quarta-feira, 26 de dezembro de 2018
sexta-feira, 21 de dezembro de 2018
quinta-feira, 20 de dezembro de 2018
sábado, 27 de outubro de 2018
A liberdade de decidir
A liberdade de decidir
Izaias Resplandes de Sousa
O homem vive uma eterna corrida pela realização de sua meta de vida. Tudo começa ao nascer, às vezes até antes sem que a gente se dê conta. E dura enquanto vivermos e, às vezes até depois da morte, embora nem sempre tenhamos convicção de que isso ocorra. No entanto, seja pelo que seja, seja pelo que temos consciência, seja pelo que acreditamos, a meta de uma vida humana tem a duração dessa vida, começando onde começar e terminando onde terminar.
Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor. Efésios 1:3,4.
Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Mateus 25:34.
A besta que viste foi e já não é, e há de subir do abismo, e irá à perdição; e os que habitam na terra (cujos nomes não estão escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se admirarão, vendo a besta que era e já não é, ainda que é.Apocalipse 17:8.
E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo. Apocalipse 20:15.
A luta pode ser linear ou cheia de altos e baixos. É variável conforme as circunstâncias. Poucos seguem a linearidade. A maioria segue por esse sobe e desce.
Eis que saiu o semeador a semear. E aconteceu que semeando ele, uma parte da semente caiu junto do caminho, e vieram as aves do céu, e a comeram; e outra caiu sobre pedregais, onde não havia muita terra, e nasceu logo, porque não tinha terra profunda; mas, saindo o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz, secou-se. E outra caiu entre espinhos e, crescendo os espinhos, a sufocaram e não deu fruto.E outra caiu em boa terra e deu fruto, que vingou e cresceu; e um produziu trinta, outro sessenta, e outro cem.Marcos 4:3-8.
O que semeia, semeia a palavra; e, os que estão junto do caminho são aqueles em quem a palavra é semeada; mas, tendo-a eles ouvido, vem logo Satanás e tira a palavra que foi semeada nos seus corações. E da mesma forma os que recebem a semente sobre pedregais; os quais, ouvindo a palavra, logo com prazer a recebem; mas não têm raiz em si mesmos, antes são temporãos; depois, sobrevindo tribulação ou perseguição, por causa da palavra, logo se escandalizam. E outros são os que recebem a semente entre espinhos, os quais ouvem a palavra; mas os cuidados deste mundo, e os enganos das riquezas e as ambições de outras coisas, entrando, sufocam a palavra, e fica infrutífera. E estes são os que foram semeados em boa terra, os que ouvem a palavra e a recebem, e dão fruto, um trinta, e outro sessenta, e outro cem. Marcos 4:14-20.
A linearidade exige postura firme, seja no que for favorável, seja no que for contraditório, seja no sim, seja no não. Aquele que segue por essa trajetória costuma levar uma vida difícil. Sofre perseguições de todos os lados; é afrontado e desrespeitado pelos que pensam e se posicionam de forma diferente.
Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem. Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Mateus 7:13-16.
E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós. E de todos sereis odiados por causa do meu nome. Lucas 21:16,17.
Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte. 2 Coríntios 12:10.
É difícil dizer que uma trajetória é melhor do que a outra, porque para cada um, a sua trajetória é sempre a melhor, em detrimento de todas as outras. As ideias e os pensamentos de um dificilmente serão iguais às de outros. Cada ser humano tem as suas próprias ideias e deve ser respeitado por tê-las.
Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um. Romanos 12:3.
E, se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber. 1 Coríntios 8:2.
Portanto assim diz o Senhor: Vós não me ouvistes a mim, para apregoardes a liberdade, cada um ao seu irmão, e cada um ao seu próximo; pois eis que eu vos apregoo a liberdade, diz o Senhor, para a espada, para a pestilência, e para a fome; e farei que sejais espanto a todos os reinos da terra. Jeremias 34:17.
Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade. Tiago 2:12.
E isto por causa dos falsos irmãos que se intrometeram, e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão. Gálatas 2:4.
Cada ser humano que tem vindo ao mundo tem em si o dom do discernimento mínimo que é necessário para que faça as suas escolhas e responda por elas.
De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus. Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão. Romanos 14:12,13.
O direito de cada um decidir sobre o que quer é sagrado. Quem não respeita essa liberdade ainda não compreendeu o princípio fundamental da vida, que é a liberdade. Qualquer que atentar com isso, atenta contra a liberdade. O livre arbítrio é basilar na existência humana.
Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor. Josué 24:15.
O homem pode errar em suas escolhas, mas um não morrerá por conta das escolhas do outro. O que escolher mal pagará por sua escolha.
Que pensais, vós, os que usais esta parábola sobre a terra de Israel, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram? Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que nunca mais direis esta parábola em Israel. Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá. Ezequiel 18:2-4.
A decisão está diante de nós. Escolhamos com amor e misericórdia, pensando em nós, mas principalmente, pensando nos que mais sofrem neste país. E seja o que seja, prossigamos com respeito e consideração por todos, ninguém se julgando melhor do que ninguém.
Completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa. Nada façais por contenda [partidarismo] ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens. Filipenses 2:2-7.
Que todos nós sejamos abençoados!
quinta-feira, 11 de outubro de 2018
A esperança de pobre nunca morre
A esperança de pobre nunca morre
Izaias Resplandes de Sousa
A revolta e a indignação,
inexoravelmente provoca a dor, mas essa dor é muito mais forte quando os
motivos da revolta e da indignação fazem parte de nossas próprias estruturas;
dói muito mais quando a causa da dor está dentro da gente.
Quando eu ouvia dizer que as pessoas
eram atacadas pelos coturnos e botinas das ditaduras de ontem; e que o homem se
tornava o lobo do homem; e que torturava, que sequestrava, que matava e fazia
desaparecer homens, mulheres e crianças simplesmente porque essas pessoas
ousavam dizer o que pensavam e reclamar pelos direitos de viver com dignidade;
quando eu ouvia dizer essas coisas, eu sofria muito, e, empaticamente, eu
sentia a dor que elas sentiam... Mas, quando eu próprio levei as botinadas e
coturnadas nas costelas, na cabeça e por tudo quanto é lado; quando eu mesmo
fui torturado e fui alvo daquelas agressões; quando eu fui usado e abusado e
depois largado e abandonado; quando eu fui o objeto de depreciação daquelas
forças, então a minha dor se multiplicou muitas vezes mais.
Aquelas pessoas que batiam,
sequestravam, torturavam, matavam e faziam desaparecer até os cadáveres...
Aquelas pessoas sempre pensaram que eram melhores do que eu; pensavam que eram
meus senhores e meus deuses e que eu lhes deveria obedecer incondicionalmente,
ou então sofrer as consequências.
“Deita no chão”, “ponha as mãos nas
costas”, “não se mexa”... Quantas pessoas ouviram isso somente porque eram
pobres, maltrapilhos, negros e LGBTs... Eu não quero continuar vendo isso nunca
mais. E vou lutar por essa causa enquanto eu viver.
Eu não fui castigado diretamente
pelos ditadores, mas eu sofri as consequências de suas ideias autoritárias. Eu
era estudante ginasial na década de sessenta. Meus pais eram pobres. Não havia
escola pública para que eu e meus irmãos estudássemos. E de um universo de
treze irmãos, eu e um outro fomos escolhidos para ir estudar na cidade. Meu
irmão foi morar com uma tia em uma cidade e eu fui morar com outra tia, em outra
cidade. Fui tirado do seio de minha família porque não tinha escola para mim no
lugar onde eu vivia.
E então eu fui para a cidade. Mas a
escola que tinha lá para mim era particular. E meu pai não tinha condições de
pagar. E minha tia, igualmente muito pobre, com muitos filhos para sustentar,
também não tinha condições. Mal conseguia me alimentar. E então, com dez anos
de idade, eu fui obrigado a trabalhar para pagar a minha escola. Na hora do
recreio, meus colegas lanchavam e eu sentia o agradável cheiro dos cachorros
quentes que eles comiam e sonhava com o dia eu que pudesse comer pelo menos um
pedaço de um deles acompanhado por um gole grapette, um refrigerante de uva
daquela época. Mas eu não podia nem espichar os olhos para a merenda de meus
colegas, porque só de estar ali, naquela escola de pessoas que podiam pagar
para estudar já era um grande privilégio para um filho de pobre como eu.
Aquela geração achava muito normal
que uma criança de onze anos como eu tivesse que trabalhar como um adulto. Eu
fazia a limpeza de minha sala de aula em troca da mensalidade escolar; e depois
eu vendia as coisas na rua para ter com que comprar cadernos, livros e outros
materiais escolares. E acabei tomando gosto pelo dinheiro que conseguia, de tal
sorte que, mal consegui terminar o ginásio naquele tempo, pois o que me
interessava era trabalhar e ganhar dinheiro, ainda que fossem trocados.
Perdi muitos anos de minha vida em
trabalhos corriqueiros e mal remunerados, ao invés de estudar e me tornar um
profissional de verdade. Terminei o ginásio em 1973, mas somente concluí o
segundo grau em 1984. E somente ingressei na faculdade em 1995. Foram onze anos
para concluir o 2º grau e onze anos para ingressar na faculdade. E não pode ser
de outra forma, porque eu próprio tivera que trabalhar para prover o meu
sustento, não sobrando muito tempo e disposição para estudar.
E então eu vi as coisas mudando
enquanto eu envelhecia. E veio a Constituição de 1988 e depois dela várias leis
assegurando o direito de todos ao estudo, principalmente para as crianças, as
quais foram protegidas até os dezesseis anos para que pudessem ser crianças,
brincar, estudar e se preparar para viver uma vida digna.
Mas apesar da Constituição e das
leis, os direitos não vieram sem lutas. E eu participei dessas lutas. Eu vivi
essas lutas. Eu fui para as ruas e agitei bandeiras, e fiz discursos, e
enfrentei o sistema... E então eu vi os governos lentamente mudando e se
aperfeiçoando, ao rufar dos tambores de nossas lutas na resistência em favor da
inclusão de todos aqueles que, por alguma razão social, física, cultural ou
qualquer outra que fosse, estivessem impedidos de exercer os seus direitos como
pessoas humanas que são.
E eu sou feliz porque eu vi os
pobres, os negros, os índios, as mulheres, os portadores de necessidades
especiais e toda a diversidade de gênero incluída nos programas sociais de meu
país. Eu vi os pobres comendo, estudando, se preparando para o trabalho e
trabalhando, no campo e nas cidades. E repito que não estou dizendo isso apenas
porque me contaram, mas porque eu vi e vivi tudo isso, como também a maioria da
população brasileira ainda vê e vive tudo isso até os dias de hoje.
E a luta nas trincheiras da
resistência deve continuar. Os números divulgados pelo IBGE me mostram que
estou no caminho certo ao dizer isso. A pesquisa revela que 53,9
milhões de brasileiros vivem na pobreza. E que desse total, 21,9 milhões de
pessoas são indigentes e não tem dinheiro para comprar os alimentos que
precisam. A pesquisa diz ainda que mais da metade da população do Brasil ganha
menos de um salário mínimo por mês. E que a riqueza está nas mãos de menos de
dez por cento da população privilegiada do Brasil.
E
alguém ainda vem me falar de capitalismo como a solução para esse Brasil de
pobres e miseráveis como eu! Desculpem-me os que estão dentro, mamando nas
tetas do sistema, mas não são vocês os que precisam de socorro, porque vocês
podem cuidar de vocês. E nós, com quem poderemos contar?
E ao encerrar, eu lhes digo que a
minha tristeza é ainda maior, porque até uma grande parcela da igreja, que
deveria representar a força dos fracos e oprimidos, hoje eu a vejo
adotando e seguindo o discurso
capitalista dos incluídos e favorecidos do sistema, defendendo a exclusão
social em nome de Deus, indo contra o discurso cristão de Jesus de que a missão
dele e de sua igreja é buscar e salvar o perdido, o que não tem, o pobre, o
necessitado, a ovelha errante, o que não tem ninguém por ele...
Se você é um pobre como eu, ou até
mais que eu e não quer se ver no espelho dessa narrativa, tudo bem... Eu te
compreendo, porque sei que você deve estar sonhando que já está salvo, que já
não sofre, que já tem o que precisa e que Deus veio em teu socorro. Mas eu
gritar ao seu coração: Acorda, irmão!
Seu sonho ainda não é realidade. E nós precisamos de você na luta. Junte-se a
nós: excluídos unidos, jamais serão vencidos! Excluídos unidos, jamais serão
vencidos!
E se você é um dos que tem, pode ser que você
também não queira se ver no espelho da verdade desta narrativa, porque você se
acha autossuficiente, senhor de si, independente... Mas, eu te digo que apesar
de sua riqueza e do que você tem de bens, você é muito mais pobre do que eu,
porque eu me amo e tenho quem me ama, mas você não é amado por ninguém.
E então, se vai ser eu de cá e você
de lá, fique com o seu candidato dos ricos, mas me respeite e deixe que eu
fique com o meu candidato dos pobres, porque se você não sabe quem você é, eu
sei quem eu sou e quem é minha verdadeira gente.
quarta-feira, 10 de outubro de 2018
ANÁLISE DO PLANO DE GOVERNO BOLSONARO - I
ANÁLISE DO PLANO DE GOVERNO BOLSONARO
1 . DEMOCRACIA E ECONOMIA
O
candidato militar ao governo do Brasil Jair Bolsonaro em seu plano de governo
exalta o governo da ditadura e condena os governos democráticos dos últimos 30
anos. Eis sua proposta: “Enfrentaremos os grupos de interesses escusos que
quase destruíram o país. Após 30 anos em que a esquerda corrompeu a democracia
e estagnou a economia, faremos uma aliança da ordem com o progresso: um governo
Liberal Democrata”.
Pois bem…
A gente conhece a seriedade de uma pessoa não é pelo que ele diz, mas pelo que
ele faz, pelo que ele concorda, pelo que ele tenta esconder, pelo que ele
propõe. Vejamos não o que foi escrito
agora para “ganhar o voto do povo”, mas o que foi dito e aconteceu antes de
começar os tais trinta anos e o que aconteceu nos últimos trinta anos.
Bolsonaro
diz que a economia e a democracia se estagnou nos últimos 30 anos, período
da Nova República, em que o país foi governado com base na Constituição Cidadã
de 1988. Período que ficou conhecido como a Nova República, cujos governantes
foram os seguintes: - 1992 - Fernando Afonso Collor de Melo; - 1992 a 1995 - Itamar
Augusto Cautiero Franco; -1995 a 2002 - Fernando Henrique Cardoso; - 2003
a 2010 - Luiz Inácio Lula da Silva; - 2011 até 2016 - Dilma Vana Rousseff
(afastada por processo de impeachment em 31 de agosto de 2016); - 31 de agosto
de 2016 - início do governo do presidente Michel Temer (que era vice de Dilma).
Havia
democracia no regime militar? O povo votava para escolher seu Presidente? A
resposta é um sonoro NÃO! O presidente Sarney não foi eleito pelo povo. Foi
eleito pelo Congresso Nacional. E convocou a Assembleia Constituinte que fez a
atual Constituição, restaurando a democracia no Brasil.
O povo
somente voltou a eleger seu Presidente a partir de 1990. Fernando Collor de
Melo foi o primeiro presidente DEMOCRATICAMENTE ELEITO após o regime militar. O
povo pode ter errado, mas esse povo exerceu a sua LIBERDADE de escolher. Isso é
democracia.
A
economia ia bem no último governo militar, sob a batuta do General Figueiredo?
E no último governo não eleito, o de José Sarney, sucessor de Figueiredo? Não! Na economia, o principal símbolo do governo Figueiredo
foi o aumento da inflação, que chegou a 225,9% ao ano em fevereiro de
1985 e que foi de 46,1% já no primeiro
mês de seu governo. A dívida externa chegou a US$ 100,2 bilhões em 1984,
representando um crescimento de US$ 50,3 bilhões em relação a 1979. O governo
Sarney, último, antes do retorno da democracia, apesar dos esforços do Plano
Cruzado, terminou em 1990 com inflação de 1764,86%.
O jornal O Estadão, de São Paulo, registra em manchete: Inflação:
um problema que não pode ser esquecido e diz que “da hiperinflação da década de 80 à inflação na casa de um dígito
que se vê hoje, o Brasil passou por uma longa história de instabilidade e
aflição em relação aos preços”.
E continua…
"No auge dessa hiperinflação, o trabalhador recebia o
salário no dia 1º e já corria para o mercado porque sabia que no dia 30 estaria
com toda aquela inflação embutida, mesmo que ela não viesse a ocorrer", diz
José Kobori, professor do Ibmec. Para ele, a indexação da economia foi um
agravante da escalada inflacionária brasileira.
Fruto do esgotamento do modelo econômico adotado pelo regime
militar, o Brasil viveu a década de 80 com um PIB fraco e a inflação em alta.
Na tentativa de conter o aumento dos preços, planos econômicos e ministros se
sucediam em curto espaço de tempo. Desde 1981, o Brasil teve seis moedas
diferentes e 16 ministros da Fazenda. Diante da escalada inflacionária, as
palavras "recorde" e "histórico" eram frequentes nas
manchetes dos jornais. A inflação acumulada no País durante a década de 80
foi de 36.850.000%, como apontou texto de O Estado de S.Paulo da época.
E mais… O Jornal A Gazeta do Povo do dia 12/10/2017, traz a
seguinte manchete: "5 coisas que a Ditadura Militar gostaria que você
esquecesse: Assassinatos e torturas de crianças sem apuração dos culpados,
inflação galopante, corrupção e aumento nos crimes urbanos: eis o legado do
período militar" Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/5-coisas-que-a-ditadura-militar-gostaria-que-voce-esquecesse-5awepn1sdius9ws0m7na1zlnb/
O blog LUÍS NACIF ONLINE publicou em 04 de abril de 2014 A história esquecida
do Capitão Bolsonaro, escrita por Luiz Egypto. Diz o texto:
Na barulhenta cobertura da mídia sobre as declarações
racistas e homofóbicas do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) ao programa CQC,
da Rede Bandeirantes, ficou esquecido, no fundo de um arquivo qualquer, um
episódio de 24 anos atrás, também protagonizado pelo agora deputado federal, e
que tocou em um dos fundamentos da atividade jornalística – qual seja, as
declarações off the records, isto é, aquelas informações utilizadas pelo
jornalista sob o compromisso de resguardar o anonimato de sua fonte.
A história é a seguinte. No segundo semestre de 1987, finda a
ditadura e já sob o governo civil de José Sarney, a economia estava combalida em
razão do fracasso do Plano Cruzado. A inflação era alta, tendendo a índices
estratosféricos, e grassava forte insatisfação nos quartéis devido à política
de reajustes dos soldos dos militares – além, é claro, do incômodo, sobretudo
entre a oficialidade média, pela perda do poder político que gozaram por 21
anos seguidos.
Jair Bolsonaro era então capitão do Exército, da ativa,
cursava a Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO) e morava na
Vila Militar, na Zona Norte do Rio. Em setembro de 1986, ele assinara um artigo
na revista Veja no qual protestava contra os baixos vencimentos dos
militares. Por isso ele foi preso e, na época, sua punição provocou protestos
de mulheres de oficiais da ativa – que, ao contrário dos maridos, podiam sair
em passeata sem correr o risco de serem presas.
"Só para assustar"
Bolsonaro tornou-se fonte da revista. Em meados de outubro
1987, a prisão de outro militar, capitão Saldon Pereira Filho, pelo mesmo
motivo, levou à Vila Militar a repórter Cassia Maria, de Veja, destacada
para repercutir o ocorrido. Ali ela conversou com Jair Bolsonaro, que estava
acompanhado de outro capitão e da mulher deste.
Sob condição de sigilo, a mulher do militar contou à repórter
– e depois Bolsonaro e seu colega confirmaram – que estava sendo preparado um
plano batizado de "Beco sem saída". O objetivo era explodir bombas de
baixa potência em banheiros da Vila Militar, da Academia Militar de Agulhas
Negras, em Resende (RJ), e em alguns quartéis. A intenção era não machucar
ninguém, mas deixar clara a insatisfação da oficialidade com o índice de
reajuste salarial que seria anunciado dali a poucos dias. E com a política para
a tropa do então ministro do Exército Leônidas Pires Gonçalves – que teria sua
autoridade seriamente arranhada com os atentados.
"Serão apenas explosões pequenas, para assustar o
ministro. Só o suficiente para o presidente José Sarney entender que o Leônidas
não exerce nenhum controle sobre a tropa", ouviu a repórter de Ligia,
mulher do colega de Bolsonaro, identificado com o codinome de
"Xerife".
Frase isolada
A repórter havia apurado uma bomba, no sentido literal e no
figurado. Veja não respeitou o off – no que fez muito bem, neste
caso, pois do contrário estaria acobertando atos terroristas – e quebrou o
pacto de sigilo com a fonte. A história toda foi contada nas páginas 40 e 41 da
edição 999 (de 27/10/1987) da revista. A repórter Cassia Maria anotou em seu
relato:
"‘Temos um ministro incompetente e até racista’, disse
Bolsonaro a certa altura. ‘Ele disse em Manaus que os militares são a classe de
vagabundos mais bem remunerada que existe no país. Só concordamos em que ele
está realmente criando vagabundos, pois hoje em dia o soldado fica o ano
inteiro pintando de branco o meio-fio dos quartéis, esperando a visita dos
generais, fazendo faxina ou dando plantão’. Perguntei, então, se eles
pretendiam realizar alguma operação maior nos quartéis. ‘Só a explosão de
algumas espoletas’, brincou Bolsonaro. Depois, sérios, confirmaram a operação
que Lígia chamara de Beco sem Saída. ‘Falamos, falamos, e eles não resolvem
nada’, disseram. ‘Agora o pessoal está pensando em explorar alguns pontos
sensíveis.’
Sem o menor constrangimento, o capitão Bolsonaro deu uma
detalhada explicação sobre como construir uma bomba-relógio. O explosivo seria
o trinitrotolueno, o TNT, a popular dinamite. O plano dos oficiais foi feito
para que não houvesse vítimas. A intenção era demonstrar a insatisfação com os
salários e criar problemas para o ministro Leônidas.
(...)
Nervoso, Bolsonaro advertiu-me mais uma vez para não publicar
nada sobre nossas conversas. ‘Você sabe em que terreno está entrando, não
sabe?’, perguntou. E eu respondi: ‘Você não pode esquecer que sou uma
profissional’."
Com esses antecedentes, não deixa de ser curioso que agora,
quando o personagem volta à baila, a cobertura da edição (nº 2211, com data de
capa de 6/4/2011) desta semana de Veja sobre o explosivo episódio de
racismo, que suscitou tanta repercussão, resuma-se a uma mísera frase de
Bolsonaro reproduzida na seção "Veja Essa".
Faltou um curioso da Redação para examinar o arquivo digital
da revista. Faria um gol.
********
E agora digo eu, depois de ler a história: só um louco pode
ter saudades do regime militar. Só um cego não consegue ver o fracasso
governamental daquele regime e as lutas homéricas que os governos democráticos
dos últimos 30 anos tiveram para controlar a inflação e colocar a economia
outra vez nos trilhos.
Como se pode dizer que uma economia que gerou uma inflação de 225,9% em 1985 (último ano do governo Figueiredo)
e que fechou o ano de 1990 em 1.764,86% (final do governo Sarney), mas que
nos oito anos de FHC teve a média de 9,1% ao ano, e uma média de 5,9% nos
onze anos de LULA/DILMA e que fechou
2017 com 2,95 % ao ano pode ser reflexo de uma economia corrompida e estagnada?
Pelo visto em seu Plano de Governo, Bolsonaro, se eleito,
pretende reverter nossa economia e democracia para os níveis e estágios do fim
da ditadura, quando, segundo ele, começou essa corrupção e estagnação?
Isso é o que eu venho tentando dizer para os meus
relacionados. Não devemos ver e ouvir o lero-lero de agora. É preciso ver a
história do candidato. Principalmente quando esse candidato já está no poder
desde o início do período em que ele afirma que a economia se estagnou e a democracia,
igualmente.
É de ver que Jair Messias Bolsonaro é deputado desde 1991,
estando, atualmente, em seu sétimo mandato. Ou seja, ele foi deputado federal
durante todo o período em que ele avalia como corrompido e estagnado.
É de destacar ainda que ele não possui ideologia partidária.
Qualquer sigla que engula as suas pretensões serve para os seus interesses. Já
foi filiado nos seguintes partidos: PRP, PP, PTB, PFL. Em 2017, estava no PSC,
mas fez negociações para ir ao PEN. Lança-se candidato pelo PSL.
Segundo a imprensa, Bolsonaro é violento e durante o governo
Sarney já esteve envolvido em atos terroristas, visando minar a autoridade do
Ministro do Exército Leônidas Pires. Além da matéria que transcrevemos, a
matéria completa pode ser lida na revista Veja, em: https://veja.abril.com.br/blog/reveja/reveja-jair-bolsonaro-explosivo-desde-1986/.
Continuaremos analisando o plano de governo e a história
desse homem que para muitos evangélicos “é o Pai, o Filho e o Espírito Santo”.
Izaias Resplandes de
Sousa
sábado, 6 de outubro de 2018
Os homens de poder
Os homens de poder
Izaias
Resplandes de Sousa
Há
muitas formas de se exercer o poder. Ricos e pobres podem exercê-lo. No
entanto, a riqueza normalmente controla o exercício do poder. E por isso, os
homens querem ser ricos, cada vez mais. A riqueza é o sonho de consumo de quase
todo mundo. No afã de consegui-la, as pessoas costumam ultrapassar todos os
limites possíveis. Verbos como matar, roubar, fraudar, mentir, enganar,
distorcer, deturpar e outros tantos nessa linha são frequentemente conjugados
por aqueles que têm fome de riqueza. Amizades são desfeitas e famílias
desintegradas. Dizem de certas pessoas, que são capazes de matar a própria mãe
para subir na vida. É de ver que a meta de alcançar a riqueza, pouca ou muita,
faz com que o homem descumpra o contrato que garante a paz social e, assim,
retorne ao estado de barbárie e selvageria e à sua eterna luta contra todos os
demais. Nessa situação, o homem perde o seu bem mais precioso: a sua
humanidade.
A
Bíblia diz: Que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?
Marcos 8:36.
A alma
é o bem maior de uma pessoa; é a sua vida, é o que pode existir ou o pode
morrer. O salmista diz:
1) Que
a alma vive: Viva a minha alma, e louvar-te-á; ajudem-me os teus juízos. Salmos
119:175;
2) Que
a alma morre: Que homem há, que viva, e não veja a morte? Livrará ele a sua
alma do poder da sepultura? Salmos 89:48.
O
homem com sede de riqueza perde a sua alma antes da sepultura. O rico é quase
sempre uma pessoa mesquinha, amarga, infeliz, medrosa.
O
rico ajuda os outros com pequenas esmolas, cuidando para não acontecer de dar
tudo e ficar sem nada; e ficar pobre. O que ele dá é aquilo que não lhe fará
falta. O rico tem medo de ficar pobre. Ele detesta a pobreza. No entanto, a
maioria dos pobres busca a amizade do rico, acreditando que estes podem se
interessar por eles. Os ricos, como disse o deputado Justo Veríssimo,
personagem criado por Chico Anísio, querem mesmo é que os pobres se explodam e
que morram todos.
Jesus
mostrou como agem os ricos e comentou sobre eles. Ele disse a um rico:
Se
queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um
tesouro no céu; e vem, e segue-me. E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se
triste, porque possuía muitas propriedades. Disse então Jesus aos seus
discípulos: Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no reino dos céus.
E, outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma
agulha do que entrar um rico no reino de Deus. Mateus 19:21-24.
Não
é que o rico não se salva. Nem todos os ricos estão inaptos ao reino dos céus.
Jesus pode transformar o coração de todos, até mesmo dos ricos. A dificuldade deles
está no fato de que eles confiam mais em suas próprias riquezas para se
salvarem do que em qualquer outra coisa, o que não ocorre com os pobres, porque
já que eles não têm nada em que possam confiar, por que não confiarem em
Deus?
Jesus
também fez um comentário sobre as ofertas que os ricos faziam, comparando-as
com as ofertas dos pobres. É assim o relato:
E,
olhando ele, viu os ricos lançarem as suas ofertas na arca do tesouro; e viu
também uma pobre viúva lançar ali duas pequenas moedas; e disse: em verdade vos
digo que lançou mais do que todos, esta pobre viúva; porque todos aqueles
deitaram para as ofertas de Deus do que lhes sobeja; mas esta, da sua pobreza,
deitou todo o sustento que tinha. Lucas 21:1-4.
É de
ver que o dinheiro do pobre é tão pouco, que qualquer coisa que ele tirar vai
lhe fazer falta. Mas, mesmo assim, o pobre sempre se sensibiliza com as
necessidades dos demais. Ele sabe o que é sofrer, porque sofre todo dia. Então,
mesmo sabendo que vai obter poucos resultados com suas ofertas, mesmo assim ele
faz questão de ajudar. Já o rico, dá alguma coisa para aparecer e não porque
realmente deseja ajudar a diminuir o sofrimento das pessoas. É claro que não
vamos rejeitar as ofertas dos ricos, pois afinal, como disse certa mulher: Os
cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores. Mateus
15:27.
É de
destacar que o mais importante nessa reflexão sobre o poder não é o fato de se
ser rico ou se ser pobre, mas o que cada um faz com a sua riqueza em favor dos
demais. Deus não deu mais a uns para que se locupletem de “deleites e
prazeres”, mas muitos pensam que foi para isso.
De
onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos
vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais, e nada tendes;
matais, e sois invejosos, e nada podeis alcançar; combateis e guerreais, e nada
tendes, porque não pedis. Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o
gastardes em vossos deleites. Tiago 4:1-3.
É de
destacar a necessidade de que alguém promova a justiça social, o equilíbrio na
distribuição de renda e a igualdade entre os homens. Esse é o papel dos
governantes e de todos que têm recebido o poder para gerenciar. É de ver que o
poder pertence a Deus. Aos homens cabe o gerenciamento conforme os propósitos
divinos.
Deus
falou uma vez; duas vezes ouvi isto: que o poder pertence a Deus. Salmos 62:11.
Cada
um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da
multiforme graça de Deus. 1 Pedro 4:10.
O
apóstolo Paulo elogia a atitude dos crentes pobres da Macedônia, porque haviam
entendido o papel das riquezas, poucas ou muitas.
Também,
irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da Macedônia; como
em muita prova de tribulação houve abundância do seu gozo, e como a sua
profunda pobreza abundou em riquezas da sua generosidade. Porque, segundo o seu
poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram
voluntariamente. Pedindo-nos com muitos rogos que aceitássemos a graça e a
comunicação deste serviço, que se fazia para com os santos. E não somente
fizeram como nós esperávamos, mas a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor,
e depois a nós, pela vontade de Deus. 2 Coríntios 8:1-5.
O
ato de compartilhar o que tem com os outros, ainda que se tenha pouco, tem a
virtude de produzir o gozo, a alegria, o prazer. É de ver que, enquanto aquele
primeiro rico que nos referimos ficou triste porque era possuidor de muitas
propriedades e não se sentia à vontade para dá-las aos pobres, os pobres da
Macedônia ficaram alegres e felizes de poderem compartilhar um pouco dos bens
de sua pobreza com outros, igualmente pobres, que viviam em Jerusalém.
E
Paulo explica o porquê de tal interesse:
Porque
pareceu bem à macedônia e à Acaia fazerem uma coleta para os pobres dentre os
santos que estão em Jerusalém. Isto lhes pareceu bem, como devedores que são para com eles. Porque, se os
gentios foram participantes dos seus bens espirituais, devem também
ministrar-lhes os temporais. Romanos 15:26,27.
É
dando que se recebe. Assim diz a Palavra:
Dai,
e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente
vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão
também." Lucas 6:38
O
homem que tem uma natureza tipicamente rica normalmente não se preocupa em
ajudar porque ele acredita que nunca precisará de ajuda. Mas, todos sabem que
ninguém é autossuficiente e, mais cedo ou mais tarde chegará o dia em que
estaremos pedindo ajuda a alguém.
O
homem poderoso às vezes até ajuda, mas não porque deseja ajudar, senão que para
se livrar do aborrecimento daquele que bate em sua porta. A Bíblia cita um
exemplo:
Disse-lhes
também: Qual de vós terá um amigo, e, se for procurá-lo à meia-noite, e lhe
disser: Amigo, empresta-me três pães, pois que um amigo meu chegou a minha
casa, vindo de caminho, e não tenho que apresentar-lhe; se ele, respondendo de
dentro, disser: Não me importunes; já está a porta fechada, e os meus filhos
estão comigo na cama; não posso levantar-me para tos dar; digo-vos que, ainda
que não se levante a dar-lhos, por ser seu amigo, levantar-se-á, todavia, por
causa da sua importunação, e lhe dará tudo o que houver mister. Lucas 11:5-8.
Também
conta a história de um juiz:
Dizendo:
Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia, nem respeitava o homem.
Havia também, naquela mesma cidade, uma certa viúva, que ia ter com ele,
dizendo: faze-me justiça contra o meu adversário. E por algum tempo não quis
atendê-la; mas depois disse consigo: ainda que não temo a Deus, nem respeito os
homens, todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que
enfim não volte, e me importune muito. E disse o Senhor: Ouvi o que diz o
injusto juiz. Lucas 18:2-6.
O
que tem algum poder, normalmente faz alguma coisa pelo que não tem apenas para
se livrar de um aborrecimento. Ele não têm prazer em ajudar. Os poderosos não se
incomodam com as causas dos aflitos, dos que sofrem, dos miseráveis, dos
desassistidos. Isso não quer dizer que eles irão todos para o inferno. Não
estou julgando os ricos e nem a ninguém, mas apenas analisando essa categoria à
luz da Bíblia. Não estamos aqui para condenar ninguém, principalmente porque
Deus não faz acepção de pessoas e Ele não quer que nenhum pereça. Portanto, não
é hora de jogar ninguém no Lago de Fogo. Isso vai acontecer, mas não seremos
nós que faremos isso.
É de
ver que os ricos também podem ser salvos. Vejamos o caso de Zaqueu.
E,
tendo Jesus entrado em Jericó, ia passando. E eis que havia ali um homem
chamado Zaqueu; e era este um chefe dos publicanos, e era rico. E procurava ver
quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena
estatura. E, correndo adiante, subiu a uma figueira brava para o ver; porque
havia de passar por ali. E quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima,
viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua
casa. E, apressando-se, desceu, e recebeu-o alegremente. E, vendo todos isto,
murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador. E,
levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade
dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo
quadruplicado. E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também
este é filho de Abraão. Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se
havia perdido. Lucas 19:1-10.
Zaqueu
foi um rico que se converteu e passou a ter grande prazer em ajudar aos pobres
e a corrigir os seus erros. Isso não é coisa comum de se ver. A regra é que os ricos não se interessem por Deus, porque se acham deuses, senhores e poderosos.
E isso é um caso de preocupação, principalmente quando vemos os pobres se
comportando da mesma maneira.
Os
ricos querem continuar ricos e os pobres também querem ficar ricos. Mas a
verdade é que não existe a possibilidade de todos ficarem ricos, porque os
recursos são limitados e não são suficientes para todos. Mas é evidente que não
é de justiça que uns poucos tenham quase tudo, enquanto que os muitos restantes
não fiquem com quase nada.
Jesus
orientou aos ricos para fazerem a distribuição de suas riquezas. É nosso dever
lutar pela diminuição das desigualdades sociais, pela minimização das
diferenças de classes. Infelizmente, não é isso que vemos hoje em dia.
A
regra em uma sociedade capitalista é fazer todo o possível para ganhar mais e
perder menos. Pobres são orientados a deixar de comer, de vestir, de se
divertir e coisas do gênero, para poupar, para colocar os seus minguados
recursos nas mãos dos banqueiros, em troca de dividendos irrisórios. No
entanto, esses, quando emprestam, cobram juros exorbitantes.
Não
digo que não devemos fazer administração financeira, mas devemos ter cautela
sobre como fazemos isso.
É de
ver que poucos pobres ficaram ricos. Alguns até se remediam, mas a maioria
pobre, sempre continua pobre, mesmo trabalhando para os ricos e poderosos.
Jesus disse que sempre teríamos os pobres conosco. João 12:8.
A
orientação bíblica é de que aprendamos a viver contentes, mesmo vivendo em uma
situação de pobreza. O pobre é feliz, o rico não.
O
pobre sai de casa com tranquilidade e vai se divertir. O rico se tranca em casa
e fica vendo televisão, com medo de ser roubado. O pobre passeia pelas ruas,
praças. O rico anda de carro, com medo de ser assaltado. A vida do rico é uma
tribulação constante, enquanto que a do pobre é uma calmaria. No entanto,
apesar desse quadro, os ricos querem continuar ricos e os pobres querem ser
ricos a todo custo.
A
Bíblia alerta:
Não te fatigues para enriqueceres; e não apliques nisso a tua sabedoria. Porventura fixarás os teus olhos naquilo que não é nada? Porque certamente criará asas e voará ao céu como a águia. Provérbios 23:4, 5.
Não te fatigues para enriqueceres; e não apliques nisso a tua sabedoria. Porventura fixarás os teus olhos naquilo que não é nada? Porque certamente criará asas e voará ao céu como a águia. Provérbios 23:4, 5.
E
disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer
não consiste na abundância do que possui. Lucas 12:15.
Ninguém
pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se
dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom. Mateus
6:24.
Não
confieis na opressão, nem vos ensoberbeçais na rapina; se as vossas riquezas
aumentam, não ponhais nelas o coração. Deus falou uma vez; duas vezes ouvi isto: que o poder pertence a Deus. Salmos
62:10,11.
Ao
que distribui mais se lhe acrescenta, e ao que retém mais do que é justo, é
para a sua perda. A alma generosa prosperará e aquele que atende também será
atendido. Provérbios 11:24,25.
O
poder e a riqueza pertencem a Deus e deve ser usado para diminuir as
desigualdades sociais e os sofrimentos de todos. É responsabilidade de quem tem
qualquer forma de poder compartilhar esse poder com os que não têm para que
cada um seja o mais universalmente igual ao outro.
Minha
é a prata, e meu é o ouro, disse o Senhor dos Exércitos. Ageu 2:8.
É
evidente que todo aquele que acha que tem algum poder não haverá de concordar
com essa exposição, mas não é nosso objetivo contender. Apenas esclarecer. Cada
um, no exercício de sua liberdade e no uso dos espaços que criar também poderá
usar a tribuna para defender suas posições contrárias. Todavia, sempre com
respeito e sem prover a desordem e a confusão.
Porque
Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.
1 Coríntios 14:33.
Que
o Senhor nos abençoe e nos ajude a compreender os nossos caminhos. Amém!
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