
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
O cristão e a política em favor dos pobres
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Prof. Izaias Resplandes |
O cristão é alguém muito especial para Deus. É uma pessoa vocacionada para servir ao Criador, em agradecimento por ter sido criado, por ter se tornado gente e, principalmente, por ter adquirido a vida, porque não existe nada melhor do que viver. Ser bem agradecido a Deus e esforçar-se para retribuir o bem recebido é o mínimo que uma pessoa possa fazer, quando o benefício é analisado aos olhos de Deus, conforme retratado em sua Palavra.
Artigo completo em:
http://www.recantodasletras.com.br/artigos/5013813
domingo, 26 de outubro de 2014
Ah, se o boi soubesse a força que tem!
(artigo em construção)
Prof. Izaias Resplandes de Sousa
A presidente Dilma Vana Rousseff
é uma economista e política brasileira, filiada ao Partido dos Trabalhadores, e
atual presidente da República Federativa do Brasil. Ela foi reeleita
neste dia 26 de outubro de 2014, para um mandato de mais quatro anos, ampliando
para 16 anos o ciclo de governo dos trabalhadores do Brasil. Na disputa, obteve
54.500.287 votos, representando 51,63% da votação, contra 51.041.146 votos de
Aécio Neves da Cunha (PSDB), representando 48,36% da votação nacional.
O que o governo federal tem feito
pela educação dos pobres nos últimos doze anos é algo nunca visto em toda a
história do Brasil.
Vejamos um pouco dessa história.
O Crédito Educativo, por exemplo,
foi criado em 23 de agosto de 1975 e implantado no 1º semestre de 1976, nas
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Foi uma verdadeira bomba para a pobreza
que se utilizou do mesmo.
Em 2001, a situação dos
beneficiados com o CREDUC era muito difícil. A maioria estava inadimplente. O
governo FHC baixou várias medidas provisórias a respeito da renegociação das
dívidas, até que a Lei n. 10.207, de 23/03/2001 disciplinou a matéria, trazendo
as seguintes mudanças: 1) O saldo devedor poderia ser renegociado uma única
vez; 2) Seria concedido um desconto de 30% no valor da correção monetária para
os que renegociasse a dívida e de 35%, para os que estivessem em dia com os
pagamentos; 3) O saldo devedor passava a ser a dívida principal, cujo pagamento
poderia ser refinanciado em até 15 anos, desde que a parcela não fosse inferior
a R$ 150,00; 4) Determinava à CEF a rescisão contratual dos inadimplentes da
renegociação e a consequente execução judicial do total da dívida.
O FIES – Fundo de Financiamento
do Estudante de Ensino Superior foi criado no governo FHC, através da Lei n.
10.260, de 12/07/2001, permitindo o financiamento de até 70% do valor total do
curso, devendo o aluno responder pelos demais 30%. Enfim, era melhor do que o
CREDUC, mas mesmo assim não atendia a todos, haja vista que levava em
consideração não apenas o candidato, mas toda a sua história escolar (pública
ou privada), o grupo familiar do Mesmo (número de membros e renda total), a
existência de moradia, entre outros, ou seja, atendia apenas àqueles que
poderiam pagar o financiamento após o término do curso.
Em 2010, último ano do governo
Lula, a taxa de juros do FIES foi reduzida de 6,5 % para 3,4% a.a. e com
carência de 18 meses após a conclusão do curso para o início da cobrança.
Também em 2010, o prazo para pagamento foi aumentado para até três vezes
ao tempo do curso (Exemplo: Se o curso tivesse a duração de cinco anos, o
prazo seria de 15 anos - após a carência -
que o aluno teria para quitar seu empréstimo). Atualmente, tramita no Congresso
Nacional um projeto de Lei que amplia o prazo de carência para 3 anos.
PROUNI – Criado em 2004 e
institucionalizado pela Lei nº 11.096, em 2005, o Prouni tem como principal
objetivo ampliar o ingresso de estudantes brasileiros na educação superior,
contribuindo para um maior acesso de estudantes de baixa renda às instituições
privadas de ensino superior. Por meio de parcerias de isenção de tributos às
instituições privadas que aderirem ao programa, o governo oferta bolsas de
estudo integrais e parciais para os jovens egressos do ensino médio público e
com renda mensal per capita de até 1,5 salários mínimos (integral) e de até 3
salários mínimos (parciais). De 1995 até 2013, o PROUNI concedeu 1,9 milhões de
bolsas de estudo, sendo que mais de um milhão foram bolsas integrais. No 1º
semestre de 2014 foram concedidas 191,6 mil bolsas de estudos pelo programa.
QUOTAS – Instituídas pela Lei
12.711, de 29/08/2012, obriga as universidades, institutos e centros federais a
reservarem para candidatos cotistas metade das vagas oferecidas anualmente em
seus processos seletivos. Essa determinação deve ser cumprida até 30 de agosto
de 2016, mas já em 2013 as instituições tiveram que separar 25% da reserva
prevista, ou 12,5% do total de vagas para esses candidatos. Seus beneficiados
são os alunos que fizeram o ensino médio em escolas públicas com aprovação em
todos os anos. O benefício não é estendido para os alunos de escolas privadas,
mesmo que tenham ganhado bolsas de estudo para frequentá-las.
Segundo a lei, metade das vagas
reservadas destinam-se aos estudantes cujas família tenham renda per capita de
até 1,5 salários mínimos e a outra metade para os que tenham renda superior a
1,5 salários mínimos. Há, ainda, vagas reservadas para pretos, pardos e índios,
entre as vagas separadas pelo critério de renda.
A distribuição das
vagas da cota racial é feita de acordo com a proporção de índios, negros e
pardos do Estado onde está situado o campus da universidade, centro ou
instituto federal, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Isso significa, por exemplo, que um Estado com um número
maior de negros terá mais vagas destinadas a esse grupo racial. O único
documento necessário para comprovar a raça é a autodeclaração (Disponível em: http://vestibular.brasilescola.com/cotas/lei-das-cotas.htm).
Os beneficiários podem se inscrever com a nota do ENEM, sem precisar fazer o
exame vestibular e independente de estar ou não inscrito no SISU – Sistema de
Seleção Unificada.
Antes da atual lei
12.711/2012 havia a Lei 10.558/2002, conhecida como "Lei de
Cotas", que "Cria o Programa Diversidade na Universidade, e dá outras
providências", com a finalidade de implementar e avaliar
estratégias para a promoção do acesso ao ensino superior de pessoas
pertencentes a grupos socialmente desfavorecidos, especialmente dos
afrodescendentes e dos indígenas brasileiros.
EM SÍNTESE, hoje só não faz
faculdade no Brasil aquele que não quer fazer. Para os ricos e pessoas que
podem pagar pelos cursos, a faculdade nunca foi problema. Mas para os pobres
sempre foi assunto de grande importância. Com as medidas tomadas nos últimos
doze anos, o aluno pobre, com renda per capita de até 1,5 mínimos tem ingresso
garantido na faculdade, seja pela sistemática de quotas, seja pelo SISU, seja
pelo PROUNI, seja pelo FIES.
O FIES também financia programas
de Mestrado e Doutorado.
sábado, 25 de outubro de 2014
Poxoréu Dois Mil e Catorze
Poxoréu Dois Mil e Catorze
Prof. Izaias Resplandes de Sousa
Há setenta e seis anos atrás
ficou o vinte e seis de outubro de 1938. Naquela data, a ditadura do Estado
Novo Varguista, através de seu interventor em Mato Grosso, Júlio Müller
Strübing, reconhece a maioridade administrativa de Poxoréu, elevando-o à
categoria de Município mato-grossense, através do Decreto-lei estadual n. 208,
de 26-10-1938, desmembrado do município de Cuiabá.
Durante os 76 anos de sua
emancipação político-administrativa, Poxoréu viveu a opulência do resplendor
dos diamantes extraídos de seu território, desde 1924, quando a expedição
exploradora comandada por João Ayrenas Teixeira, formada por sete garimpeiros,
descobriu-o como uma nova e promissora terra, uma espécie de eldorado dos
diamantes com a capacidade de enriquecer a todos que se aventurassem em seu
território, até então, habitat natural dos índios bororos coroados.
Havia riqueza, muita riqueza...
Mas também havia perigo, muito perigo... Os homens daqui eram homens sem jaça,
homens de palavra, de coragem, de uma audácia sem limites.
Matava-se por
qualquer coisa, até por um simples olhar de soslaio. O Mato Grosso daqueles
tempos era o “Velho Oeste” Brasileiro, semelhante ao velho oeste norte-americano,
que não se deixava conquistar sem luta e sem derramamento de sangue. Mas os
garimpeiros, homens mais audazes e destemidos que os demais, não se assustavam
com as histórias que se ouviam da rica e promissora região. E avançavam até o
mais profundo de suas entranhas, arrancando delas toneladas de ouro, diamantes
e outras pedras preciosas e semipreciosas encontradas neste Estado.
O Notável Upenino Aurélio
Miranda, sócio-correspondente da União Poxorense de Escritores em Campo Grande,
MS, destacado cantor e compositor poxoreano, escreveu um poema intitulado “Minha Doce Poxoréu”, gravado e regravado
várias vezes por ele mesmo. Nesse poema ele começa descrevendo Poxoréu da
seguinte forma: “Poxoréu dos garimpos, de
seus homens bravios, são soldados sem fardas em que a peneira é o fuzil”.
A Poxoréu de “homens bravios”, armados de peneiras,
serviu de berço à história da terra poxoreana. Tão gloriosa fora sua existência
naqueles tempos, que recebeu o título de “capital
do diamante”, expressão essa também eternizada nos versos de “Minha Doce Poxoréu”, de Aurélio Miranda.
Diz ele: “Nesses versos que eu canto,
aqui distante quero enaltecer, a capital do diamante, querida terra que me viu
nascer”. Mas a Poxoréu de hoje é outra, não é mais a Poxoréu cantada por
Miranda.
A Poxoréu 2014 está bem distante
dos tempos brutos das penetrações exploradoras de suas riquezas naturais. Já
não existem bororos na região poxoreana, salvo um pequeno grupo que retornou à
região de Jarudore, reserva indígena que foi ocupada pelos colonos brancos
civilizados. A cidade também possui hoje uma rua com o nome de “Rua Rosa Bororo” e já teve um bairro
que, originalmente, fora denominado de “Núcleo
Habitacional Rosa Bororo”, mas aquele vínculo indígena já também fora
alterado para “Jardim Bela Vista”.
A Rosa Bororo lembrada em Poxoréu teria sido a índia bororo Cibáe
Modojebádo, natural desse povo e que fora capturada, com suas duas filhas, em
1881, por uma expedição militar encaminhada à terra dos Bororos Coroados, com a
intenção de promover a “pacificação” dessa gente, segundo registra Maria
Auxiliadora de Almeida em seu artigo intitulado “Os Bororo Coroado e a Política
Indigenista da Província de Mato Grosso (1845-1887). A articulista é Mestre em História pelo Programa de
Pós-Graduação da UFMT e professora do curso de História da Universidade do
Estado de Mato Grosso - UNEMAT.
A índia Rosa fora batizada com o nome cristão
Rosa de Miranda. O sobrenome que recebera foi o da família de Thomaz Antonio de
Miranda, o qual a apadrinhou e, em seguida, levou-a ao batismo cristão. De
acordo com o relato da historiadora, o objetivo era educá-la nos costumes dos
civilizados e prepará-la para servir de intermediadora nas demais expedições
pacificadoras junto aos bororos coroados. Mas a Poxoréu de Rosa Bororo também
só existe nas páginas da história.
A Poxoréu de 2014 não é terra de índios, não é terra de garimpeiros,
não é terra de ricos, não é terra de comércio forte, não é terra industrial e
tampouco terra de serviços. Mais parece terra de ninguém, onde cada um chega,
pega o que quer e vai embora, sem nenhum compromisso, nem com a gente e nem com
o lugar. Garimpeiros e capangueiros vindos de todos os quadrantes brasileiros
aportaram na região poxoreana com seus planos extrativistas “sem qualquer
compromisso”.
A motivação era maior do que a preocupação com a degradação. Quantas pedras preciosas, diamantes de qualidade foram garimpados em Poxoréu?
Não há e nem haveria uma estatística real sobre esses dados, haja vista que, se
declarassem a extração ou a aquisição, com certeza teriam que recolher ao fisco
a parte que lhe caberia. E essa, nem de longe seria a intenção dos
exploradores.
De sorte que aqui vieram, tiraram do solo e do subsolo tudo o que desejaram, deixando apenas uma superfície coberta de pedras lavadas, montanhas
delas por todo lado, entre outros danos ambientais. Aqui não fizeram qualquer
investimento, não compraram fazendas com o bamburro, não construíram belas
casas com a riqueza mineral. Aqui foi apenas um cenário de exploração pela
exploração.
A Poxoréu de 2014 é uma cidade com população estimada pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 16.677 residentes. É
uma cidade tentando sobreviver ao declínio da atividade garimpeira, que deixou
como legado grandes áreas de terras degradadas, inadequadas para o plantio e
até mesmo para a formação de pastagens.
A vegetação dessas áreas é de pouco ou
nenhum valor. Os rios Poxoréu, Bororo, Areia e Coité, assoreados pela atividade
garimpeira, ainda não conseguiram se recuperar. O grande lago formado pela
barragem da Usina Hidrelétrica José Fragelli, construída nos anos setenta, do
século passado, que apontavam para uma eventual implantação de um iate clube é,
atualmente, um gigantesco banco de areia sob administração de uma empresa que
produz e vende energia elétrica em Mato Grosso.
E continua: “Há alguns anos
o índice de crescimento populacional é negativo. Somem-se a isso preocupantes
indicadores sociais e o desmembramento político de Primavera do Leste.
O
município perdeu a vitalidade econômica desde que o garimpo entrou para a
história. Resta a força da pecuária com suas 298 mil cabeças bovinas, que gera
poucos empregos da porteira para dentro”.
Texto Disponível em: http://www.mtaquionline.com.br/artigos/2013/10/22/revista-mtaqui-edi%C3%A7%C3%A3o-outubro-poxor%C3%A9u-do-diamante-%C3%A0s-pedras-no-caminho. Acesso em 25 out 2014.
Em 2014, a maior fonte de empregos para a população
de Poxoréu é o serviço público. O fraco comércio e o incipiente setor de
serviços quase nada empregam.
Jovens cheios de vitalidade se sentem bem
empregados por estarem trabalhando nas granjas e fazendas de Primavera do Leste,
em serviços braçais que não demandam o uso de qualquer técnica; outros tantos,
de estarem se formando “técnicos” na Escola Técnica Estadual de Poxoréu,
resultante da obra social “Lar do Menino Jesus e Cidade dos Meninos”, iniciada
pela médica filantropa italiana Edwige Dassi durante os anos oitenta e,
atualmente, transferida para a administração da Comunidade Religiosa
“Orionitas” (que é um bom projeto para Poxoréu); e ainda outros mais, que se
sentem ricamente afortunados e se regozijam de poder realizar um curso nas
faculdades de Primavera do Leste e Rondonópolis, para depois poderem se
aventurar no mercado de trabalho dos municípios vizinhos, já que outras sortes,
além do desemprego ou do subemprego, não teriam se permanecessem em Poxoréu
(que também não é ruim para Poxoréu).
Para o caso da educação em Poxoréu 2014, vislumbro
a necessidade de se criar e implantar o Sistema Municipal de Educação e sair
desse esquema implantado em Mato Grosso que prioriza a qualidade social com a
inclusão, a certificação e a diplomação em massa, em detrimento da qualidade
técnica e do progresso e desenvolvimento das ciências em geral.
A Constituição
Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96)
permite que isso seja feito. Que se mantenha a educação para todos, mas que
somente se promovam aqueles que estiverem da média para cima, além de se
oferecer aulas de reforço não apenas para os piores, mas principalmente para os
melhores, para que possam avançar ainda mais rápidos, de forma a poderem contribuir
com o processo de salvação e sobrevivência da humanidade, na própria Terra, ou
alhures, espaço sideral afora.
Vislumbro
também a necessidade de ampliação e fortalecimento da Escola Técnica Estadual
de Poxoréu hoje administrada pelos Irmãos Orionitas, porque é um projeto que
coaduna com as necessidades brasileiras.
Devemos investir o mínimo
possível na manutenção das demais áreas e o máximo nessas novas áreas que
poderão assegurar o futuro do povo e da terra poxoreana.
Aceito a crítica de meus projetos e de minhas
ideias, esperando que de tais críticas possam resultar em ideias mais
brilhantes e viáveis que contribuam para a promoção do desenvolvimento desse
Município, ao invés da simples oferta da extrema unção aos nossos sonhos dessa
natureza.
Se amarmos de fato e se querermos mesmo ver o progresso dessa cidade,
devemos parar de ficar apenas apagando focos de incêndios que pipocam aqui e
ali e envidarmos mais esforços para programar projetos de médio e longo prazo,
transformando as causas que agravam a nossa crise econômica e pontos de partida
para outras soluções. Uma crise não é o fim de tudo, é o fim de um ciclo e o
começo de outro.
Eis uma análise de nossa realidade. Eis algumas
soluções que temos pensado para resolver a nossa crise de natureza
econômico-social e de desenvolvimento e progresso.
As soluções que indico podem
não ser as soluções mais viáveis, podem nem servir como solução, mas ofereço-as
a esta cidade que aprendi a amar como minha terra, esses pontos de apoio para
se desencadear um efeito dominó de novas ideias e projetos que façam-na
retornar ao mapa do crescimento e do desenvolvimento, em concomitância com a
boa situação econômica de Mato Grosso e do Brasil.
Poxoréu, 26 de outubro de
2014. Prof. Izaias Resplandes de Sousa, filho adotivo de Poxoréu. Advogado,
professor de Matemática, Especialista em Estatística, Gerente de Cidades,
Pedagogo e escritor mato-grossense com atuação em Poxoréu, MT e região.
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
Poxoréu, do diamante às pedras no caminho
(Revista MTAqui edição outubro)
Disponível em: http://www.mtaquionline.com.br/artigos/2013/10/22/revista-mtaqui-edi%C3%A7%C3%A3o-outubro-poxor%C3%A9u-do-diamante-%C3%A0s-pedras-no-caminho. Acesso em 25 out 2014.

EDUARDO GOMES - Uma cidade em descompasso na região mais desenvolvida de Mato Grosso
Fotos: FELIPE BARROS
Poxoréu tinha tudo pra dar certo, mas não foi bem assim. Parte do centro ainda resiste e mantém ares de normalidade, com razoável movimentação. Porém, no conjunto, a cidade agoniza.
Desde 1960, quando tinha 16.687 habitantes, a população nunca foi tão reduzida quanto agora: 16.919 residentes. Há alguns anos o índice de crescimento populacional é negativo. Somem-se a isso preocupantes indicadores sociais e o desmembramento político de Primavera do Leste. O município perdeu a vitalidade econômica desde que o garimpo entrou para a história. Resta a força da pecuária com suas 298 mil cabeças bovinas, que gera poucos empregos da porteira pra dentro.

LEGENDA: Placa identifica uma Poxoréu que não mais existe
A realidade mostra que o momento é de tirar as pedras do caminho pra encontrar o diamante sem jaça e, assim, bamburrar. A outrora Capital dos Diamantes não aguenta mais ficar blefada.

LEGENDA: Com a economia em descompasso muitas portas baixaram e até a Zona Eleitoral foi removida do município
Agências bancárias baixaram as portas, a 5ª Zona Eleitoral foi removida para Nova Mutum e figuras ilustres pegaram a estrada, se mandaram para outros lugares, de onde arrotam suspeita paixão pela terra que um dia também foi deles. O êxodo esvaziou o lugar, mas a Santa Sé permanece firme, com sua Matriz São João Batista e outras igrejas, e seu foco continua nos índios xavantes e bororos, sem perder de vista a população urbana e rural, que em boa parte se converteu às denominações evangélicas, que abriram templos por todos os cantos.

A vida segue ao ritmo do tique-taque, avançando, mas diferente dos anos 1940, 50 e 60, época em que a elite econômica e os novos ricos do garimpo usavam o avião como meio de transporte.
Uma das rotas Cuiabá-Belo Horizonte, operadas pela extinta companhia Real Aerovias, fazia escalas na cidade com seus bimotores DC-3. O município vivia um período de opulência no ciclo do diamante.
Nas décadas de 1960 e 70, quando a agência do Banco do Brasil não dispunha de numerário para grandes saques – então comuns –, o gerente recorria a um velho conhecido de todos, Prisco Menezes, o ex-garimpeiro que se tornou milionário emprestando dinheiro a juros. Àquele tempo o médico e ex-prefeito Antônio dos Santos Muniz, o Doutor Muniz, dizia que a cidade era um verdadeiro ímã, que segurava todos que chegassem. O Doutor Muniz era exceção quanto ao poder de sedução de Poxoréu: um dia ele trocou a Boa Terra da Bahia por aquele lugar, de onde saiu às pressas para Rondonópolis deixando pra trás inclusive o mandato na prefeitura, após ser derrubado do cargo num verdadeiro golpe de Estado em dimensão municipal.

Por volta de 1980, com os primeiros sintomas da exaustão do diamante, levas de garimpeiros migraram para Juína. No auge do garimpo – estimava João de Barro, antigo morador do distrito de Alto Coité –, 6 mil aventureiros arriscavam a sorte em Poxoréu.
Garimpo não era a única aventura. Para o paulista Jubal Martins da Siqueira, ex-vereador e ex-pecuarista já falecido, em nenhum lugar do mundo se joga tanto quanto em Poxoréu. O jogo a que Jubal se referia é o baralho, mesmo. São muitos os tunguetes e casas onde as cartas correm soltas madrugadas adentro. Jubal era falante sem perder a verdade nem abrir mão da seriedade.

Em 1969 Jubal construiu na fazenda Lidianópolis, de sua propriedade, a primeira piscina da zona rural de Poxoréu.
Antes da piscina de Jubal, em 1966, chegou ao distrito de Paraíso do Leste o mineiro, descendente de italianos, José Nalon, acompanhado por familiares, e iniciou ali, naquele ano, o plantio da primeira grande lavoura de fumo para a indústria tabagista de que se tem registro em Mato Grosso. O pioneirismo dos Nalon não parou por aí. Trinta anos depois, Manoel Nalon, filho do fumeiro, liderou um movimento que resultou na tentativa da cultura do maracujá em escala no município.
LEGENDA: Com o fim do garimpo as mulheres partiram e a Rua Bahia perdeu o quê da boemia - é cenário de varal com roupas comuns

A colonização do lugar começou em 1924 com o garimpo. Quatorze anos depois Poxoréu era cidade, não sem antes ser destruída por um incêndio que devorou seus primeiros casebres. No ano seguinte à emancipação, o coronel Luizinho – que na bia batismal recebeu o nome de Luiz Coelho de Campos – foi empossado intendente, que era a denominação do prefeito à época.
Rica em diamante, Poxoréu ganhou representatividade política. O ex-senador Louremberg Nunes Rocha, que nasceu naquele lugar, conta que na eleição para presidente da República em 1950 todos os candidatos foram à sua cidade.
A representatividade política numa visão doméstica em Poxoréu é atípica. Filho do ex-prefeito Joaquim Nunes Rocha, Lindberg Nunes Rocha administrou o município em vários mandatos; a prefeita Jane Maria Sanches Lopes é sua mulher e Louremberg, seu irmão. Antes da figura da reeleição, Lindberg cismou em permanecer na prefeitura após seu mandato. Para tanto lançou seu primo Lucas Ribeiro Vilela à sua sucessão. Com a força do clã Rocha, Lucas ganhou de barbada. Juntos os dois primos protagonizaram um episódio talvez inédito na política nacional. Eleito, o parente deixou as chaves da prefeitura e junto com elas uma procuração com plenos poderes ao antecessor. Essa situação perdurou ao longo do mandato.

“O problema do diamante é que ele não dá duas safras”, resume o ex-garimpeiro e agora parceleiro do Incra João Gualberto Guimarães, o João Gogó. A opinião de João Gogó reflete parte do problema, que é maior porque a incompetência dos prefeitos nunca deu passagem à alternativa econômica. Tanto assim que uma infeliz poligamia do município com o Estado e o governo federal resultou na criação de dois projetos Casulo periféricos à cidade, onde foram assentados ex-garimpeiros. Todos os que bebem água, à exceção de alguns em Poxoréu, sabem que o homem acostumado ao garimpo não se adapta à agricultura familiar. Por isso, os Casulos foram pro beleléu.
O diamante escafedeu-se e o pouco do que resta enfrenta o travamento do Ibama. Sem garimpo, não há onde trabalhar. Dona Maria do Carmo Silva Soares, nascida na cidade e filha de garimpeiro, sabe bem o que é desemprego. Ela tem três filhos e um pegou as malas e se mandou para Primavera do Leste, onde mão de obra ociosa é igual fantasma – pode até existir, mas ninguém vê.
Dona Maria do Carmo é diarista, mas não encontra serviço todos os dias, para garantir o sustento de sua casa, já que se separou do marido. Ela conhece tão bem a Poxoréu de agora quanto a de antes, nos idos do Diamante Clube superlotado com os grandes bailes abrilhantados pelas principais orquestras brasileiras.
Nenhuma zona boêmia ganhou tanta fama em Mato Grosso quanto a Rua Bahia, no centro de Poxoréu. No começo dos anos 1970, quando o garimpo estava no auge, mais de 20 boates mantinham acesas suas luzes vermelhas, com suas vitrolas no volume máximo ou ao som do maestro Marinho Franco. Em frenesi, as mulheres dispostas a tudo, com suas roupas provocantes e carregadas com maquiagem que realçava a beleza e escondia a feiura.
O coração de Poxoréu batia mais forte na Rua Bahia, onde garimpeiros endinheirados lavavam o chão dos cabarés com cerveja Brahma gelada e pagavam o doce sabor do sexo com a moeda mais forte e conhecida por todos: o diamante.
À noite a Rua Bahia fervilhava; na madrugada, mais ainda. Onde se garimpa diamante a criminalidade é zero ou quase isso, ao contrário das praças das fofocas do ouro. Com sua riqueza, seu sexo, sua farra e seu jogo, Poxoréu foi paraíso.
Quando o último boêmio saía do cabaré e as portas e janelas se fechavam no salão silencioso e impregnado pelo azedume da cerveja e do conhaque derramados, Poxoréu voltava ao garimpo, para mais tarde, tão logo o sol se pusesse, voltar a viver gostosa noite de orgia.
As mulheres da Rua Bahia conviviam bem com a população e embarcavam para Cuiabá ou Rondonópolis nos ônibus da empresa Baleia junto com os demais passageiros. Normalmente saíam em pequenos grupos para as compras na Loja Para Todos, do Bartolomeu Coutinho, o Bartô, em outros pontos do comércio ou em busca de uma agulhada de Benzetacil na farmácia de seo Amarílio de Britto, pra curar incômoda gonorreia. Algumas, mais atiradas, entravam na Matriz para preces a Jesus, o Senhor que perdoou Madalena. Os rufiões também se misturavam ao povo, onde se abrigavam os coronéis das quengas e os gigolôs. O Cine Roma elas conheciam somente pelo lado de fora, porque a exibição dos filmes coincidia com o horário do trabalho da profissão mais antiga do mundo.
Sem o diamante, a Rua Bahia morreu. Seus cabarés viraram ruínas e as pedras de seu calçamento não escutam mais os ais do prazer, ouvem apenas o cortante silêncio sepulcral de uma triste cidade sem garimpo, sem zona boêmia, sem rumo.
Mesmo que a cidade retome sua movimentação, dificilmente a Rua Bahia ressuscitará. O sexo perdeu o quê de boemia, ganhou espaço entre a juventude com sua parafernália nas redes sociais. O casamento já não é mais o mesmo. A vida mudou. Falta agora a mudança de Poxoréu, ou melhor, seu reencontro com a vitalidade econômica para que seu povo tenha melhor qualidade de vida e sua força de trabalho encontre o que fazer perto de casa.
Em 1949, usurpando o papel do governo no melhor sentido da palavra, o garimpeiro mineiro e residente em Poxoréu Jacinto Silva rasgou a machado a rodovia Deputado Osvaldo Cândido Pereira (MT-130). Nos anos 1980 ela foi pavimentada pelo governador Júlio Campos. Agora vai ganhar intensa movimentação com o transporte de commodities agrícolas para o terminal da ferrovia em Rondonópolis.
Poxoréu não tem política para incentivar investidores da agroindústria, de modo a descentralizar a concentração das fábricas que constroem plantas nas boas cidades que a circundam. Pela MT-130 a cidade tem escoamento garantido. Falta produzir antes que a juventude parta em busca do amanhã que a bruma administrativa não deixa clarear sobre a antiga Capital dos Diamantes.
SERVIÇO:

A pista do aeroporto não é pavimentada.
A cidade fica à margem do rio Poxoréu, nome que para os bororos quer dizer água escura.
O Produto Interno Bruto (PIB) do município é de R$ 277.225.000.
A renda per capita de Poxoréu é de R$ 15.749,64 e a mato-grossense, de R$ 19.644,09.
O Índice de Desenvolvimento Humano é de 0,678 numa escala de zero a um; o IDH médio dos municípios de Mato Grosso é de 0,731.
.................................................
INFOGRÁFICO: ÉDSON XAVIER
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