Gaudêncio Amorim
I
Era domingo – dia de relativa paz!
daqueles que a família reunida,
na lida doméstica aquecida
Repousa-se sem se cansar.
Parece que naquela paz serena e mansa
É o dia que a gente mais descansa
Antes da segunda feira – dia de trabalhar.
II
Na varanda solitária, o latido da cachorrinha
Que mais parecia uma campainha
Anunciar visitantes na porta de entrada.
As vezes latia tanto à exaustão
Passando merecer, o bichinho de estimação
Umas violentas e boas chicotadas.
III
Mas era a nossa cachorrinha...
Esperta, travessa, ligeirinha
Que latia ás noites e embalsamava os dias
Era aquele bicho doméstico tão querido
Que sem os seus incansáveis latidos
Nossa casa parecia uma lata vazia.
IV
Ela era a Duda e parecia uma decoração
Daquelas que a ordem vigente
Sugere de forma eloqüente
preservar para nunca morrer.
Mas nesta vida não há eternidade
E um dia, contra a nossa vontade.
Tudo que prezamos tende a desaparecer.
V
Foi assim com a Duda, nossa cadela
Que numa tarde, nostágica e amarela
Escreveu o seu negro destino.
Naquele dia, indefesa, a pobre coitada
Sucumbiu-se a vida nas ferozes dentadas
De um cão monstruoso e assassino.
VI
Cão maldito, maldito cão!
Negro de cor, alma de tição
Como pode matar minha pequena?
Ela jamais ofendeu uma pessoa
Não havia ali cadela tão boa
..não merecia aquela horroroza cena.
VI
Mas cão pitbul e desgraçado
Perverso, vil desenfronhado
Ser negro! dos santos desconjurar.
Enquanto a minha Duda, sem merecer
Sempre conjugando o verbo viver
Viu aquele cão conjugar o verbo matar.
VII
A probrezinha ainda convalescendo é trazida
Na tentativa de curar-lhe as feridas
No socorro que já lhe veio tarde.
E estendida no chão, tentamos devolver-lhe o alento
Salvar-lhe daquele desejo sarnento
Das malditas dentadas do ptibul covarde. .
VIII
A dona do cão, soberba e ingrata,
Na cena fúnebre, receita desata
Pra diminuir a culpa e aumentar o perdão
- Lá em casa tem terramicina
- Dê-lhe uma dose que ela logo se anima
.... E ela não morrer não!.
IX
Ledo engano, o remédio não fez efeito
Embora a quiséssemos viva com ou sem defeito
Deixamos convalescida num canto da porta.
Mas quando voltamos lá sangrava-lhe as feridas
Dura, inerte, estremecida:
....Olhos arregalados...estava morta!
X
E o meu pequeno revoltado chora
Pede impensadamente, sem demora
- Mata aquele cão desgraçado, pai!
De faca, machado, não importa
Aí está minha cachorrinha morta
Prá ele não matar outras mais.
XI
Meu filho! A violência gera violência
Não se preocupe .... um dia sem clemência
O seu destino também o mundo traga.
Pois a lógica que a vida encerra
É o que: o que faz na terra
Na terra se paga.
I
Era domingo – dia de relativa paz!
daqueles que a família reunida,
na lida doméstica aquecida
Repousa-se sem se cansar.
Parece que naquela paz serena e mansa
É o dia que a gente mais descansa
Antes da segunda feira – dia de trabalhar.
II
Na varanda solitária, o latido da cachorrinha
Que mais parecia uma campainha
Anunciar visitantes na porta de entrada.
As vezes latia tanto à exaustão
Passando merecer, o bichinho de estimação
Umas violentas e boas chicotadas.
III
Mas era a nossa cachorrinha...
Esperta, travessa, ligeirinha
Que latia ás noites e embalsamava os dias
Era aquele bicho doméstico tão querido
Que sem os seus incansáveis latidos
Nossa casa parecia uma lata vazia.
IV
Ela era a Duda e parecia uma decoração
Daquelas que a ordem vigente
Sugere de forma eloqüente
preservar para nunca morrer.
Mas nesta vida não há eternidade
E um dia, contra a nossa vontade.
Tudo que prezamos tende a desaparecer.
V
Foi assim com a Duda, nossa cadela
Que numa tarde, nostágica e amarela
Escreveu o seu negro destino.
Naquele dia, indefesa, a pobre coitada
Sucumbiu-se a vida nas ferozes dentadas
De um cão monstruoso e assassino.
VI
Cão maldito, maldito cão!
Negro de cor, alma de tição
Como pode matar minha pequena?
Ela jamais ofendeu uma pessoa
Não havia ali cadela tão boa
..não merecia aquela horroroza cena.
VI
Mas cão pitbul e desgraçado
Perverso, vil desenfronhado
Ser negro! dos santos desconjurar.
Enquanto a minha Duda, sem merecer
Sempre conjugando o verbo viver
Viu aquele cão conjugar o verbo matar.
VII
A probrezinha ainda convalescendo é trazida
Na tentativa de curar-lhe as feridas
No socorro que já lhe veio tarde.
E estendida no chão, tentamos devolver-lhe o alento
Salvar-lhe daquele desejo sarnento
Das malditas dentadas do ptibul covarde. .
VIII
A dona do cão, soberba e ingrata,
Na cena fúnebre, receita desata
Pra diminuir a culpa e aumentar o perdão
- Lá em casa tem terramicina
- Dê-lhe uma dose que ela logo se anima
.... E ela não morrer não!.
IX
Ledo engano, o remédio não fez efeito
Embora a quiséssemos viva com ou sem defeito
Deixamos convalescida num canto da porta.
Mas quando voltamos lá sangrava-lhe as feridas
Dura, inerte, estremecida:
....Olhos arregalados...estava morta!
X
E o meu pequeno revoltado chora
Pede impensadamente, sem demora
- Mata aquele cão desgraçado, pai!
De faca, machado, não importa
Aí está minha cachorrinha morta
Prá ele não matar outras mais.
XI
Meu filho! A violência gera violência
Não se preocupe .... um dia sem clemência
O seu destino também o mundo traga.
Pois a lógica que a vida encerra
É o que: o que faz na terra
Na terra se paga.
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