quinta-feira, 20 de setembro de 2012

VERSOS PARA UM CAMPONÊS MORTO


 A terra é para quem trabalha.
Nela germina a semente que se espalha...
O fruto é o suor do homem,
É o trabalho árduo que sacia a dor da fome
Pior do que corte de navalha

O latifúndio aparece, horrendo
Com jagunços, como que antevendo
A tragédia de quem já não tem sorte
E na luta pela vida encontra a morte
Num projétil que entra ardendo.

A nada servirão as conferências
Dos homens sábios com suas ciências
Nos países ricos que dominam os pobres
Enquanto morrerem camponeses nobres
Na terra, palco de violências.

Eis a terra que querias ver dividida
A cobrir-te eternamente no pós-vida.
Voltas ao pó por uma reforma agrária,
Mártir da luta, errante, pária,
Na cova que te cabe, recompensa da lida.

Deixas mulher, filhos e companheiros...
Deles também são teus sonhos derradeiros.
Teu sangue mancha as mãos de latifundiários,
De políticos sujos, seus fiéis sectários,
Encharca a terra o teu sangue de guerreiro

Lava-nos a alma o teu sangue vertido
E escreve o teu nome de homem destemido
Nas páginas do livro dos heróis da utopia
De que terra terão todos, um dia
Porque sonhar ainda não é proibido.

Edinaldo Pereira de Souza

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