Dedicada ao Poeta Izaias Resplandes.
Rondonópolis
– MT, 13 de agosto de 2014.
Amigo poeta,
Vendo-me diante dos seus
questionamentos, que por vezes tão são os meus, vi-me instigado a escrever uma
carta, mesmo que eletrônica, na tentativa de expor meus pensamentos sobre esse
assunto tão caro a nós: o limite entre sonho e realidade!
Gostei da referência ao “Mundo
de Sofia”, de fato, é um livro impressionante! Penso que temos naquelas páginas
um roteiro de pensamento que todo estudante, ou melhor, todo ser humano deveria
ler, ou pelo menos ouvir alguém lendo.
Quanto às nossas questões
sobre sonho e realidade, vejo que é um problema quase que sem fim. Vários foram
os filósofos a irem por esse caminho, talvez o mais famoso deles fora Descartes
que, diante de sua lareira, queimava-se para, ao ter a experiência da dor, ver
se existia mesmo. Não vejo eficácia nisso, pois nos sonhos podemos também
sentir dor. Viver a realidade no sonho ou viver o sonho na realidade? Isso é
mais do que uma simples troca na posição das palavras, amigo poeta.
Pensar que isso tudo é
realidade, na sua maneira mais empiricamente testável, nos mataria de
sofrimento e angústia, pensar que isso tudo é sonho, nos mataria de desgosto e
desânimo. Talvez devêssemos pensar que se trata de um equilíbrio: realidade
quando isso for o ideal e o sonho nos momentos em que isso for melhor. Porque
se for realidade, não teremos controle sobre nada, mas também se for sonho, o
controle não existirá da mesma forma. Que difícil isso, amigo poeta.
Mas nem tudo está perdido!
Existe a poesia, amigo poeta, que nos faz sempre viver nesse equilíbrio! Quando
estamos com e na poesia somos esses seres que transitam entre os dois mundos:
sem culpas, sem medos, sem falsidades, sem prisões... Na poesia somos plenos,
com a poesia somos nós! Que coisa linda, amigo poeta, pensar assim! Ainda bem
que temos a poesia!
No mais, querido amigo,
resta-nos caminhar com essa angústia e sofrimento que Freud dizia “ser inerente
ao homem”, à nossa condição! Limite entre e sonho e realidade, perpassado pela
liberdade e angústia, eis o nosso desafio!
Fraternalmente,
Wallace Rodolfo, seu amigo
poeta!
Então,como diria João de Sousa, nosso cabecinha branca, viva a poesia! Abraços.
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