa crença, o objetivo maior da UPE e dos Upeninos: Acreditar em Poxoréo, lutar e viver por isso.
Viver e lutar por ideais pode ser gratificante, mas não é nada fácil quando se tem de viver mercê do Capitalismo selvagem dos Dominantes, o segmento social responsável pela morte de um exército de idealistas e pelo massacre de ideais os mais nobres que se possa conceber. Jesus Cristo, Joana D’Arc e Tiradentes são exemplos dessa verdade. Todavia, acreditamos no idealismo e achamos que somente com ideais em nossas vidas, poderemos viver com um pouco mais de dignidade e humanidade, porquê ser idealista é, acima de tudo ser humano.
O Capitalismo massacra o ideal; espezinha o ser humano. O dinheiro dá aos que o possuem um poder demoníaco. Até um provérbio para demonstrar o poder que o dinheiro exerce sobre o homem foi criado nos Estados Unidos, a sede mundial do Capitalismo: “por um dólar, fulano é capaz de vender a própria mãe ao Diabo”. Isso é absurdo, mas é real. É o poder do metal, do ouro, do dinheiro. O poder que escraviza e que domina e que impõe; o símbolo da tirania, da ditadura e outros sistemas similares. Lutar contra as hostes do Capitalismo é um preço que os idealistas, às vezes pagam até com as próprias vidas. E isso não é extremismo de esquerda. Não! Isso é a mais pura realidade.
Nós, upeninos, idealistas caracterizados pelo amor à cultura e a tantos outros valores poxorenses, diante dos Cristos, Joanas Darques e Tiradentes do passado, somos formigas próximas dos elefantes. Em relação ao inferno que eles viveram, vivemos senão no Paraíso, mas pelo menos no Purgatório.
Na “defesa da arte e da cultura” poxorense, nosso maior obstáculo é, em um paradoxo às idéias já expostas, exatamente a falta de dinheiro. Sem dúvida alguma, se comercializássemos a nossa criatividade, talvez nós tivéssemos os recursos para a nossa luta. Só que não seríamos idealistas. Seríamos tão mercenários quanto os capitalistas. E isso nós não queremos ser. Jamais! Padecer pela falta de recursos para defendermos a cultura e os valores de todos nós, idealistas e capitalistas, é o preço que pagamos para termos o nosso ideal de cada dia. Preço que pagamos com satisfação, porque acreditamos que, em um dia muito próximo, haveremos de ver aqueles que hoje servem tão somente ao Capital, converterem-se ao Idealismo Poxorense e, como nós, senão totalmente, pelo menos um pouco do Capital que possuem investirem na luta e na “defesa da arte e da cultura” poxorense. Nisso cremos; nisso apostamos e por isso haveremos de lutar e viver!
Viva Poxoréo! Viva a cultura poxorense! Viva a UPE!
Poxoréo, março de 1989.

Izaias Resplandes

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

ANTÔNIO LIMA FERNANDES

Por: Dr. João Batista Cavalcante,

ANTÔNIO LIMA FERNANDES, brasileiro, viúvo, funcionário Público Estadual Aposentado (Oficial de Justiça aposentado DO TJMT), nascido em
PIABANIA, GOIÁS, (atual MIRACEMA DO NORTE, ESTADO DE TOCANTINS), em
04 de junho de 1916, filho de FAUSTINO JOSÉ FERNANDES e de ROSA PEREIRA
LIMA, veio para POXORÉO – MT, em 1º de janeiro de 1940, onde trabalhou como vaqueiro e depois como garimpeiro, casou-se com MARIA RIBEIRO
LIMA, em 05 de maio de 1942, união que perdurou por 68 anos, até que a morte os separou, recentemente, em 02/07/2010. Após o casamento
continuou trabalhando como vaqueiro e garimpeiro .

Em 05/03/1956, passou a exercer o cargo de OFICIAL DE JUSTIÇA, da Comarca de
Poxoréo, nomeado por Ato Governamental, publicado no Diário Oficial de 28/02/1956, cargo
que exerceu até a sua aposentadoria em 28/04/1988, conforme Portaria nº 219/87/CM.
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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Bráulio Silva: marcas de um cidadão ativo




Por: Profª Leda Figueiredo Rocha do Lago



Cidadão! é a palavra, talvez, mais
oportuna, para qualificar a pessoa e
escrever a história de vida de Braulio Silva,
sob a nossa ótica, sem o propósito de
esgotá-la e sem ignorar qualquer outra que
indica participação, colaboração, generosidade,
bondade e alto senso de humanidade.
Braulio Silva é um nordestino, baiano
original, na mais exequível das expressões e
um homem simples, dos mais simples, entre
os seres humanos, que aos 19 anos deixou o
Estado da Bahia em direção a Mato Grosso,
onde, em 1948, juntou-se a sua primeira
companheira até 1977, quando a perdeu,
vindo a contrair um novo relacionamento
somente em 1983, com Sidalva Lélis
Macedo, com quem vive até hoje
Um homem que foi garimpeiro,
pedreiro, barbeiro e capangueiro dos mais
procurados pelos garimpeiros para vender
suas vultosas partidas de diamante entre
as década de 70 e 90, quando as
limitações da visão o impediu de
continuar o negócio. Um baiano cidadão
que ajudou a construir a história de
Poxoréu, desde que aqui chegou, na
década de 40 e que aqui continua, do alto
da sua simplicidade, promovendo as suas
intervenções anônimas, sempre para o
bem estar de outro cidadão.
P.S.: Matéria publicada na Revista "A Upenina nº 3", pag. 52-55, de autoria da Profª. Leda Figueiredo Rocha do Lago, membro da Ordem Viva "Pó-Ceréu". Publicado do Recanto das Letras por Izaias Resplandes, onde pode ser baixado integralmente.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

POXORÉU DE ONTEM... NEM UM PINGO!

Upenino João Batista de Araújo Barbosa,
o Batistão - editor do Blog Poxoréu.
www.pox.zip.net

POXORÉU DE ONTEM... NEM UM PINGO!

Aquilino de Souza

Na década de 1930, Poxoréu era apenas uma pequena vila entre o Rio Poxoréu, e os córregos Areia e Bororo, casinhas de pau a pique embarreadas e cobertas de palhas de babaçu ou zinco, onde fervilhava nos fins de semana, a garimpeirada, os compradores de diamantes, mulheres solteiras, cargueiros de água, lenhadores, tropeiros vindos de vários lugares distantes, trazendo suas mercadorias (arroz, feijão, farinha, milho, carne seca, toucinho, rapaduras, etc.) para serem vendidas na praça.
Durante a semana tudo era tranqüilo, sossegado. Mas nos finais de semana, a Vila regurgitava de gente. O comércio de diamantes e de gêneros de utilidades era intenso, farras, as bebedeiras, a jogatina, as brigas, os crimes, tudo acontecia numa seqüência violenta, refletindo o espírito da época em que o cidadão ignorava a educação, as boas maneiras, a civilidade e se aprimorava no uso das armas, na valentia.
A gravata e a caneta davam lugar à cartucheira de balas, o punhal e o (revólver) 38.
Era comum ver-se, nos sábados e domingos, desfilarem em fila indiana pelo centro da vila, um grupo de valentões denominados por grupo do Lenço Preto. Eram sete a oito homens, vestidos a caráter, calça caqui, camisas mexicanas, chapéus mangeira abas largas, cartucheiras de balas, punhal, (revólver) 38 na cintura, e o indefectível lenço preto no pescoço. Quando esse grupo chegava, todo mundo ficava sobressaltado, temendo as arruaças e brigas que terminavam em velório.
As brigas pelos melhores garimpos eram constantes.
Havia muitos homens e poucas mulheres. Daí, a disputa, as brigas por causas dessa ou daquela garota, com tiroteio, pancadaria e mortes.
As poucas famílias existentes tinham que se manter cautelosas, afastadas do burburinho, as moças de bem e as senhoras respeitáveis.
Os homens de bem tinham que se fazer respeitar, não somente pela conduta exemplar mas, especialmente, pela coragem, valentia e rapidez no uso das armas. Do contrário não sobreviveriam por muito tempo, não. Seriam seguramente uns covardes e desprezíveis defuntos.
A covardia era derrota certa. A sobrevivência estava condicionada a valentia.
Uma coisa era importante: não existiam ladrões. Brigava-se, matava-se, às vezes por causa de suma importância, mas nunca por causa de roubos.
Bebidas, jogos, mulheres, eram os m principais motivos dos crimes. Por isso quem tinha suas esposas ou companheiras as mantinham debaixo de sete chaves.
Na vila de Poxoréu não tinha iluminação, nem mesmo os lampiões de esquina posteriormente arranjados. Também não existia água encanada. À noite as famílias se recolhiam cedo, o comerciante fechava suas portas e a vila estava em plena escuridão.
E foi aí que aconteceu àquela comédia na vida do valentão e o ciumento.
João Hilário, cabra valente, prevenido, tinha uma companheira muito bonita, com quem vivia há muitos anos e tinha uma filha moça, também muito bonita. A mulher e a filha não podiam sair nem À janela, que o Hilário reclamava. Viviam trancadas, espionadas implacavelmente. Como na rua em que moravam viviam também muitas mulheres solteiras, Hilário resolveu mudar-se. Mudaram para uma esquina de rua mais afastada, fazendo o transporte de suas coisas À noite. Terminada a mudança, João Hilário cansado, armou uma rede na sala de frente para dormir, tendo antes recomendado a mulher que arrumasse a cama e dormisse com a filha, que ele iria dormir na rede.
Hilário deitou-se, mas não conseguia conciliar o sono.
Casa de esquina sabe como é, passa um, passa outro, param, conversam. Ruas escuras, transeuntes tropeçando nos caixotes que os comerciantes deixavam nas calçadas, quedas, xingamentos, palavrões, nomes feios a toda hora.
No começo João Hilário se irritou. Depois não tendo mais sono partiu para a curiosidade de ouvir as conversas da esquina, e sorrindo a valer das quedas e tropeções, dos descuidados notívagos.
Lá pelas tantas, os desocupados voltando de suas aventuras noturnas, paravam na esquina e cada um contava as suas proezas, falavam mal de todo mundo. João Hilário aguçava cada vez mais os ouvidos e só faltava morrer de rir baixinho dos casos e piadas contadas pelos malandros. Ficou sabendo de tanta patifaria que não agüentava de curiosidade. Em dado momento, chega na esquina um grupo cantando modinhas. Cantaram umas duas canções e pararam para ouvir um retardatário que chegava dando notícias de ter surpreendido um grupo de namorados, dois homens e duas mulheres se abraçando na esquina próxima. As mulheres carregavam dois baldes d’água que puseram na calçada, para abraçarem aos dois homens , comentou ele.
Quando me aproximei de mansinho e foquei a lanterna para ver quem eram, os homens se arrancaram primeiro, tropeçando nos baldes, derramando toda a água e fazendo um barulho danado. Aí o grupo caiu na gargalhada. Lá dentro em sua rede João Hilário morria de rir. Foi quando alguém perguntou: você conheceu as duas mulheres que estavam abraçadas com os homens? Conheci sim. Eram a mulher e a filha do Hilário.
Nesta altura hilário pula atordoado pela notícia e corre para a cozinha surpreendendo a mulher e a filha que chegam assustadas com os baldes vazios.
- Que diabos vocês andavam fazendo?
- Nós fomos procurar água, mas não achamos nem um pingo...!

Aquilino de Souza, falecido, foi tabelião do Cartório do 2° Ofício, membro da UPE União Poxorense de Escritores e grande conhecedor ocular da história e dos fatos pitorescos de Poxoréu. Crônica publicada no jornal A Gazeta do Estudante, edição n° 11, Poxoréu, 09 de dezembro de 1983. Transcrita do Blog Poxoréu: http://pox.zip.net/arch2011-01-01_2011-01-31.html#2011_01-08_13_00_30-9435715-0, de responsabilidade do upenino João Batista de Araújo Barbosa, o Batistão.

domingo, 9 de janeiro de 2011