quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A MENINA QUE CANTAVA


Quando bebê, pouco chorava
E ouvia o canto que a embalava
Embora fosse tão pequenina
Gostava de música aquela menina

Ouvia as cantigas de ninar
Que sua mãe se punha sempre a cantar
E as vozes dos pássaros da verde campina
Nossa cantora, ainda menina

Ainda pequena, lhe fascinava
O pai, que o tempo todo assobiava
E o eco que longe gritava a colina...
Vivia feliz a nossa menina

O tempo passou e o bebê cresceu
De tantas coisas, muita coisa aprendeu
E logo deu rumo certo á sua sina
Tornar-se-ia cantora a menina

Sonhou com os palcos que mundo afora subiria
E todas as platéias que cantando encantaria...
Lembrou-se de quando era ainda pequenina
E pôs o pé na estrada, nossa cantora-menina

Bela voz não lhe faltava
E era bela aos olhos de quem a fitava
Cantar era o ofício, o palco a oficina...
Cresceu assim, cantando, a cantora não mais menina

Na arte que amava fez muito sucesso
Entre e erros e acertos, num constante recomeço.
Vitória era sempre o abrir da cortina
Onde se apresentava nossa cantora-mulher-menina

Viajou países navegando os ares
Percorreu estradas e atravessou mares...
Manteve sempre uma imagem em sua retina
O colo dos pais quando ainda em menina

Cantando envelheceu, se é que assim se envelhece.
Cantou até quando morreu e isso ninguém esquece.
Hoje, no túmulo coberto de bonina,
Repousa feliz a cantora-mulher-anciã-menina

Lembrai-vos do canto que vos alegrou a existência
Lembrai a cantora e fazei-lhe reverência
Meditai a sua história e tudo que ela ensina
E envelhecei como a cantora, sem deixar de ser menina

Edinaldo Pereira de Souza

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