domingo, 9 de agosto de 2015

A honra aos pais I

A honra aos pais I

É certo que este é um dos temas mais explorados de todos os tempos, mas que, mesmo assim, deve ser objeto de reflexão constante pelas partes diretamente envolvidas – pais e filhos –, seja de forma conjunta, seja de forma isolada, dada a importância exercida pela família no contexto social. Trata-se de uma relação de mão dupla, onde os dois lados envolvidos têm responsabilidades mútuas. É isso que a Bíblia nos ensina e que procuraremos resgatar durante essa reflexão.
A Bíblia é a base moral e ética da família ocidental. O cristianismo é a maior religião do ocidente. “Pais e Filhos” é um tema bíblico. E é do livro sagrado que temos as primeiras orientações acerca dessa relação. “Honra a teu pai e a tua mãe, como o SENHOR teu Deus te ordenou, para que se prolonguem os teus dias, e para que te vá bem na terra que te dá o SENHOR teu Deus” (Dt 5:16; Mc 10:19).
Honrar é ter orgulho, prazer, satisfação, respeito, consideração. Aquele que não sente nada disso em relação aos seus pais certamente não será uma pessoa feliz. Eu sei que muitos não tiveram “pais” na verdadeira conotação que se gostaria de dar a
essa palavra, mas não se pode fazer da exceção a regra. Além disso, é muito difícil para um menino sobreviver sozinho. De forma que, mesmo indiretamente, cada um de nós teve alguém que se preocupou com a nossa existência. E por conta dessa preocupação, nós chegamos até esse estágio da vida. Nesse sentido poderemos dispensar o tratamento de pai a essa pessoa que se preocupou conosco, que fez alguma coisa, mesmo que pequena, para garantir o nosso lugar ao sol.
O pai não é somente o biológico, mas é também. Aliás, embora muitos destes “biológicos” não fizeram nada mais do que nos colocar no mundo, o que pode ser considerado muito pouco, é de destacar que sem isso não existiríamos. De forma que, se temos satisfação de estar vivos e de existir, então temos que ser gratos também a este pai biológico. Ele pode ter feito muito pouco, mas fez, todavia, o essencial para que viéssemos ao mundo. Não seríamos filhos de Deus se não fôssemos gratos até mesmo pelas pequenas coisas que nos acontecem. Deus promete bênçãos até para quem der a um de seus discípulos um simples “copo de água fria” (Mt 10:42). E certamente o direito à vida vale muito mais do que um copo de água. Não nos esqueçamos disso. Às vezes o nosso coração está tão amargo que não conseguimos ser bem agradecidos. Deus não ensina os seus filhos a agir com amargura, mas com amor (Ef 4:26; Hb 12:15)
A Bíblia registra uma promessa de longa vida para aquele que honrar seus pais. Não importa se sejam biológicos, adotivos, espirituais ou apenas carismáticos. O que importa é que sejam pais, que se preocupem hoje ou que alguma vez se preocuparam de alguma forma, com a existência de alguém. Paulo faz esse destaque especial em Ef 6:2, dizendo que esse ato de honraria “é o primeiro mandamento com promessa”.
Sobre essa questão de honraria. desejo dar um testemunho pessoal. Tenho três filhos maravilhosos: Fernando, Mariza e Ricardo. Todos estão chegando à maioridade, mas respeitando e valorizando as orientações que receberam de seus pais durante a adolescência de suas vidas. São estudiosos, trabalhadores e seguem junto conosco o “caminho, e a verdade e a vida” que nos conduz “ao Pai” (Jo 14:6). Quero acreditar que eles continuarão trilhando pelo “caminho que devem andar” (Pv 22:6), mesmo depois que Lourdes e eu tivermos partido desse mundo. Nós nos sentimos muito honrados e abençoados com os nossos filhos.
Muitos filhos deixam os pais para estudar, ou quando se casam. Diz a Bíblia que um dia “deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma só carne”. Essa é uma experiência necessária. Ao se casar, o jovem deve passar um tempo somente com sua esposa, para se adaptar à vida a dois, para conhecê-la e também para ser conhecido por ela. Isso não significa que nunca mais devam procurar seus pais. Pelo contrário. A partir de um determinado momento, devem, inclusive, assumir a responsabilidade por cuidar deles (1 Tm 5:8; Jo 19:27). Deus abençoa os pais para fazerem o seu melhor por seus filhos e depois abençoa os filhos para também fazerem o seu melhor por seus pais.
Nós temos sido abençoados sobremaneira. Nada nos têm faltado (Ef 1:3). Sem dúvida alguma podemos dizer com Samuel que “até aqui nos ajudou o Senhor” (1 Sm 7:12).  E temos certeza de que Deus continuará nos ajudando e nos abençoando, bem como aos nossos filhos para que, em parceria, continuemos construindo nossas vidas conforme a sua vontade. Essa é uma relação que deve acontecer não somente conosco, mas com todos os pais e filhos, porque esse é o desejo de Deus para todos os seus.
Por outro lado, é de destacar que hoje, além dos pais biológicos, todos nós temos um pai adotivo que é Deus e muitos irmãos e mães. Como disse Jesus: “qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe”. Fazemos parte de uma família espiritual, onde cada um se preocupa com cada um, sofrendo e se alegrando conjuntamente. Com certeza existem muitas pessoas sozinhas neste mundo, mas não existe crente sem ninguém. “Deus faz que o solitário viva em família; liberta aqueles que estão presos em grilhões; mas os rebeldes habitam em terra seca” (Sl 68:6). Cada crente deve honrar aquele que o encaminhou na vida espiritual como se fosse seu pai (1 Tm 1:2; Tt 1:4; Hb 13:17). Deus aprecia aquele que é bem agradecido pelo que recebeu (Lc 17:17) e haverá um coroa de honra para aquele que soube honrar e valorizar os seus pais, caracterizada pela vida longa e pelos cabelos brancos da velhice abençoada (Pv 16:31). Que todos nós possamos recebê-la. Esse é o objetivo da instrução.


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