A IGREJA EM CONSTRUÇÃO
I
Deus está no homem, mas o homem
pouco está com Deus:
Neste mundo, quase tudo chama
atenção
Desde os prazeres estéreis de
efêmera duração
Aos vícios continuados que o
escraviza e o domina
Inobstante ao bem que um ou outro
perpetua
É muito improvável ver Deus no
canto da rua
Para a verdadeira aliança que na
vitória se anima
II
Mas uma coisa é ver Deus, por opção
Outra, Deus mostrado pela igreja
Sem alardes messiânicos e sem
sobeja
E justificar o papel do templo
representativo
Porque igreja não é só casa de
oração
Assim – é um templo em construção
Com fiéis desiludidos e pouco
criativos.
III
O homem precisa-se reinventar para
igreja reconstruir
A igreja de portas abertas, noite e
dia – toda hora
Acalentando o homem atordoado e a
criança que chora
Como a mãe que alimenta a prole,
sempre por perto
E o homem que acredita saber tudo
nesta vida
Não passará de leve bruma na
dispersa avenida
Como uma lânguida miragem no
deserto.
IV
Não é só a igreja, o templo de adoração
Que faz do homem reto e bom cristão
Nem a igreja nua de eclesiásticos
mudos
Aquela que prega o capital em
liturgias disfarçadas
Presas ao egoísmo e a ouvidos
surdos.
V
Mas Deus mandou seu emissário
Um a um após o Cristo do Calvário
E falou de uma igreja nova,
diferente
Para o homem renovado, livre e
crente
Difundindo o sal da terra à nação
Uma igreja em construção.....
VI
Cada líder espiritual, cada
conselho episcopal
Cada padre, monge, pastor ou líder
papal
Cada um na doutrina, à sua maneira
Pregou o evangelho e tremulou
bandeiras
Levando a todos a boa nova de
Cristo.
Porém, nenhum em toda história
Suscitou a bonança de nova aurora
Como a mensagem do papa Francisco.
VII
E agigantou a igreja prostrada no
dogma artificial
Na agonia dolorosa dos tempos e sem
remédio
Se debatendo entre as religiões o
seu frágil credo
Misturando-se ao pó evoluído das
vaidades mundanas.
Que o Cristo está em qualquer
religião
Seja ela católica, protestante ou
muçulmana.
VIII
Ele pregou a igreja que ainda não
está pronta
Mas de todas, é a que menos afronta
O verdadeiro ideal do cristianismo
A igreja das ruas, campos,
construção
Mais comedida e de menor corrupção
Para um fiel convicto e sem fanatismo.
IX
Este homem não é Deus, mas o tem em
si
E o define na mensagem de sua
existência
A nutrir-se do necessário sem
exigência
Para ostentar a fama e o cetro em
milhões
Porque é na simplicidade e na
unidade de papéis
Que se deve edificar a igreja e
seus fiéis
Num regozijo à felicidade das
multidões.
X
Foi ele, ungido e convicto da fé
verdadeira
Que desenhou no cenário católico à
completude
Que se rende ao velho e orienta a
juventude
Num sermão aberto à construtividade.
Assim, sem esmero, remodelou um
cristão renovado
Que não precisa mais esconder atrás
do livro sagrado
Para camuflar um coração repleto de
vaidades.
Porque o bem não se mede em
palavras bonitas
Adornado na aparência com enfeites
de fitas
E uma rotina litúrgica de ir às
missas.
Mas pode ser percebido na ação
permanente
A serviço do homem frágil, o irmão
carente
Sem o estatuto de qualquer outra
premissa.
XII
Vede, irmãos do meu tempo e da
minha geração
O que pode fazer a palavra nos dias
meus!....
O que pode fazer um homem com
Deus!...
Na simbiose da criatura em recriação.
E de como é preciso acordar e se
dar conta
Que a igreja caminha sem estar
pronta
E que é apenas uma igreja em
construção.
XIII
A igreja na unidade e na
diversidade sobrevive
Mas ela sozinha é o templo nu, o
prédio
Que não se personifica sem o
assédio
Afinal, da forma que estava prostrada
Era como reunião sem rumo,
desorganizada
Que todos falam, mas ninguém
escuta.
XIV
E foi preciso este homem divinizado
na fé
De doutrina inspirada no ideal
franciscano
Deixar os limites do território
Vaticano
Para no Brasil, revigorar o seu
templo.
Isso mostra, ao cristão, inobstante
Aqueles que no ideário seguem
avante
A força e a importância do exemplo.
XV
A igreja de Pedro edificada na
rocha
Se conhece pelo esmero das
pastorais
Não tão somente pela liturgia dos
missais
Em dias de missa no criado mudo
É como conhecer a cidade feia ou
bonita
Pelos cuidados do morador que nela
habita
Sem ensejar ciência ou estudo.
XVI
Mas ainda assim, tal qual ao
operário em marcha
Também é a igreja dos fiéis e de
Francisco,
Porque, este sim, merece um
obelisco
Por fazer da simplicidade, uma
revolução.
E pode ensinar ao povo brasileiro
A se portar como um lord, cavalheiro
Numa igreja em construção.
XVIII
E ensinou que a igreja precisa da
política social
Que onde os corações cedem a cobiça
Sem termo, critério e justiça
Configura opressão dos fracos e
excluídos.
E que só bom cristão puro e
renovado
Pode bradar a voz e levantar o
cajado
Indicando o novo rumo a ser seguido
XIX
Como bons discípulos de um templo
Eu, nós, a imensa nação do Brasil
Bem de perto seu exemplo sentiu
É uma nova corrente em vigília e
oração
Despiu-se da vaidade, a heresia do
evangelho
Para fazer uma igreja em construção
XX
E agora, enfim, mire-se no exemplo
de Francisco
Que na mensagem deixada na jornada
da juventude
Revigorou os cristãos em perfeita
saúde
Para cumprirem sua missão mais
importante:
De que nada é mais primordial para
se viver
Do que praticar bem e cuidar de
você
Além de amar o seu próprio
semelhante.
XXI
E esta poderia ser a mensagem do
papa Francisco
Ordenado pelas graças de Cristo
Numa corrente em oração
Para falar de uma igreja no caminho
Que merece no seu coração um
cantinho
Um igreja em construção!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário