segunda-feira, 18 de outubro de 2010

PREITO

Edinaldo Pereira

E o menino se fez homem

E se fez padre

E se fez louco

E voou para o Brasil




Não quis as grandes catedrais

Não quis as altas patentes eclesiásticas

Não quis a cátedra das universidades

Quis ser pai de uma gente


Não se fez médico, mas curou doentes

Não se fez engenheiro, mas erigiu tantas casas

Não se fez aventureiro, mas enfrentou selvas

Quis e conquistou almas


Eu o vi em vestes pobres

Eu o vi no altar com cimento nos sapatos

Eu o vi cavalgar sob o sol escaldante

Eu o vi abençoar o povo pobre


Eu o vi correr com os meninos

Eu o vi trabalhar com os pedreiros

Eu o vi ensinar nas escolas distantes

Eu o vi sempre atarefado


Conheço o hospital que edificou

Conheço os templos que a Deus ofereceu

Conheço as valiosas obras de arte que adquiriu

Conheço o cubículo onde dorme


Sei que não é de ferro

Sei o que diz sem palavras

Sei que chora em silêncio

Sei que sente dor e cansaço


Por isso o admiro:

Por envelhecer sem se tornar velho

Por fazer sem esperar um “obrigado”

Por agir quando tantos cruzam os braços


Quem sou eu que sei tantas coisas?

Sou o povo poxoreano que passa

Que vê toda a sua obra

Mas nem sempre tem coragem

De manifestar seus sentimentos...



Em 13/11/2002, seu 78º aniversário

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