sábado, 27 de março de 2010

Os Vinte e Dois Anos Upeninos

Upeninos Izaias Resplandes e João de Sousa



A solidariedade da fraternidade upenina não tem preço. São vinte e dois anos de convivência, de lutas comuns, de ideais compartilhados, equilibrados por alguns conflitos naturais que além de corroborar o entendimento, nos dizem que não somos meros depósitos das idéias alienígenas, mas que também pensamos e temos opinião e influência nas decisões de nosso colegiado.

Hoje é dia de eleição upenina. Nem todos votarão. Isso é normal em qualquer processo democrático. Não impedirá a eleição, principalmente porque ninguém discutirá o resultado por não ter comparecido. Todos acatarão a vontade soberana e democrática de nossa fraternidade. É assim que sempre foi. E os trabalhos upeninos haverão de continuar, garantindo a memória e a história de nossa cidade, a qual não existiria sem os escritores de suas peripécias, fábulas e realizações.

Estando presentes ou ausentes nessa eleição, nós não deixaremos de ser os sempre fraternos upeninos. Apoiaremos as lutas e as propostas da nossa entidade, “em defesa da arte e da cultura” e ficaremos satisfeitos de poder olhar pelas janelas do passado e ver lindas paisagens coloridas pelos matizes upeninos; e, mais feliz ainda, veremos que, apesar de muitos de nós já estarmos com os cabelos embranquecidos, o futuro continuará garantido através da juventude da maioria de nós que nunca envelhecerá.

Nessa oportunidade, quero registrar os meus agradecimentos aos companheiros que lideram essa entidade e que encabeçaram uma campanha de amor em prol do tratamento médico de meu filho Ricardo Resplandes, infelizmente acometido por grave enfermidade cerebral. Essa é a UPE que eu conheço e que acompanho com alegria. Ela não falta nas horas que nós mais precisamos. Faz presença. Atitudes como essas comprovam que, de fato, nós somos irmãos. Carregamos o sobrenome Upenino, que não somente nos politiza como homens do povo, da cidade e do mundo, mas que também nos irmana sob o mesmo telhado e faz os nossos corações pulsarem no mesmo entusiasmo. Obrigado por tudo o que estão fazendo por mim, por meu filho e por minha família.

Estou viajando hoje para Goiânia, com Lourdes (minha esposa) e Ricardo (meu filho caçula), o qual, no dia 15 de abril completará dezenove anos e que fará uma operação intracraniana para a eliminação de um angioma cavernoso que se encontra alojado em seu cérebro. Vou devagar, observando as mudanças na paisagem que estará emoldurada pela janela do meu carro, ao tempo em que vou refletindo no poder de um Deus para o qual impossibilidades não existem. Então o meu coração de crente me fará acreditar que apenas estamos indo saciar em uma das fontes da vida que Ele tem naquela cidade, para nos revigorarmos; e então retornaremos para mais uma década de labores em prol de nossa “doce e amada Poxoréu”.

Percorreremos a velha estrada que liga as históricas cidades de Cuiabá e Goiás. Atravessaremos os rios Araguaia, Caiapó, Claro e tantas outras águas. Veremos Barra do Garças, onde almoçaremos com os familiares; continuaremos pela BR-070, passando por Jussara e atingindo a histórica cidade de Goiás, patrimônio da humanidade, a terra da doceira poetisa Cora Coralina. Veremos as cerâmicas e outras peças de seu rico artesanato. E, por fim, pernoitaremos em Goiânia, capital de Goiás. No percurso, por várias vezes vou chamar a atenção de meu filho Ricardo para rever uma serra ou um rio que já serviu de cenário para nossas fotografias, em alguma de nossas diversas viagens nesse caminho. Ele sorrirá e fará um breve comentário. E eu ficarei feliz por ouvi-lo. Todo pai gosta de ouvir a voz de seu filho. E faremos de tudo para que essa viagem seja a mais agradável possível. Para tanto, cantarei hinos e coros que retratem a nossa esperança de vida.

Enfim, essa é a velha jornada dos homens, desde que o mundo é mundo. Não há nada de novo. Estaremos seguindo o caminho dos nômades pré-históricos, fazendo a nossa eterna viagem pelo planeta, objetivando descobrir os benefícios das novas tecnologias científicas utilizadas pela medicina goiana. Mas não perderemos de vista as nossas ligações com essa fraternidade, para onde esperamos trazer mais uma medalha de ouro por uma conquista vitoriosa de nosso jovem Ricardo Resplandes em sua corrida pela vida.

E que a UPE, contemporânea de Ricardo, continue a sua gloriosa trajetória de lutas em prol de Poxoréu, que, vale dizer, também é a sua terra natal. Vamos em frente. Ainda há muita coisa para se fazer em prol de nossos filhos. Eles merecem todo o nosso empenho, a nossa dedicação, a nossa fé e o nosso entusiasmo. Um abraço upenino a todos. Muito obrigado.

Poxoréu, 28 de março de 2010.

Prof. Izaias Resplandes de Sousa, Upenino.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Delírios de um nada

No vazio da multidão espero
À espreita, espero...
Busco olhos e os encontro
Vazio, quietos, esperando...
Então volto-me par mim
Para a íntima insignificância
Tudo negro,
Machucado,
Pobre...e podre.
A indagação é inevitável...
O vazio também ...
Pessoas passam por mim,
Figuras passam por mim
...Nada passa por mim.
Uma cascata de sonhos mortos caem,
Caem sobre a pútrida matéria viva
O fétido cheiro da covardia se espalha,
Vazio...
À espreita...
Quieto...
Saio do abismo de mim,
Um turbilhão destroça-me...
As mágoas parecem minhocar do nada,
Do vazio...
Da espera...
Da quietude...
Tudo é impudente.

A nostalgia é inevitável
E como um náufrago a um naco se agarra
Prendo -me a mim
E numa introspecção
(Quase que covarde)
Mantenho-me só
Protegendo-me do corriqueiro,
Ausentando-me da sanidade,
Evitando os humanos vermes...
Escondendo-me de mim...
O buraco negro é cada vez maior
E em minha vazia pequenez espero,
Quieto, espero
Quieto...
Espero quieto

Graziely R. Lemes

Apenas uma bobagem

Grazy Lemes

Como em tantas outras noites de insônia, após o jantar, enquanto todos dormiam eu assistia a um filme de ficção genética (algo que sempre repugnei),na verdade a obra era algo ridículo...Eu tinha me exacerbado todo o dia, queria terminar as tarefas diárias com antecedência e consegui. Mas pra que? , eu tinha programado todo o meu dia esquematizado matematicamente e o executei com perfeição humanamente anormal e... Para que?
Toda a correria diurna me deixara com uma insônia incontrolável e o cansaço não permitia que eu me concentrasse em algo construtivo, toda aquela luz vinda da televisão me atordoava. Inútil. Tudo era inútil. Eu me via totalmente inútil...
Agora em frente ao aparelho, engolindo toda aquela mentira, saboreando meu esgotamento percebi que por inúmeras vezes pedi ao mundo uma resposta que na verdade sempre esteve dentro de mim, a resolução para a miraculosa pergunta sempre esteve sobre meu travesseiro nas noites em que dormi.
Eu nunca consegui entender porque o tempo sempre me parecia tão curto, porque os bons momentos pareciam insuficientes, porque deixamos sempre alguma coisa por fazer.
Bobagem.
Todas essas aflições agora me pareciam nada mais que bobagens, naquele momento pude perceber que minhas preocupações, na verdade, era uma espécie de ópio do qual eu recusava-me a ausentar-me. Percebi então que um dia não tem 25H e que eu preciso respeitar as 24 que restam... , agora tudo me parece muito óbvio, os executivos não podem ir a todas as reuniões porque elas são chatas e em maior número que o possível em tão pouco tempo. Entendi que nem sempre consigo nota máxima nas avaliações porque não estudo, se não nas 18 hrs que antecedem as provas. Chega ser bizarro... Eu costumava dizer que nunca dá tempo, que equivoco, eu que nunca soube respeitá-lo.
Mas já é tarde e, eu preciso dormir, acho que posso dormir, afinal, eu tenho tempo pra isso, alias eu faço (e sou ) o tempo. Quanta bobagem... Acho que é sono... Mas que bobagem...

GRAZELY R. LEMES

LU

Eu estava triste.
Estava só em casa.
Tudo era monótono...
...Tudo era exatamente igual...
Eu buscava olhos e não os encontrava,
Estava triste.
Busquei entreter-me em algo banal.
...Maravilhosa banalidade...
Ela apareceu disfarçada...
Era quase irreconhecível...
Bobagem a sua...
É impossível ofuscar sua luz
Ela tem algo especial que lhe brota das mãos
Ela possui uma casualidade doce na voz
Ela tem uma alegria eminente
Ela é um anjo.
Quando penso em sua força
É como se algo fantástico nascesse em mim
A alegria de olhar demonstra confiança
E por mais que insistam em dizer-me o oposto
Sei
Sinto
Quero
Vejo que ela é verdadeira,
Pura
Honesta
Humana
Minha amiga
Te adoro Lu

Grazy Lemes

Abstinênscia


Grazy Lemes

Há dias em que abraçamos o travesseiro e esperamos sem mesmo saber o que.
Há dias em que a mente vaga e não conseguimos ver, falar ou pensar em nada...
São em dias assim que mais sofro, eu sofro como se um de meus queridos estivessem partindo
Tenho medo. Muito medo. Afinal, são tantas as incógnitas...
Existem rios imensos. Não há pontes. Eu preciso atravessar.
Quanto desespero...
Em meio a solidão de um quarto, sumo aos poucos. As lembranças e as saudades me consomem...
A sensação de que estou só corrói-me. É estranho isso...
Sinto saudades de um abraço terno,de um carinho de família. Sinto saudades da lembrança de momentos felizes com meus pais
Sinto tanta falta daqueles idôneos e magros lábios que me envolviam de forma tão atraente, sinto tanta falta dos inúmeros fios brancos em meio aos cabelos negros. Sinto tanta falta desse romance e medo de que ele não mais exista...Quanta saudades dos dias de molecagem, dias em que fazia rir o mais robusto dos lábios. Quanta dos abraços, dos olhares furtivos denunciando cumplisidade. Quanta saudades de meus amigos...
E, talvez por egoísmo, sinto falta das palavras suas. Sinto tanto medo de perder-te, falta de alguem que nem conheço mas alguém que me faz derramar as lágrimas mais contentes
É como se eu pudesse ver seu sorriso ensolarado, ainda que diante da neve asiática. Talvez nem devesse catalogar toda essa abstinência mas como seria possível viver sem ser?, sem sentir?...
Não!
Não posso!
Mas... Quanta falta me faz...

Pena...


Grazy Lemes



QUERIA PODER CAPTAR A DOR DESSAS LÁGRIMAS
QUERIA MOSTRAR O QUE SE PASSA DENTRO DESSE CORAÇÃO DILACERADO
AQUEBRANTADO PELO SOFRIMENTO
DESTRUIDO PELOS FATOS
IMOBILIZADO PELAS FRUSTRAÇÕES
SIMPLESMENTE DESTRUIDO PELA VIDA.
A AMARGURA QUE FORMALMENTE É OCULTADA
O SORRISO TÃO PURO EM SUA FARÇA
MENTIRA!
É TUDO UMA GRANDE MENTIRA
PENA QUE ESSA DOR NÃO POÇA SER ANALIZADA POR VÓZ
PENA QUE CONTINUES A PENSAR QUE HÁ CEM POR CENTO DE BELEZA NESTA ALMA
PENA QUE MESMO SOFRENDO TABÉM
TALVEZ NUNCA ENTENDAS O QUE DIGO NESTE INSTANTE DE DESESPERO

Uma garota nasce, cresce e cotinua uma garota

Graziele Lemes


O que pode pensar uma adolescente?
Muitos acreditam que em coisa banais
Ser psicóloga ou ter um carro super
Há ainda os que dizem que uma adolescente,
Além de pensar em festas pensa em garotos também
Mas,
O que uma garota pode pensar?
Alguns acreditam que uma garota só vê utopias
Outros acredita que ela sonha com um príncepe encantado
Porém, muitas vezes,
Uma garota quer amadurecer, ou
Não ter uma vida monótona
Uma garota pode ser mulher
Pode ser triste, ou, não
Uma garota pode apenas querer ser feliz
Uma garota pode ser feliz

Reflexão

Graziely Lemes

Ao perceber o quanto ele a ama
Com tanto carinho,
Tanta dedicação,
Desejo ser amada
Ao ver tanta violência,
Tanta morte,
Tanto sangue,
Vejo ser mais frágil que o amor
Ao sair de minha casa,
Vejo o quanto sou egoísta
Ao deixar meu corpo,
Vejo que não quero voltar a tê-lo
Ao pensar em tudo que está a minha volta,
Chego a conclusão de que me redimo a tão pouco,
Tão pouco,
Que quase não existo
Ao ver o quanto posso ser mais,
Sinto-me frustrada ao observar minha pequenez