sexta-feira, 7 de novembro de 2014

AO UPENINO AMORÉSIO!



Existe, numa tribo indígena da Austrália, um costume de que, quando se morre um membro do grupo, eles escolhem alguém para narrar as glórias e os feitos dele por 30 dias para que a memória dele não seja esquecida. Tenho certeza de que, se fizéssemos isso com Amorésio, ficaríamos por mais de 30 dias narrando as glórias e os feitos, pois, além de marcar a vida de cada uma das pessoas que com ele conviveram, marcou a nossa cidade Poxoréu.
Amorésio Souza Silva nasceu para esse mundo em 19 de março de 1953. Filho de Alexandre Pereira da Silva e de Dona Alice Angélica da Silva que vieram da Bahia em 1928, ainda pequenos, para depois aqui casarem-se e constituírem uma bela família com os filhos: José Augusto (in memoriam), Ademar, Amorésio, Cesar, Alexandre Filho, Juscineide (in memoriam), Juscélia, Aloísio, Alexandra e Jussara.
Amorésio sempre foi um homem rodeado de várias pessoas e, talvez por isso mesmo, aprendeu tão bem a amar e valorizar o ser humano, tendo sempre uma palavra, muitas vezes uma piada, para elevar a alma de quem estava ali com ele.
Entretanto, como disse Fernando Pessoa “A morte chega cedo”. E chegou! E, chegando a morte, ficamos chocados, porque não fomos feitos para a morte, mas para a eternidade. Existe em cada um de nós esse desejo de eternidade: somos feitos de eternidade!
Tentamos, nesse momento, elaborar palavras de consolo, buscando até explicações, mas a verdade é uma: não há nada que console ou explique essa saudade que nasce nos corações dos que o amaram. E isso é algo para nos alegrar, sim, para nos alegrar, pois isso é sinal de que o amamos! Existiu amor sincero nos corações que puderam conviver com esse homem admirável! Se existiu amor, então existiu tudo!
Amorésio foi um dos seres humanos mais incríveis que pude conviver. Foi com ele que arranhei as primeiras notas do violão e, foi com ele, que ouvi a primeira lenda sobre o surgimento do violão, que dizia o seguinte: “Existia um casal apaixonado. Ele chamava-se Viterbo e, ela, Olarinda. A família se opunha àquele amor, o que levou Viterbo a doença e, consequentemente, a morte. Olarinda foi ao túmulo do seu amado pranteá-lo e uma fada, comovida com o sofrimento da moça, lhe perguntou o que poderia fazer para aliviar o seu sofrimento. Olarinda lhe disse que gostaria de ficar para sempre unida ao seu amado e que, em todos os tempos, as pessoas lembrassem-se desse amor através de sons apaixonados. A fada então transformou Olarinda num instrumento e, com as iniciais dos dois, chamou de Viola que nós chamamos de Violão”. Sempre preferi essa lenda aos fatos históricos.
Quantas vezes pudemos conversar e era sempre um ensinamento. Sempre ao lado da Dora, Amorésio era aquele que nos fazia acreditar que o homem é bom!
Nunca mais Poxoréu será a mesma! Amorésio sempre executava a canção Carlos Gardel nos encontros da UPE, essa era a minha canção preferida, sempre pedia a ele para que tocasse, inclusive no churrasco que fizemos em casa e, hoje, querido mestre Amorésio, digo que assim como Carlos Gardel foi quem melhor cantou Buenos Aires, você foi quem melhor cantou Poxoréu e enquanto houver uma “guitarra, tu viverás também”, Amorésio.
Entregamos você a Deus, com o coração sofrido, mas esperançosos de que nos encontraremos na nossa mansão definitiva. Que suas obras e memória consolem sua mãe, seus irmãos, sua esposa, seus filhos, netos, enfim, a todos que precisam aprender a reorganizar a vida. A todos, Amorésio, que assim como eu, tem um sentimento: “É tão estranho, os bons morrem jovens! Assim parece ser quando me lembro de você e de tanta gente que se foi cedo demais”.
Sabe quando é que morremos? Quando Deus sente saudade! E Deus sentiu saudade de você, meu amigo, acabou-se o seu exílio nessa terra, vai em Paz!

Wallace Rodolfo, aluno, amigo, confrade upenino e profundo admirador.


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