sexta-feira, 22 de abril de 2011

Marcando Passos...

Foto: Wallace Rodolfo, Izaias Resplandes e Gaudêncio Amorim


*Gaudêncio Amorim

O processo de globalização iniciado no mundo possui os seus convenientes e inconvenientes, mas, por outro lado, expõe as comunidades e os próprios homens, enquanto seres existenciais socialmente organizados, à compreensão dos fenômenos de grandezas e dimensões variáveis para que, na condição de células sociais, partilhem e compreendam o mundo das idéias como na velha Grécia, assim o denominava o filósofo Platão. Todavia, de um mundo de idéias sensatas, racionais politicamente corretas e socialmente éticas, nunca um arroto do sentimento incontido ou de mágoas pessoais mal resolvidas. O mundo das idéias em que se apresenta esta idéia ainda é nebuloso, mas logo a iluminarei melhor. A princípio é uma idéia nebulosa, mas é também, a principio, uma idéia filosófica, única coisa incapaz de morrer no mundo das idéias. Por isso, toda idéia para ser inserida no contexto, precisa dos seus fundamentos, da sua história, sob pena de lhe ser impingida um caráter banal pela aclamação social. Assim, a dimensão histórica da globalização precisa ser aclarada, pois que nem sempre foi assim, ou seja, a globalização é um processo recente, tanto é que mesmo em franca proliferação do fenômeno em todo mundo, ainda existe comunidades fechadas, tribos em sistema de castas que não reconhecem o estreitamento das fronteiras políticas e culturais nem tampouco a pluralidade social como aspecto de um mesmo processo e, em tendência universal. A indiferença dessas comunidades e a incompreensão do fenômeno lhes trarão conseqüências desagradáveis e o preço do retrocesso, do atraso e de um incômodo lugar na retaguarda político-social e sobretudo, econômica. Lidar com a globalização requer um serviço de inteligência social materializada numa atitude para além dos discursos ouvidos e processados nos meios de comunicação. A globalização é uma realidade, quer reconheçamos ou não os seus efeitos. E. num futuro bem próximo, a crença da neutralidade ou da lamúria barata e retaliadora dos homens cederá lugar (forçosamente) para uma nova visão de futuro: a visão da história, da diversidade e do contexto que se explicitará na unidade, porém, com maiores avanços na direção da totalidade, da universalidade, numa visão que supera o homem e contempla o contexto social, econômico e político.


O reconhecimento a globalização, enquanto fenômeno universal, bom ou ruim, transformará os homens. E assim como este fenômeno estreita fronteiras aproxima os povos para uma convivência em direção da universalidade de tantos aspectos humanos, o homem tende a alargar os seus horizontes de compreensão da vida, da sociedade, da política e da cultura; tende, outrossim, a ser mais racional e menos emocional.

Isto posto, já posso falar do processo político de uma comunidade, entendendo suas vantagens e desvantagens pelo processo de globalização.


A política é matéria subjetiva, diz respeito as relações humanas e a lógica administrativa de uma sociedade, excluída a ótica de “pacto entre os iguais”.

Por essa razão, se não compreendermos a política como atividade imanente aos homens e transcendental a eles, é possível que nos restrinjamos aos deuses, monarcas, déspotas, absolutistas, legisladores, caciques etc.. como os verdadeiros heróis da história; como única atividade política e desconsidere a relação do e entre os homens, cedendo às retóricas, as promessas não cumpridas sem saber com clareza qual engodo é pior: se do político que passa, se do que se estabelece, restando nesse processo uma única coisa boa: a esperança no futuro. Cada vez mais esmorecida à medida que vivemos.

De maneira que a esperança no futuro precisa ser transformada em uma nova visão de futuro que parte da nossa vontade de mudança, mas não só; que reconhece as intenções locais, mas não só; que acata o novo como herói, mas não só. A visão de futuro não coloca o homem num processo de ostracismo e de egoísmo sem precedente ou de um orgulho insaciável incapaz de se reconhecer o óbvio dos seus gestos, que não compromete a si, mas todos, enquanto seres socialmente organizados. Não basta apenas a nossa vontade, é preciso reconhecer as outras; não basta apenas reconhecer as intenções locais é preciso ler o contexto regional, do Estado, do País e até de organismo internacionais, dos quais, economicamente, dependa o progresso local; não basta acolher “o novo” como salvador ou lenitivo para os males sociais e econômicos, é preciso compreender a possibilidade de alianças com “o velho”, com o diferente segundo a versatilidade do novo líder e assim por diante. A política não é mais “um negócio da china” no sentido da exploração social dos homens, mas uma ciência que desenvolve dos homens para com os homens estruturada na racionalidade dos próprios homens e não crença vã dos deuses, que heroicamente salvaria o mundo.

Precisamos superar a política dos coronéis, dos salvadores da pátria, das fórmulas mágicas de resolução de problemas sociais cancerígenos. Precisamos ver as coisas e a política como realmente elas são: sem romantismo e retóricas “calientes”. Caso contrário, continuaremos marcando passos, na retaguarda de outros.


Gaudêncio Amorim – 1º Vice-Presidente da União Poxorense de Escritores; pedagogo, Cientista político (UNIVAG), Pósgraduando em Gestão e financiamento da educação (UFMT) e diretor da Escola Estadual Pe. César Albisetti em Poxoréo- MT.

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