sábado, 28 de novembro de 2009

DIPLOMADO E AUTORIZADO PELA OAB


Prof. Gaudêncio Amorim

Há situações que a gente procura as palavras e elas simplesmente somem, desaparecem, como diria o saudoso mestre Aquilino “escafedeu” em um dos seus poemas, deixando nossa mente uma espécie de “razão em ponto morto”, como pregou o filósofo alemão Imanuel Kant, mas há outras que as palavras são tantas que precisamos proteger a nós mesmos para sobrevivermos uma tempestade de palavras, de idéias, expressões, porque a situação a ser narrada é tão abundante que logo as laudas tomam forma de escritos, estórias, histórias, livros, coletâneas, tomos, volumes e etc. Isso tudo depende da situação narrada, da coisa, do objeto, do ser humano, da pessoa de quem se fala. Prof. João de Souza, na prosa erudita com o príncipe dos poetas upeninos Joaquim Moreira estava chamando este momento de panegírico, mas prefiro chamar de algumas palavras....

Recebi uma incumbência, quase que tempestiva, quase imperativa do Presidente da UPE – Prof. João de Souza e do Secretário Geral – Luiz Carlos Ferreira que não me soou como desafio, obstáculo, sacrifício, ao contrário, soou-me como uma honra concedida, uma outorga meritosa para, em poucas palavras, falar de um grande amigo, um grande pai, um bom esposo, um grande profissional, um educador e um intelectual da mais refinada gema da cultura Poxorense, da cultura mato-grossense e da cultura brasileira: o prof. Izaias Resplandes de Souza, o “Resplandes” ou o “Prof. Pardal”, como era conhecido nos tempos de movimento estudantil dos anos 80. Ora, é muito fácil falar de alguém que na arte e na cultura, para nós da UPE, foi e tem sido o nosso Cicerone, a nossa estrela-guia numa força-tarefa de construtores e protetores dos pilares culturais deste município. Alguém que tem sido a nossa “eminência parda” no bom sentido, o nosso guru de muitas horas boas e de outras não tão.

Hoje estamos aqui não apenas para congratular pela conquista honrosa, dádiva única e exclusiva da sua própria inteligência e dedicação em superar as avaliações da OAB com a chancela para operar o direito, mas também reiterar o importante cidadão Poxorense nas grandes conquistas deste município.

Izaias Resplandes de Souza é Mato-grossense de Torixoréu, onde nasceu aos 25 de maio de 1958. Filho de Marcelino Argemiro de Souza e Maria Resplandes de Souza, casado com Maria de Lourdes Resplandes, de cujo enlace nasceram as suas três pérolas mais queridas e mais brilhantes: Fernando Resplandes, Mariza Resplandes e Ricardo Resplandes, sendo o primeiro já formado em Bioquímica e Farmácia e Casado com MARIANA DA SILVA NASCIMENTO RESPLANDES; a segunda, já na iminência de concluir o seu curso de direito e, certamente, não diferente do pai, as provas da OAB não serão bichos de sete cabeças e o último, já concluso o seu ensino médio, cumpre a diretriz curricular mais importante dos parâmetros curriculares nacionais: Continuar aprendendo, desta vez, em nível superior. Seguindo as pegadas do irmão mais velho, concluiu neste ano de 2009 o segundo semestre do curso de Farmácia na UNIC de Primavera do Leste, MT.

Mas, nesta data prefiro caminhar por “mares nunca dantes navegados” ou pelo menos, muito pouco navegado, afinal, já conhecemos o Izaias Resplandes de Souza, funcionário público, professor, gerente de cidade, pedagogo, matemático e tantas outras formações que se emolduram na sua história intelectual; o fundador da ASSEMP, o criador da UPE, o autor de praticamente 25% das leis do município num universo de mais de 1300 leis que, num ofício de sem ser aprendiz de rábula, já naquela época, não envergonhava ninguém, ao contrário, era referencial de consulta, mesmo para experientes advogados; o criador do Mercado Municipal; o criador da Seiva, da Gazeta do Estudante, Redator do Correio de Poxoréu, Co-produtor de outros tantos jornais e idealizador de outras tantas frentes de ações no município.

Prefiro ocupar esta ocasião para falar de um “Izaias” que eu conheci na década de 80, cujas habilidades e inteligência chamava a atenção da sociedade e despertava os olhos do “príncipe” da época, ou para usar a linguagem do direto, “do alcaide municipal” dando-lhe responsabilidade que, no decurso de funcionário público, executou-as, brilhantemente, agindo sempre a luz dos princípios da administração pública, principalmente no que tange a legalidade, a impessoalidade, a publicidade, a eficiência a transparência, aliás, desta última, lembro-me como se fosse agora, da Professora Sirley Silveira, falando “que nada mais fere a democracia do que a ausência de transparência”, conforme pregava o renomado francês Norberto Bobio. Foi no município, indubitavelmente, um exemplar servidor público, implacável na defesa do interesse comum e muitas vezes incompreendido por colegas que se ocupavam do espaço público para promoções políticas ou vantagens individuais ou corporativas. Não importam o que digam: ele fez o seu papel e se tem perdedores nesta história, hoje com a sua ausência lá, o município foi o único.

Quero falar do Izaias, meu vizinho, dos tempos em que Fernando ainda era uma criança, Marisa arrastava pelo terreiro da casa na Rua W-14 da Cohab Dom José Selva, Ricardo nem era nascido e ele usava uma barba e bigode que mais pareciam réplicas dos socialistas de Lênin ou Stalin, egressos dos Bolcheviques no inicio do séc. XIX, de um Izaias ainda inquieto, menos tolerante, idealista mas nunca menos humano, menos família, menos amigo, apenas alguém com uma imensa força interior para vencer e uma disposição para enfrentar qualquer batalha que a vida o oferecesse; Das nossas caminhadas pelo território municipal orientando professores rurais ou entregando merenda escolar nas escolas Santa Maria, na Fazenda Curuçá, do saudoso Joaquim Meirelles, na Santa Rosa, do amigo Eli Turbino, na Boa Esperança, do Sr. Hélio Garcia, na Cláudio Manoel da Costa, da saudosa professora Aléxis Xavier da Costa, das Benjamins de Oliveira no Largo da Ema e no Fundão, na Escola da Barra do Paraíso nos tempos da Professora Iracy do esposo Juca, ambos de saudosa memória. Memoráveis tempos. Tempos de uma inocência quase pura e que hoje forma os retalhos da imensa colcha de retalho de nossas vidas.

Quero falar do Izaias antes de Poxoréu, na Goiânia das mulheres belas, por cujas pérolas goianas consolidou sua paixão por aquela que mais tarde a desposaria e que jamais cansaria de amá-la e cantá-la em verso ou prosa, como por exemplo: “Você é o sol da vida/ que ilumina os caminhos/a luz em raio/ que me tira a dúvida/ que me satisfaz” – no poema VOCE É, publicado no “Saudades e Melancolias”, em 1987, juntamente com Kautuzum e eu pelas Gráficas Aurora, dirigida pelo Prof. João de Souza ou ainda no seu Poema NOITES DIVIDIDAS, PUBLICADO NA Antologia Poética, em 2004, versando sobre o seu dilema, quando tinha que atravessar toda a cidade para encontrar a amada, ROTINA AQUELA QUE O INQUIETAVA reclamando:, “Penso... noites seguidas, idas e vindas na madrugada, pelas estradas a caminhar. /Não nos temos?”, porém, sempre destemido a tornar uma noite única, sem recorte, com um sono tranqüilo e ao lado da mulher que o coração célere, perdia o compasso e quem lhe daria os três que, mais tarde, em 2005, cantaria o seu sucesso. Diz ele: “aqui nasceram os três poxorenses que mais admiro: Fernando Resplandes, Mariza Resplandes e Ricardo Resplandes, filhos que dona Maria de Lourdes Resplandes me agraciou”, conforme restou publicado no Jornal O UPENINO, n° 14, a pagina 03, de dezembro de 2005, intitulado POXORENSES DE SUCESSO.

Quero falar de um Izaias preocupado com as causas ecológicas, com a exploração do Meio Ambiente Ecologicamente Sustentável, principalmente com a delimitação do Parque da Lagoa, que mais tarde se transformaria em lei municipal, mas graças a uma luta sua e da comunidade upenina, afinal ele denunciara em 1991, as ocupações irregulares e impropriedades do gênero no interior e no entorno do hoje Parque da Lagoa, conforme pode se destacar da sua crônica “LAGOA: UM ESPAÇO PARA O AMANHÃ, publicada no Jornal O UPENINO n° 03, mais tarde na matéria: PARQUE DA LAGOA URGENTE.

Quero falar de um Izaias que adotou Poxoréu por berço se tornando mais um poxorense nordestino a decantar o torrão para amá-lo, defendê-lo e honrá-lo. Basta ler alguns versos do seu EXALTAÇÃO A POXORÉU:

“Salve, salve Poxoréu, capital dos diamantes
Esplendor de Mato Groso, nosso Estado tão pujante
A terra que os garimpeiros oriundos do nordeste
Viram ser seu paraíso tão sonhado no agreste”

Seu amor por Poxoréu se tornou tão explicito que no seu RECADO DE POXORÉU recomenda ao filho ausente sempre proclamar o torrão natal.

“O nome de Poxoréu!
Proclame sua grandeza
Exaltes a sua beleza
Não deixe-o a vagar ao léu!”

Entre outras manifestações do civismo e do orgulho patriótico, Izaias se iguala a José de Alencar, Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães, Castro Alves, Visconde de Taunay e outros românticos defensores do amor, do nacionalismo e das belezas naturais. A veia cívica de Izaias é tão evidente que o primeiro trabalho escrito para o Jornal O UPENINO foi uma crônica intitulada “07 de Setembro”.

E hoje nós estamos aqui, reunidos, irmanados, em família para aplaudir mais essa vitória, mais essa conquista, embora não restava em nós qualquer dúvida, qualquer indício de incerteza que assim não seria e desejar que também neste caminho você plante uma constelação de estrelas, principalmente, defendendo os fracos e oprimidos das algemas dos poderosos e das convenções arbitrárias e exploradoras dos algozes; que a ética com que ensinaste teus alunos a serem homens corretos e bons seja também a mesma ética para operar o direito em prol da transformação social e muito principalmente, em defesa da justiça. Afinal, Prof. Izaias você não precisa ir em Haia para ser reconhecido cidadão do mundo, como fizera Rui Barbosa, o que precisa é aumentar os portais do mundo, para que você possa entrar. Felicidades meu amigo Izaias Resplandes de Souza, nós todos aqui reunidos te saudamos nesta nova conquista neste novo vôo. Seja Feliz e que o produto das suas intervenções advocatícias faça seus clientes igualmente felizes e realizados.


Em resposta ao Prof. Gaudêncio, eu escrevi:

Obrigado, meu amigo... Por suas palavras repletas de sensibilidade, de
emoção e de recordação. Senti-me imensamente feliz de poder reviver a minha
trajetória pelas diferentes estradas que cortam e dominam esse município. Você
tem sido um excelente companheiro de aventuras. Aprecio sua poesia e sua prosa.
De forma que, nos embalos da conversa poderíamos chegar aos quatro cantos do
mundo.
No que se refere ao trabalho literário produzido por Vossa Excelência
em minha homenagem, não poderia o mesmo ser menos brilhante do que o seu autor.
Texto profundo, escrito com a sapiência que o caracteriza, merecedor de registro
nos anais da União Poxorense de Escritores como uma obra da literatura
poxorense. Certamente que muitos ainda debruçarão sobre ele, não apenas para
conhecer sobre o Resplandes, mas principalmente sobre o AMORIM. É sabido que
nada mais revela uma pessoa do que aquilo que ele escreve. Sua crônica "Um
rábula diplomado e autorizado pela OAB" deixa transparecer a sua sensibilidade,
a sua memória prodigiosa, o seu amor pela educação, o seu apreço pela
literatura, pelas artes e pela cultura, a sua paixão por Poxoréu, sua terra
natal.
Avancemos! Não dá para parar. Como já escrevi, parar significa morrer.
E, como temos a intenção de viver para sempre, só nos resta continuar, lançando
nosso barco rumo ao desconhecido, com o afã de descobri-lo para as gerações que
virão.
Forte abraço.


Izaias Resplandes

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