ANÁLISE DO PLANO DE GOVERNO BOLSONARO
1 . DEMOCRACIA E ECONOMIA
O
candidato militar ao governo do Brasil Jair Bolsonaro em seu plano de governo
exalta o governo da ditadura e condena os governos democráticos dos últimos 30
anos. Eis sua proposta: “Enfrentaremos os grupos de interesses escusos que
quase destruíram o país. Após 30 anos em que a esquerda corrompeu a democracia
e estagnou a economia, faremos uma aliança da ordem com o progresso: um governo
Liberal Democrata”.
Pois bem…
A gente conhece a seriedade de uma pessoa não é pelo que ele diz, mas pelo que
ele faz, pelo que ele concorda, pelo que ele tenta esconder, pelo que ele
propõe. Vejamos não o que foi escrito
agora para “ganhar o voto do povo”, mas o que foi dito e aconteceu antes de
começar os tais trinta anos e o que aconteceu nos últimos trinta anos.
Bolsonaro
diz que a economia e a democracia se estagnou nos últimos 30 anos, período
da Nova República, em que o país foi governado com base na Constituição Cidadã
de 1988. Período que ficou conhecido como a Nova República, cujos governantes
foram os seguintes: - 1992 - Fernando Afonso Collor de Melo; - 1992 a 1995 - Itamar
Augusto Cautiero Franco; -1995 a 2002 - Fernando Henrique Cardoso; - 2003
a 2010 - Luiz Inácio Lula da Silva; - 2011 até 2016 - Dilma Vana Rousseff
(afastada por processo de impeachment em 31 de agosto de 2016); - 31 de agosto
de 2016 - início do governo do presidente Michel Temer (que era vice de Dilma).
Havia
democracia no regime militar? O povo votava para escolher seu Presidente? A
resposta é um sonoro NÃO! O presidente Sarney não foi eleito pelo povo. Foi
eleito pelo Congresso Nacional. E convocou a Assembleia Constituinte que fez a
atual Constituição, restaurando a democracia no Brasil.
O povo
somente voltou a eleger seu Presidente a partir de 1990. Fernando Collor de
Melo foi o primeiro presidente DEMOCRATICAMENTE ELEITO após o regime militar. O
povo pode ter errado, mas esse povo exerceu a sua LIBERDADE de escolher. Isso é
democracia.
A
economia ia bem no último governo militar, sob a batuta do General Figueiredo?
E no último governo não eleito, o de José Sarney, sucessor de Figueiredo? Não! Na economia, o principal símbolo do governo Figueiredo
foi o aumento da inflação, que chegou a 225,9% ao ano em fevereiro de
1985 e que foi de 46,1% já no primeiro
mês de seu governo. A dívida externa chegou a US$ 100,2 bilhões em 1984,
representando um crescimento de US$ 50,3 bilhões em relação a 1979. O governo
Sarney, último, antes do retorno da democracia, apesar dos esforços do Plano
Cruzado, terminou em 1990 com inflação de 1764,86%.
O jornal O Estadão, de São Paulo, registra em manchete: Inflação:
um problema que não pode ser esquecido e diz que “da hiperinflação da década de 80 à inflação na casa de um dígito
que se vê hoje, o Brasil passou por uma longa história de instabilidade e
aflição em relação aos preços”.
E continua…
"No auge dessa hiperinflação, o trabalhador recebia o
salário no dia 1º e já corria para o mercado porque sabia que no dia 30 estaria
com toda aquela inflação embutida, mesmo que ela não viesse a ocorrer", diz
José Kobori, professor do Ibmec. Para ele, a indexação da economia foi um
agravante da escalada inflacionária brasileira.
Fruto do esgotamento do modelo econômico adotado pelo regime
militar, o Brasil viveu a década de 80 com um PIB fraco e a inflação em alta.
Na tentativa de conter o aumento dos preços, planos econômicos e ministros se
sucediam em curto espaço de tempo. Desde 1981, o Brasil teve seis moedas
diferentes e 16 ministros da Fazenda. Diante da escalada inflacionária, as
palavras "recorde" e "histórico" eram frequentes nas
manchetes dos jornais. A inflação acumulada no País durante a década de 80
foi de 36.850.000%, como apontou texto de O Estado de S.Paulo da época.
E mais… O Jornal A Gazeta do Povo do dia 12/10/2017, traz a
seguinte manchete: "5 coisas que a Ditadura Militar gostaria que você
esquecesse: Assassinatos e torturas de crianças sem apuração dos culpados,
inflação galopante, corrupção e aumento nos crimes urbanos: eis o legado do
período militar" Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/5-coisas-que-a-ditadura-militar-gostaria-que-voce-esquecesse-5awepn1sdius9ws0m7na1zlnb/
O blog LUÍS NACIF ONLINE publicou em 04 de abril de 2014 A história esquecida
do Capitão Bolsonaro, escrita por Luiz Egypto. Diz o texto:
Na barulhenta cobertura da mídia sobre as declarações
racistas e homofóbicas do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) ao programa CQC,
da Rede Bandeirantes, ficou esquecido, no fundo de um arquivo qualquer, um
episódio de 24 anos atrás, também protagonizado pelo agora deputado federal, e
que tocou em um dos fundamentos da atividade jornalística – qual seja, as
declarações off the records, isto é, aquelas informações utilizadas pelo
jornalista sob o compromisso de resguardar o anonimato de sua fonte.
A história é a seguinte. No segundo semestre de 1987, finda a
ditadura e já sob o governo civil de José Sarney, a economia estava combalida em
razão do fracasso do Plano Cruzado. A inflação era alta, tendendo a índices
estratosféricos, e grassava forte insatisfação nos quartéis devido à política
de reajustes dos soldos dos militares – além, é claro, do incômodo, sobretudo
entre a oficialidade média, pela perda do poder político que gozaram por 21
anos seguidos.
Jair Bolsonaro era então capitão do Exército, da ativa,
cursava a Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO) e morava na
Vila Militar, na Zona Norte do Rio. Em setembro de 1986, ele assinara um artigo
na revista Veja no qual protestava contra os baixos vencimentos dos
militares. Por isso ele foi preso e, na época, sua punição provocou protestos
de mulheres de oficiais da ativa – que, ao contrário dos maridos, podiam sair
em passeata sem correr o risco de serem presas.
"Só para assustar"
Bolsonaro tornou-se fonte da revista. Em meados de outubro
1987, a prisão de outro militar, capitão Saldon Pereira Filho, pelo mesmo
motivo, levou à Vila Militar a repórter Cassia Maria, de Veja, destacada
para repercutir o ocorrido. Ali ela conversou com Jair Bolsonaro, que estava
acompanhado de outro capitão e da mulher deste.
Sob condição de sigilo, a mulher do militar contou à repórter
– e depois Bolsonaro e seu colega confirmaram – que estava sendo preparado um
plano batizado de "Beco sem saída". O objetivo era explodir bombas de
baixa potência em banheiros da Vila Militar, da Academia Militar de Agulhas
Negras, em Resende (RJ), e em alguns quartéis. A intenção era não machucar
ninguém, mas deixar clara a insatisfação da oficialidade com o índice de
reajuste salarial que seria anunciado dali a poucos dias. E com a política para
a tropa do então ministro do Exército Leônidas Pires Gonçalves – que teria sua
autoridade seriamente arranhada com os atentados.
"Serão apenas explosões pequenas, para assustar o
ministro. Só o suficiente para o presidente José Sarney entender que o Leônidas
não exerce nenhum controle sobre a tropa", ouviu a repórter de Ligia,
mulher do colega de Bolsonaro, identificado com o codinome de
"Xerife".
Frase isolada
A repórter havia apurado uma bomba, no sentido literal e no
figurado. Veja não respeitou o off – no que fez muito bem, neste
caso, pois do contrário estaria acobertando atos terroristas – e quebrou o
pacto de sigilo com a fonte. A história toda foi contada nas páginas 40 e 41 da
edição 999 (de 27/10/1987) da revista. A repórter Cassia Maria anotou em seu
relato:
"‘Temos um ministro incompetente e até racista’, disse
Bolsonaro a certa altura. ‘Ele disse em Manaus que os militares são a classe de
vagabundos mais bem remunerada que existe no país. Só concordamos em que ele
está realmente criando vagabundos, pois hoje em dia o soldado fica o ano
inteiro pintando de branco o meio-fio dos quartéis, esperando a visita dos
generais, fazendo faxina ou dando plantão’. Perguntei, então, se eles
pretendiam realizar alguma operação maior nos quartéis. ‘Só a explosão de
algumas espoletas’, brincou Bolsonaro. Depois, sérios, confirmaram a operação
que Lígia chamara de Beco sem Saída. ‘Falamos, falamos, e eles não resolvem
nada’, disseram. ‘Agora o pessoal está pensando em explorar alguns pontos
sensíveis.’
Sem o menor constrangimento, o capitão Bolsonaro deu uma
detalhada explicação sobre como construir uma bomba-relógio. O explosivo seria
o trinitrotolueno, o TNT, a popular dinamite. O plano dos oficiais foi feito
para que não houvesse vítimas. A intenção era demonstrar a insatisfação com os
salários e criar problemas para o ministro Leônidas.
(...)
Nervoso, Bolsonaro advertiu-me mais uma vez para não publicar
nada sobre nossas conversas. ‘Você sabe em que terreno está entrando, não
sabe?’, perguntou. E eu respondi: ‘Você não pode esquecer que sou uma
profissional’."
Com esses antecedentes, não deixa de ser curioso que agora,
quando o personagem volta à baila, a cobertura da edição (nº 2211, com data de
capa de 6/4/2011) desta semana de Veja sobre o explosivo episódio de
racismo, que suscitou tanta repercussão, resuma-se a uma mísera frase de
Bolsonaro reproduzida na seção "Veja Essa".
Faltou um curioso da Redação para examinar o arquivo digital
da revista. Faria um gol.
********
E agora digo eu, depois de ler a história: só um louco pode
ter saudades do regime militar. Só um cego não consegue ver o fracasso
governamental daquele regime e as lutas homéricas que os governos democráticos
dos últimos 30 anos tiveram para controlar a inflação e colocar a economia
outra vez nos trilhos.
Como se pode dizer que uma economia que gerou uma inflação de 225,9% em 1985 (último ano do governo Figueiredo)
e que fechou o ano de 1990 em 1.764,86% (final do governo Sarney), mas que
nos oito anos de FHC teve a média de 9,1% ao ano, e uma média de 5,9% nos
onze anos de LULA/DILMA e que fechou
2017 com 2,95 % ao ano pode ser reflexo de uma economia corrompida e estagnada?
Pelo visto em seu Plano de Governo, Bolsonaro, se eleito,
pretende reverter nossa economia e democracia para os níveis e estágios do fim
da ditadura, quando, segundo ele, começou essa corrupção e estagnação?
Isso é o que eu venho tentando dizer para os meus
relacionados. Não devemos ver e ouvir o lero-lero de agora. É preciso ver a
história do candidato. Principalmente quando esse candidato já está no poder
desde o início do período em que ele afirma que a economia se estagnou e a democracia,
igualmente.
É de ver que Jair Messias Bolsonaro é deputado desde 1991,
estando, atualmente, em seu sétimo mandato. Ou seja, ele foi deputado federal
durante todo o período em que ele avalia como corrompido e estagnado.
É de destacar ainda que ele não possui ideologia partidária.
Qualquer sigla que engula as suas pretensões serve para os seus interesses. Já
foi filiado nos seguintes partidos: PRP, PP, PTB, PFL. Em 2017, estava no PSC,
mas fez negociações para ir ao PEN. Lança-se candidato pelo PSL.
Segundo a imprensa, Bolsonaro é violento e durante o governo
Sarney já esteve envolvido em atos terroristas, visando minar a autoridade do
Ministro do Exército Leônidas Pires. Além da matéria que transcrevemos, a
matéria completa pode ser lida na revista Veja, em: https://veja.abril.com.br/blog/reveja/reveja-jair-bolsonaro-explosivo-desde-1986/.
Continuaremos analisando o plano de governo e a história
desse homem que para muitos evangélicos “é o Pai, o Filho e o Espírito Santo”.
Izaias Resplandes de
Sousa
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