quarta-feira, 10 de outubro de 2018

ANÁLISE DO PLANO DE GOVERNO BOLSONARO - I

ANÁLISE DO PLANO DE GOVERNO BOLSONARO




1 . DEMOCRACIA E ECONOMIA

O candidato militar ao governo do Brasil Jair Bolsonaro em seu plano de governo exalta o governo da ditadura e condena os governos democráticos dos últimos 30 anos. Eis sua proposta: “Enfrentaremos os grupos de interesses escusos que quase destruíram o país. Após 30 anos em que a esquerda corrompeu a democracia e estagnou a economia, faremos uma aliança da ordem com o progresso: um governo Liberal Democrata”.

Pois bem… A gente conhece a seriedade de uma pessoa não é pelo que ele diz, mas pelo que ele faz, pelo que ele concorda, pelo que ele tenta esconder, pelo que ele propõe. Vejamos  não o que foi escrito agora para “ganhar o voto do povo”, mas o que foi dito e aconteceu antes de começar os tais trinta anos e o que aconteceu nos últimos trinta anos.

Bolsonaro diz que a economia e a democracia se estagnou nos últimos 30 anos, período da Nova República, em que o país foi governado com base na Constituição Cidadã de 1988. Período que ficou conhecido como a Nova República, cujos governantes foram os seguintes: - 1992 - Fernando Afonso Collor de Melo; - 1992 a 1995 - Itamar Augusto Cautiero Franco;  -1995 a 2002 - Fernando Henrique Cardoso; - 2003 a 2010 - Luiz Inácio Lula da Silva; - 2011 até 2016 - Dilma Vana Rousseff (afastada por processo de impeachment em 31 de agosto de 2016); - 31 de agosto de 2016 - início do governo do presidente Michel Temer (que era vice de Dilma).

Havia democracia no regime militar? O povo votava para escolher seu Presidente?  A resposta é um sonoro NÃO! O presidente Sarney não foi eleito pelo povo. Foi eleito pelo Congresso Nacional. E convocou a Assembleia Constituinte que fez a atual Constituição, restaurando a democracia no Brasil.

O povo somente voltou a eleger seu Presidente a partir de 1990. Fernando Collor de Melo foi o primeiro presidente DEMOCRATICAMENTE ELEITO após o regime militar. O povo pode ter errado, mas esse povo exerceu a sua LIBERDADE de escolher. Isso é democracia.

A economia ia bem no último governo militar, sob a batuta do General Figueiredo? E no último governo não eleito, o de José Sarney, sucessor de Figueiredo? Não! Na economia, o principal símbolo do governo Figueiredo foi o aumento da inflação, que chegou a 225,9% ao ano em fevereiro de 1985 e que foi de 46,1%  já no primeiro mês de seu governo. A dívida externa chegou a US$ 100,2 bilhões em 1984, representando um crescimento de US$ 50,3 bilhões em relação a 1979. O governo Sarney, último, antes do retorno da democracia, apesar dos esforços do Plano Cruzado, terminou em 1990 com inflação de 1764,86%.

O jornal O Estadão, de São Paulo, registra em manchete: Inflação: um problema que não pode ser esquecido e diz que “da hiperinflação da década de 80 à inflação na casa de um dígito que se vê hoje, o Brasil passou por uma longa história de instabilidade e aflição em relação aos preços”.

E continua…
"No auge dessa hiperinflação, o trabalhador recebia o salário no dia 1º e já corria para o mercado porque sabia que no dia 30 estaria com toda aquela inflação embutida, mesmo que ela não viesse a ocorrer", diz José Kobori, professor do Ibmec. Para ele, a indexação da economia foi um agravante da escalada inflacionária brasileira.
Fruto do esgotamento do modelo econômico adotado pelo regime militar, o Brasil viveu a década de 80 com um PIB fraco e a inflação em alta. Na tentativa de conter o aumento dos preços, planos econômicos e ministros se sucediam em curto espaço de tempo. Desde 1981, o Brasil teve seis moedas diferentes e 16 ministros da Fazenda. Diante da escalada inflacionária, as palavras "recorde" e "histórico" eram frequentes nas manchetes dos jornais. A inflação acumulada no País durante a década de 80 foi de 36.850.000%, como apontou texto de O Estado de S.Paulo da época.
E mais… O Jornal A Gazeta do Povo do dia 12/10/2017, traz a seguinte manchete: "5 coisas que a Ditadura Militar gostaria que você esquecesse: Assassinatos e torturas de crianças sem apuração dos culpados, inflação galopante, corrupção e aumento nos crimes urbanos: eis o legado do período militar" Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/5-coisas-que-a-ditadura-militar-gostaria-que-voce-esquecesse-5awepn1sdius9ws0m7na1zlnb/
O blog LUÍS NACIF ONLINE publicou em 04 de abril de 2014 A história esquecida do Capitão Bolsonaro, escrita por Luiz Egypto. Diz o texto:
Na barulhenta cobertura da mídia sobre as declarações racistas e homofóbicas do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) ao programa CQC, da Rede Bandeirantes, ficou esquecido, no fundo de um arquivo qualquer, um episódio de 24 anos atrás, também protagonizado pelo agora deputado federal, e que tocou em um dos fundamentos da atividade jornalística – qual seja, as declarações off the records, isto é, aquelas informações utilizadas pelo jornalista sob o compromisso de resguardar o anonimato de sua fonte.
A história é a seguinte. No segundo semestre de 1987, finda a ditadura e já sob o governo civil de José Sarney, a economia estava combalida em razão do fracasso do Plano Cruzado. A inflação era alta, tendendo a índices estratosféricos, e grassava forte insatisfação nos quartéis devido à política de reajustes dos soldos dos militares – além, é claro, do incômodo, sobretudo entre a oficialidade média, pela perda do poder político que gozaram por 21 anos seguidos.
Jair Bolsonaro era então capitão do Exército, da ativa, cursava a Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO) e morava na Vila Militar, na Zona Norte do Rio. Em setembro de 1986, ele assinara um artigo na revista Veja no qual protestava contra os baixos vencimentos dos militares. Por isso ele foi preso e, na época, sua punição provocou protestos de mulheres de oficiais da ativa – que, ao contrário dos maridos, podiam sair em passeata sem correr o risco de serem presas.
"Só para assustar"
Bolsonaro tornou-se fonte da revista. Em meados de outubro 1987, a prisão de outro militar, capitão Saldon Pereira Filho, pelo mesmo motivo, levou à Vila Militar a repórter Cassia Maria, de Veja, destacada para repercutir o ocorrido. Ali ela conversou com Jair Bolsonaro, que estava acompanhado de outro capitão e da mulher deste.
Sob condição de sigilo, a mulher do militar contou à repórter – e depois Bolsonaro e seu colega confirmaram – que estava sendo preparado um plano batizado de "Beco sem saída". O objetivo era explodir bombas de baixa potência em banheiros da Vila Militar, da Academia Militar de Agulhas Negras, em Resende (RJ), e em alguns quartéis. A intenção era não machucar ninguém, mas deixar clara a insatisfação da oficialidade com o índice de reajuste salarial que seria anunciado dali a poucos dias. E com a política para a tropa do então ministro do Exército Leônidas Pires Gonçalves – que teria sua autoridade seriamente arranhada com os atentados.
"Serão apenas explosões pequenas, para assustar o ministro. Só o suficiente para o presidente José Sarney entender que o Leônidas não exerce nenhum controle sobre a tropa", ouviu a repórter de Ligia, mulher do colega de Bolsonaro, identificado com o codinome de "Xerife".
Frase isolada
A repórter havia apurado uma bomba, no sentido literal e no figurado. Veja não respeitou o off – no que fez muito bem, neste caso, pois do contrário estaria acobertando atos terroristas – e quebrou o pacto de sigilo com a fonte. A história toda foi contada nas páginas 40 e 41 da edição 999 (de 27/10/1987) da revista. A repórter Cassia Maria anotou em seu relato:
"‘Temos um ministro incompetente e até racista’, disse Bolsonaro a certa altura. ‘Ele disse em Manaus que os militares são a classe de vagabundos mais bem remunerada que existe no país. Só concordamos em que ele está realmente criando vagabundos, pois hoje em dia o soldado fica o ano inteiro pintando de branco o meio-fio dos quartéis, esperando a visita dos generais, fazendo faxina ou dando plantão’. Perguntei, então, se eles pretendiam realizar alguma operação maior nos quartéis. ‘Só a explosão de algumas espoletas’, brincou Bolsonaro. Depois, sérios, confirmaram a operação que Lígia chamara de Beco sem Saída. ‘Falamos, falamos, e eles não resolvem nada’, disseram. ‘Agora o pessoal está pensando em explorar alguns pontos sensíveis.’
Sem o menor constrangimento, o capitão Bolsonaro deu uma detalhada explicação sobre como construir uma bomba-relógio. O explosivo seria o trinitrotolueno, o TNT, a popular dinamite. O plano dos oficiais foi feito para que não houvesse vítimas. A intenção era demonstrar a insatisfação com os salários e criar problemas para o ministro Leônidas.
(...)
Nervoso, Bolsonaro advertiu-me mais uma vez para não publicar nada sobre nossas conversas. ‘Você sabe em que terreno está entrando, não sabe?’, perguntou. E eu respondi: ‘Você não pode esquecer que sou uma profissional’."
Com esses antecedentes, não deixa de ser curioso que agora, quando o personagem volta à baila, a cobertura da edição (nº 2211, com data de capa de 6/4/2011) desta semana de Veja sobre o explosivo episódio de racismo, que suscitou tanta repercussão, resuma-se a uma mísera frase de Bolsonaro reproduzida na seção "Veja Essa".
Faltou um curioso da Redação para examinar o arquivo digital da revista. Faria um gol.
********
E agora digo eu, depois de ler a história: só um louco pode ter saudades do regime militar. Só um cego não consegue ver o fracasso governamental daquele regime e as lutas homéricas que os governos democráticos dos últimos 30 anos tiveram para controlar a inflação e colocar a economia outra vez nos trilhos.
Como se pode dizer que uma economia que gerou uma inflação de 225,9% em 1985 (último ano do governo Figueiredo) e que fechou o ano de 1990 em 1.764,86% (final do governo Sarney), mas que  nos oito anos de FHC teve a média de 9,1% ao ano, e uma média de 5,9% nos onze anos de LULA/DILMA  e que fechou 2017 com 2,95 % ao ano pode ser reflexo de uma economia corrompida e estagnada?
Pelo visto em seu Plano de Governo, Bolsonaro, se eleito, pretende reverter nossa economia e democracia para os níveis e estágios do fim da ditadura, quando, segundo ele, começou essa corrupção e estagnação?
Isso é o que eu venho tentando dizer para os meus relacionados. Não devemos ver e ouvir o lero-lero de agora. É preciso ver a história do candidato. Principalmente quando esse candidato já está no poder desde o início do período em que ele afirma que a economia se estagnou e a democracia, igualmente.
É de ver que Jair Messias Bolsonaro é deputado desde 1991, estando, atualmente, em seu sétimo mandato. Ou seja, ele foi deputado federal durante todo o período em que ele avalia como corrompido e estagnado.
É de destacar ainda que ele não possui ideologia partidária. Qualquer sigla que engula as suas pretensões serve para os seus interesses. Já foi filiado nos seguintes partidos: PRP, PP, PTB, PFL. Em 2017, estava no PSC, mas fez negociações para ir ao PEN. Lança-se candidato pelo PSL.
Segundo a imprensa, Bolsonaro é violento e durante o governo Sarney já esteve envolvido em atos terroristas, visando minar a autoridade do Ministro do Exército Leônidas Pires. Além da matéria que transcrevemos, a matéria completa pode ser lida na revista Veja, em: https://veja.abril.com.br/blog/reveja/reveja-jair-bolsonaro-explosivo-desde-1986/.
Continuaremos analisando o plano de governo e a história desse homem que para muitos evangélicos “é o Pai, o Filho e o Espírito Santo”.

Izaias Resplandes de Sousa

Nenhum comentário:

Postar um comentário