sábado, 26 de março de 2011

UMA LANTERNA CHAMADA UPEninos


Lindiomar Martins (Doma)

Já dizia o poeta Antônio Cícero em seu poema Guardar “Guardar uma coisa não é escondê-las. Em cofre não se guarda coisa alguma. Em cofre perde-se a coisa à vista. Guardar uma coisa é olhá-la, isto é iluminá-la ou ser por ela iluminada”.

Pensando nisso, lembrei por ocasião de mais um aniversário da UPE, das tantas vezes que esta entidade tem guardado um pouco da cultura de nossa cidade, das histórias de nossa gente, em seus vários relatos documentados e é claro em seus programas matinais aos sábados (não sei se continua neste horário).

Sinto-me honrado quando falo aos outros desta terra, e das coisas maravilhosas que nasceram e nascem dos esforços e do objetivo comum deste povo forte. Dentre elas, nomeio a UESP (não posso me esquecer), Perspectiva 21 e da União Poxoreense de Escritores, falo com orgulho aos que conheço, que esta academia é uma das poucas que existe em Mato Grosso, e ela tem dado tantas contribuições à literatura e a história de nosso estado com vários livros.

Por isso, quando penso em minha gente, entendo como é que uma terra formada em sua maioria, pelo elemento nordestino, rústico por natureza, mas desprovido de força bruta, é incansável na sua essência transformadora para moldar antigos objetos em “desobjetos valiosos”. Eles ainda conseguem sensibilizar-se muito mais com as causas coletivas, que propriamente com as causas individuais.

Compreendo com mais clareza a criatividade deste povo, que com as poucas reservas conseguem nutri a esperança humana e assim, vão constituindo os dias que se seguem ao sabor do sol. O mesmo sol que iluminam nossos escritores, não iluminam a todos com a mesma intensidade, é isso uma fatalidade a ser corrigida com muita escolarização, e uma melhor distribuição do lazer cultural pelos poderes constituídos. Sugerimos uma campanha pela reativação da Biblioteca Municipal e da Casa da Cultura, elementos importantes de auxílio à formação de novos talentos, iluminados pelo saber clássico do sol das letras. Que são as lanternas que melhoram a nossa caminhada rumo ao progresso, dentro deste mundo digitalmente globalizado pelas economias mais fortes e pelas culturas mais avançadas.

Não sinto inveja quando falam de alguns dos nossos municípios vizinhos, a maioria deles tem pouca coisa a nos oferecer em matéria de cultura clássica, não quero dizer com isso, que, somos a pequena Grécia Mato-Grossense, mas temos muito mais, em face do menor poder aquisitivo que usufruímos em relação aos nossos vizinhos mais próximos. Carecemos de investimentos em áreas que possam dar soluções as tantas mazelas deixadas por falta de políticas públicas mais agressivas, com diagnósticos prévios e estudos de impactos por áreas ou setores da economia que move o município. Digo isso, pois, o saber é sinônimo de cultura, e precisamos de mais UPEs constituídas e ainda muito mais upeninos atuando nas várias frentes que compõe o leque desse saber cultural, que transforma a nossa gente humilde em livres pensadores.

Enfim, na condição de letrado não poderia deixar jamais de registrar esta singela homenagem aos meus conterrâneos, com os quais, presenciei iniciativas que elevam ainda mais alto o orgulho de pertencer a esta municipalidade. Senhoras e senhores da plêiade Poxoreana, desejo a todos muitos aniversários e muitas realizações no caminho árduo de educar a leitura para ampliar a cultura do saber de modo geral. Por isso, ser escritor é ter desejo de construir nos outros algo melhor, “é ensinar a ver”, é libertar cotidianamente da prisão a ignorância que mora adormecida em cada um de nós.

Parabéns a todos vocês que foram tragados pela sensibilidade e escolhidos pelo conhecimento para transmitir seu legado poético, levando adiante consigo esta nobre missão de guardar a história de nosso povo.

Recebam a minha singela homenagem em versos a todos vocês.


Olhos de contemplação
Um anjo…Dorme ao meio dia
Abraçada pelo sofá macio
No aconchego da sala
Dorme o anjo, calmamente…
O mundo desmancha-se
Em sonhos, respira a vida,
A vida que há no ar
É o alimento de sua alma.
Um outro mundo, diferente…
Contempla o seu mundo angelical
A passos miúdos e muito lentos
Vai-se desfazendo os minutos
Na raiz dos seus pensamentos
Cujo a cabeleira loira meus
Olhos percorrem curiosos
Invejando os sofás
Que envolve anjos
E todo o seu mundo,
Todo seu sono meio-di-anjo.

Lindiomar Martins (DOMA) - É professor e Especialista Em Gestão do Trabalho Pedagógico em Sorriso - MT
E-mail:
prof.letra_mar@yahoo.com.br

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